O que o meu primeiro bull market da bolsa ensina sobre a alta das ações hoje
Nada me impactou tanto como a alta do mercado de ações entre 1968 e 1971. Bolsas de Valores seguem regras próprias, e é preciso entendê-las bem para se tirar proveito
Antes de mais nada, para aqueles poucos que ainda não sabem, bull market é o mercado de alta, dos touros. Se contrapõe ao bear market, de baixa, dos ursos.
Por via de consequência, touros são os traders que apostam na alta. Ursos, na baixa.
Ao longo de 67 anos trabalhando como broker, trader, escritor e cronista tendo como pano de fundo o mercado financeiro, testemunhei incontáveis bull e bear markets.
Mas nada me impactou tanto como a alta do mercado de ações ocorrida na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro entre 1968 e 1971. Não só a mim, como a todos que investiram em renda variável naquela época.
De Jango ao plano que deu origem ao bull market
Durante o governo João (Jango) Goulart – 1961/1964 –, o mercado de ações tinha tudo para ter despencado. Porque Jango e seu cunhado, Leonel Brizola, pretendiam transformar o país em uma república socialista.
Só que esse derretimento dos preços das ações não aconteceu.
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Por uma razão muito simples:
Como, nessa ocasião, as empresas tiveram que reavaliar seus ativos, até então lançados a preços históricos nos balanços, isso fez com que seus papéis dessem bonificações gigantescas.
Uma companhia negociada em bolsa a 100 cruzeiros, por exemplo, deu uma bonificação de 10 por 1.
O normal seria que o preço caísse para 1 cruzeiro. Só que aí ficava psicologicamente muito barato. E subir de 1 para 2 cruzeiros é muito mais fácil do que subir de 100 para 200, independentemente de qualquer fundamento. Quanto a cair, nem pensar – imaginem uma ação valendo míseros centavos.
Quando, em 1964, João Goulart foi deposto pelos militares, o mercado de ações ficou eufórico. Só que essa euforia brochou quando os ministros Otávio Gouveia de Bulhões, da Fazenda, e Roberto Campos, do Planejamento, lançaram uma política econômica extremamente contracionista.
O dinheiro sumiu, os juros foram aos céus e diversas empresas quebraram.
Nesse cenário, a bolsa não tinha outra opção a não ser cair. Caiu tanto que uma ação do Banco do Brasil chegou a ser negociada com P/L (quociente preço/lucro) 1, significando que o papel estava precificado pelo valor de seu lucro anual.
Só que a política Campos/Bulhões foi extremamente bem-sucedida. Tanto é assim que a inflação anual brasileira caiu de 92% (1964) para 19,46% em 1968, dando início, na Bolsa, ao tremendo bull market que dá título a esta crônica.
Pregão da bolsa pela TV
Por imensa sorte de minha parte, desde 1967 eu era operador de pregão na Bolsa do Rio. E peguei aquela alta logo no início. Fui um dos que adquiriram ações do Banco do Brasil com P/L 1.
Para não ficar dando exemplos demais, cito apenas mais um: comprei ações ordinárias da Petrobras a 60 centavos e vendi, no cume da alta, a 12 cruzeiros.
Uma imensa coqueluche tomou conta dos brasileiros, boa parte deles calouros no mercado de ações.
Naqueles tempos de bonança, o pregão da Bolsa era transmitido pela TV, pessoas andavam pela rua escutando as cotações em radinhos de pilha.
“Ficar rico com ações tornou-se facílimo.” Pelo menos é assim que muita gente pensava.
Só que toda vez que o mercado de ações sobe demais começam a surgir os IPOs (Initial Public Offering – Oferta Inicial de Ações) em profusão. Até que chega o momento em que o valor dos papéis novos que entram no mercado, somado ao dos que lá estão, supera a quantidade de dinheiro que flui para a bolsa.
Pois foi isso que determinou a queda da bolsa.
A queda antes do fim do ‘milagre’
Não dá para se determinar o dia exato em que o mercado deu uma guinada de 180º, e o urso assumiu o lugar do touro.
O que se pode precisar, com certeza, é que o bear market que se sucedeu durou quase uma década.
Vale assinalar que, embora a Bolsa tenha começado a cair em 1971, o milagre econômico brasileiro durou até o final de 1973, com o advento do Primeiro Choque do Petróleo.
Bolsas de Valores seguem regras próprias. E é preciso entendê-las bem para se tirar proveito.
No momento atual, os fundamentos poderiam determinar a continuação do bear market na B3.
Afinal de contas, o governo Lula não se mostra nem um pouco inclinado a promover um ajuste fiscal sério. Por sua vez, o Banco Central, através do Copom (Comitê de Política Monetária), tem a taxa Selic na faixa dos 13%, contra uma inflação anual de 5,06%.
De outro lado, o mercado americano de ações vem despencando nos últimos dias, graças (ou desgraças) às incertezas das decisões, e indecisões, do governo Donald Trump, que as proclama dia sim, dia também.
Analisando os números por alto, parece difícil encontrar um investimento que supere o da renda fixa.
Acontece que na última quinta-feira, dia 13, o Ibovespa subiu 0,52% e, no dia seguinte, valorizou-se mais 1,28%.
Em minha opinião, o mercado está fazendo a seguinte conta: os preços das ações estão tão baixos que os dividendos dos papéis representam, em relação às suas cotações, uma rentabilidade maior do que a dos títulos de renda fixa.
Essa conta muita gente ainda não fez, mas haverá o momento em que ela se tornará óbvia, tal como aconteceu em 1968.
Um forte abraço,
Ivan Sant'Anna
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