“As ações da nossa carteira têm capacidade para até triplicar de valor”, diz gestor de fundo que rende mais que o dobro do Ibovespa desde 2008
Cenário de juros em alta, risco fiscal e incerteza geopolítica parece pouco convidativo, mas representa oportunidade para o investidor paciente, diz Pedro Rudge, da Leblon Equities
Perguntar a Pedro Rudge, sócio-fundador da Leblon Equities, se está na hora de investir na bolsa é praticamente chover no molhado. Afinal, ele está longe de ser um novato no mercado: basta lembrar que a gestora carioca especializada em ações começou a operar no fatídico mês de setembro de 2008, bem no epicentro da crise financeira global.
Se o momento atual nem de longe parece tão catastrófico como o daquela época, o cenário de juros em alta, risco fiscal e incerteza geopolítica tampouco parece convidativo para assumir riscos.
Contudo, por mais contraditório que pareça, esse é justamente o argumento que o gestor usa ao ser questionado se vale a pena entrar na bolsa agora.
“Quando todos acreditam que investir na bolsa é ruim, é sinal de que os preços estão muito deprimidos”, disse Rudge, em uma conversa por vídeo.
- VEJA MAIS: Onde investir em março? Analistas recomendam as melhores ações, fundos imobiliários, BDRs e criptomoedas para este mês
Leblon: ações da carteira podem até triplicar de valor
É claro que existem motivos para os preços estarem onde estão. A Selic mais alta, por exemplo, deve ajudar a esfriar a economia, o que tende a se refletir nos resultados das empresas na B3.
Por outro lado, Rudge avalia que o investidor com perfil de longo prazo — e com paciência — pode encontrar grandes oportunidades no mercado.
Leia Também
“Nos preços atuais das ações, o mercado sinaliza que as empresas vão perder dinheiro e ficar sem crescer. Mas na nossa visão não é isso que está acontecendo quando se olha o operacional das companhias.”
O próprio histórico da Leblon mostra que alguns dos melhores períodos para os fundos da casa ocorreram entre 12 e 24 meses depois de um ciclo de alta da Selic, de acordo com Rudge.
Em quase 17 anos de história, o principal fundo da Leblon acumula retorno de 402,3%. Ou seja, mais que o dobro do Ibovespa, que registrou alta de 147,9%. O fundo também supera a dura concorrência do CDI, referência para os investimentos em renda fixa, que foi de 345,3% no mesmo período.
É claro que retornos passados não são garantia de retornos futuros. Mas qual seria o potencial de valorização no cenário atual?
“As ações da nossa carteira têm capacidade de duplicar ou até triplicar de valor nos próximos dois a três anos”, respondeu o sócio da Leblon, que tem aproximadamente R$ 1 bilhão sob gestão.
Chips com streaming
Apesar da influência do cenário no momento atual da bolsa, na hora de selecionar as ações para compor a carteira a Leblon avalia principalmente o cenário de cada companhia. “Não investimos procurando as empresas defensivas em momentos de alta da Selic ou nas que ganham com a queda das taxas.”
Nesse sentido, os ativos que compõem os fundos hoje podem ser divididos em três grupos: o das empresas mais “tradicionais” de mercado na B3, o de papéis de menor capitalização (small caps) e ações estrangeiras.
Começando pela parcela da carteira que investe em ações de fora do país, onde a Leblon começou a investir em 2020, a principal aposta hoje é em uma fabricante de chips, de olho na demanda com o avanço das aplicações de inteligência artificial.
Mas a escolha da gestora para surfar essa onda não foi a onipresente Nvidia, mas a menos badalada TSMC. Ao investir na empresa de Taiwan que possui ações negociadas em Nova York, a ideia foi justamente fugir do hype da concorrente mais famosa.
“Tentamos achar uma companhia que pudesse se beneficiar da IA sem pagar um prêmio tão alto”, disse o gestor da Leblon, que tem os papéis da TSMC na carteira há três anos.
Outra tendência com a qual o fundo espera lucrar é com a adesão ao streaming. Nesse caso, a gestora não inventou muito e partiu logo para a líder do segmento: a Netflix.
“A empresa é mais eficiente que as concorrentes nos lançamentos e ainda tem avenidas a explorar, como é o caso dos games”, afirmou Rudge.
Pequena notável
Mas a maior posição dos fundos da Leblon é de uma empresa bem mais próxima e listada aqui na B3, porém bem menos “pop”: a Priner (PRNR3).
A empresa de engenharia de manutenção é uma das poucas a apresentar desempenho positivo na bolsa entre aquelas que abriram o capital na última safra — entre 2020 e 2021.
O gestor acompanhou de perto a história da companhia, na qual investe desde antes da oferta inicial de ações. Na época, a Priner ainda era uma unidade da Mills (MILS3) — outra ação na carteira da Leblon.
“Quando a Priner fez o IPO ela prestava quatro tipos de serviços. Com os recursos da oferta ela foi adquirindo empresas menores e hoje ela atua com mais de 20”, diz Rudge. A Priner vale hoje pouco mais de R$ 750 milhões na B3.
Leblon vê investidor "pago para esperar" com B3 (B3SA3)
Por falar em B3 (B3SA3), a dona da única (por enquanto) bolsa de valores brasileira é a principal posição da Leblon entre as chamadas blue chips, ou seja, as ações de maior capitalização e liquidez do mercado.
Não se trata de uma aposta óbvia. Afinal, a B3 é uma das mais prejudicadas pelo atual cenário de juros altos, que drena recursos e o interesse pelo investimento em bolsa.
O panorama macro é sem dúvida um vento contrário, mas essa é uma visão desatualizada sobre os negócios da dona da bolsa, de acordo com Rudge.
“A B3 vem diversificando os negócios e hoje é muito menos dependente do mercado de ações”, disse. Ele lembrou que a companhia se beneficia também do momento favorável para a renda fixa, já que também atua no registro dessas operações.
Ainda pesa sobre a dona da bolsa hoje a ameaça de concorrência em vários negócios, como a negociação de ações e derivativos.
Tudo isso pode ser ruim, mas os preços das ações hoje já refletem um cenário em que a B3 não será capaz de reagir e o cenário macro negativo permanecerá negativo por muito tempo.
“A competição virá, mas a B3 é uma empresa eficiente e que ainda paga dividendos interessantes. Então, hoje eu sou pago para esperar”, disse o gestor da Leblon, que, diante do histórico do fundo e dos solavancos que enfrentou, já demonstrou ter a virtude da paciência.
Hora de voltar para o Ibovespa? Estas ações estão ‘baratas’ e merecem sua atenção
No Touros e Ursos desta semana, a gestora da Fator Administração de Recursos, Isabel Lemos, apontou o caminho das pedras para quem quer dar uma chance para as empresas brasileiras listadas em bolsa
Vale (VALE3) patrocina alta do Ibovespa junto com expectativa de corte na Selic; dólar cai a R$ 5,3767
Os índices de Wall Street estenderam os ganhos da véspera, com os investidores atentos às declarações de dirigentes do Fed, em busca de pistas sobre a trajetória dos juros
Ibovespa avança e Nasdaq tem o melhor desempenho diário desde maio; saiba o que mexeu com a bolsa hoje
Entre as companhias listadas no Ibovespa, as ações cíclicas puxaram o tom positivo, em meio a forte queda da curva de juros brasileira
Maiores altas e maiores quedas do Ibovespa: mesmo com tombo de mais de 7% na sexta, CVC (CVCB3) teve um dos maiores ganhos da semana
Cogna liderou as maiores altas do índice, enquanto MBRF liderou as maiores quedas; veja o ranking completo e o balanço da bolsa na semana
JBS (JBSS3), Carrefour (CRFB3), dona do BK (ZAMP3): As empresas que já deixaram a bolsa de valores brasileira neste ano, e quais podem seguir o mesmo caminho
Além das compras feitas por empresas fechadas, recompras de ações e idas para o exterior também tiraram papéis da B3 nos últimos anos
A nova empresa de US$ 1 trilhão não tem nada a ver com IA: o segredo é um “Ozempic turbinado”
Com vendas explosivas de Mounjaro e Zepbound, Eli Lilly se torna a primeira empresa de saúde a valer US$ 1 trilhão
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da CVC (CVCB3) caem mais de 7% na B3 — e como um dado dos EUA desencadeou isso
A combinação de dólar forte, dúvida sobre o corte de juros nos EUA e avanço dos juros futuros intensifica a pressão sobre companhia no pregão
Nem retirada das tarifas salva: Ibovespa recua e volta aos 154 mil pontos nesta sexta (21), com temor sobre juros nos EUA
Índice se ajusta à baixa dos índices de ações dos EUA durante o feriado e responde também à queda do petróleo no mercado internacional; entenda o que afeta a bolsa brasileira hoje
O erro de R$ 1,1 bilhão do Grupo Mateus (GMAT3) que custou o dobro para a varejista na bolsa de valores
A correção de mais de R$ 1,1 bilhão nos estoques expôs fragilidades antigas nos controles do Grupo Mateus, derrubou o valor de mercado da companhia e reacendeu dúvidas sobre a qualidade das informações contábeis da varejista
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
Com OPAs e programas de recompras de ações, o número de empresas e papéis disponíveis na B3 diminuiu muito no último ano. Veja o que leva as empresas a saírem da bolsa, quando esse movimento deve acabar e quais os riscos para o investidor
Medo se espalha por Wall Street depois do relatório de emprego dos EUA e nem a “toda-poderosa” Nvidia conseguiu impedir
A criação de postos de trabalho nos EUA veio bem acima do esperado pelo mercado, o que reduz chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro; bolsas saem de alta generalizada para queda em uníssono
Depois do hiato causado pelo shutdown, Payroll de setembro vem acima das expectativas e reduz chances de corte de juros em dezembro
Os Estados Unidos (EUA) criaram 119 mil vagas de emprego em setembro, segundo o relatório de payroll divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento do Trabalho
Sem medo de bolha? Nvidia (NVDC34) avança 5% e puxa Wall Street junto após resultados fortes — mas ainda há o que temer
Em pleno feriado da Consciência Negra, as bolsas lá fora vão de vento em poupa após a divulgação dos resultados da Nvidia no terceiro trimestre de 2025
Com R$ 480 milhões em CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai 24% na semana, apesar do aumento de capital bilionário
A companhia vive dias agitados na bolsa de valores, com reação ao balanço do terceiro trimestre, liquidação do Banco Master e aprovação da homologação do aumento de capital
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
