Incorporadora da MRV (MRVE3) nos EUA vende imóvel por US$ 118,5 milhões — mas queima de caixa da Resia segue no radar
A venda gerou um cap rate (taxa de capitalização, em português) estimado de 5,65%, com um yield on cost (dividendos em relação ao preço médio de aquisição) projetado de 6,2%
Em meio a queima de caixa e um cenário apertado para a incorporação nos Estados Unidos, a Resia — operação norte-americana da MRV (MRVE3) — movimentou o mercado na manhã desta segunda-feira (30) com o anúncio da venda de um imóvel em Miami.
Batizado de Resia Old Cutler, o empreendimento da incorporadora especializada no desenvolvimento e construção de imóveis residenciais multifamiliares conta com 390 unidades distribuídas em 8 edifícios.
- Ibovespa em 155 mil pontos? BTG Pactual vê gatilho que pode “virar o jogo” para a bolsa brasileira até o final do ano; saiba mais
O negócio foi fechado por um valor geral de venda (VGV) de US$ 118,5 milhões (R$ 650,99 milhões, no câmbio atual), equivalente a US$ 304 mil por unidade.
Considerando o custo de US$ 108 milhões, a operação rendeu à incorporadora da MRV nos EUA um lucro bruto de US$ 11 milhões. Por sua vez, a margem bruta da transação chegou a 9,3%.
A venda gerou um cap rate (taxa de capitalização, em português) estimado de 5,65%, com um yield on cost (dividendos em relação ao preço médio de aquisição) projetado de 6,2%.
O cap rate é usado para medir o retorno de um investimento imobiliário por meio da relação entre a receita gerada pelo ativo e o preço de venda. Isso significa que, quanto maior for a quantia recebida pelo vendedor, menor o indicador.
Leia Também
A operação foi fechada em 27 de setembro, com recebimento do pagamento programado para a primeira semana de outubro.
"O mercado de locação multifamily nos Estados Unidos, especialmente no Sul e Sudeste, possui um enorme potencial”, disse o CEO da MRV&CO e copresidente do grupo, Rafael Menin, em nota.
Vale destacar que o mercado de empreendimentos residenciais multifamiliares abrange edifícios ou complexos com várias unidades residenciais individuais pertencentes a investidores institucionais, que compram prédios inteiros para alugar.
Com isso, os aluguéis gerados com os empreendimentos podem ser direcionados diretamente para a empresa dona do imóvel, que é responsável pela gestão, ou para fundos de investimento imobiliários (FIIs) especializados.
Atualmente, a Resia está presente em Dallas e Houston, no Texas, Atlanta, na Geórgia, e em Miami e West Palm Beach, na Flórida. A incorporadora planeja construir 5 mil unidades por ano a partir de 2025.
As ações da MRV iniciaram o dia em leve queda, com recuo de 0,41% por volta das 10h30, cotadas a R$ 7,31. No ano, a desvalorização chega a 35% na B3.
A situação da Resia
Apesar do tom positivo da venda na Flórida anunciada nesta manhã, a queima de caixa continua a fazer pressão sobre a Resia.
No segundo trimestre, a geração de caixa da operação norte-americana foi negativa em R$ 370 milhões, uma piora de quase quatro vezes em relação ao mesmo período de 2023.
A incorporadora da MRV também registrou um prejuízo líquido de R$ 61 milhões entre abril e junho, acima das perdas de R$ 41 milhões reportadas em igual intervalo do ano passado.
Vale relembrar que, quando anunciou projeções para este ano, em março, a MRV afirmou que a Resia tem uma regra de ouro: não queimar caixa em 2024.
“O capital da MRV Brasil não vai para a Resia e a expectativa é gerar caixa neste ano. Essa companhia terá muito valor para capturar quando começar a queda de juros dos EUA”, afirmou Menina na ocasião.
A operação norte-americana é um dos pontos de atenção para a XP. De acordo com a corretora, o lucro líquido da Resia deve continuar fraco, impactado por um cenário ainda incerto para as vendas do portfólio nos EUA.
- Leia também: “Brasil não acertou ao subir juros primeiro, nós erramos e agora tentamos corrigir”, diz dono da MRV (MRVE3)
O que dizem os analistas sobre a incorporadora da MRV (MRVE3) nos EUA
Para o Goldman Sachs, ainda que a margem bruta na venda do Resia Old Cutler seja menor do que a média histórica, de 43%, e reflita um mercado de transações desafiador nos EUA, toca em um dos principais problemas da MRV: o aumento da alavancagem.
No segundo trimestre, a alavancagem da MRV atingiu 125%. Porém, se os recursos levantados com a operação fossem usados para reduzir a dívida, o preço de venda de US$ 119 milhões poderia reduzir a alavancagem para 118%, segundo os analistas.
Vale lembrar que a Resia tem sido um impulsionador-chave para o aumento do endividamento na MRV, respondendo por aproximadamente 40% da alavancagem total da companhia fundada por Rubens Menin.
“Embora o declínio dos pipelines de construção possa beneficiar os fundamentos para imóveis multifamiliares, os mercados de transações continuam apertados com financiamento limitado”, escreveram os analistas.
- Veja mais: analista aponta que a Bolsa brasileira pode ficar fora do rali de natal; entenda o motivo
O Goldman Sachs manteve a recomendação neutra para as ações da MRV (MRVE3), com preço-alvo de R$ 8,50 para os próximos 12 meses, o que implica em uma valorização potencial de 15% em relação ao último fechamento.
A meta de preço fixada pelos analistas considera um desconto de cerca de 30% em relação ao valor patrimonial líquido, reflexo do impacto da crescente alavancagem da empresa, segundo o banco.
Na avaliação do Goldman Sachs, os principais riscos negativos para a MRV são o avanço mais rápido e forte do que o esperado da competição, dadas as baixas barreiras de entrada no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Os analistas ainda destacam uma potencial piora no mercado dos EUA para fusões e aquisições e refinanciamento, o que poderia representar uma necessidade de injeção de capital na Resia.
Além disso, qualquer julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as taxas de remuneração do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) poderia afetar as taxas de juros de hipotecas do MCMV e pressionar a MRV.
No entanto, há potenciais catalisadores que poderiam ajudar a ação da MRV, como uma desalavancagem adicional significativa por meio da Resia e a expansão da margem bruta e geração de caixa melhores do que o esperado para a companhia.
Hasta la vista! Itaú (ITUB4) vende ativos na Colômbia e no Panamá; entenda o plano por trás da decisão
Itaú transfere trilhões em ativos ao Banco de Bogotá e reforça foco em clientes corporativos; confira os detalhes da operação
Virada de jogo para a Cosan (CSAN3)? BTG vê espaço para ação dobrar de valor; entenda os motivos
Depois de um ano complicado, a holding entra em 2026 com portfólio diversificado e estrutura de capital equilibrada. Analistas do BTG Pactual apostam em alta de 93% para CSAN3
Atraso na entrega: empreendedores relatam impacto da greve dos Correios às vésperas do Natal
Comunicação clara com clientes e diversificação de meios de entregas são estratégias usadas pelos negócios
AUAU3: planos da Petz (PETZ3) para depois da fusão com a Cobasi incluem novo ticker; confira os detalhes
Operação será concluída em janeiro, com Paulo Nassar no comando e Sergio Zimerman na presidência do conselho
IPO no horizonte: Aegea protocola pedido para alterar registro na CVM; entenda a mudança
A gigante do saneamento solicitou a migração para a categoria A da CVM, passo que abre caminho para uma possível oferta pública inicial
Nelson Tanure cogita vender participação na Alliança (ALLR3) em meio a processo sancionador da CVM; ações disparam na B3
Empresa de saúde contratou assessor financeiro para estudar reorganização e possíveis mudanças no controle; o que está em discussão?
Pílula emagrecedora vem aí? Investidores esperam que sim e promovem milagre natalino em ações de farmacêutica
Papéis dispararam 9% em Nova York após agência reguladora aprovar a primeira pílula de GLP-1 da Novo Nordisk
AZUL4 dá adeus ao pregão da B3 e aérea passa ter novo ticker a partir de hoje; Azul lança oferta bilionária que troca dívidas por ações
Aérea pede registro de oferta que transforma dívida em capital e altera a negociação dos papéis na bolsa; veja o que muda
Hapvida (HAPV3) prepara ‘dança das cadeiras’ com saída de CEO após 24 anos para tentar reverter tombo de 56% nas ações em 2025
Mudanças estratégicas e plano de sucessão gerencial será implementado ao longo de 2026; veja quem assume o cargo de CEO
Magazine Luiza (MGLU3) vai dar ações de graça? Como ter direito ao “presente de Natal” da varejista
Acionistas com posição até 29 de dezembro terão direito a novas ações da varejista. Entenda como funciona a operação
Tupy (TUPY3) azeda na bolsa após indicação de ministro de Lula gerar ira de conselheiro. Será mais um ano para esquecer?
A indicação do ministro da Defesa para o conselho do grupo não foi bem recebida por membros do colegiado; entenda
Santander (SANB11), Raia Drogasil (RADL3), Iguatemi (IGTI11) e outras gigantes distribuem mais de R$ 2,3 bilhões em JCP e dividendos
Santander, Raia Drogasil, JHSF, JSL, Iguatemi e Multiplan somam cerca de R$ 2,3 bilhões em proventos, com pagamentos previstos para 2025 e 2026
Eztec (EZTC3) renova gestão e anuncia projeto milionário em São Paulo
Silvio Ernesto Zarzur assume nova função na diretoria enquanto a companhia lança projeto de R$ 102 milhões no bairro da Mooca
Dois bancos para lucrar em 2026: BTG Pactual revela dupla de ações que pode saltar 30% nos próximos meses
Para os analistas, o segmento de pequenos e médios bancos concentra oportunidades interessantes, mas também armadilhas de valor; veja as recomendações
Quase 170% em 2025: Ação de banco “fora do radar” quase triplica na bolsa e BTG vê espaço para mais
Alta das ações em 2025 não encerrou a tese: analistas revelam por que ainda vale a pena comprar PINE4 na bolsa
Tchau, B3! Neogrid (NGRD3) pode sair da bolsa com OPA do Grupo Hindiana
Holding protocolou oferta pública de aquisição na CVM para assumir controle da Neogrid e cancelar seu registro de companhia aberta
A reorganização societária da Suzano (SUZB3) que vai redesenhar o capital e estabelecer novas regras de governança
Companhia aposta em alinhamento de grupos familiares e voto em bloco para consolidar estratégia de longo prazo
Gafisa, Banco Master e mais: entenda a denúncia que levou Nelson Tanure à mira dos reguladores
Uma sequência de investigações e denúncias colocou o empresário sob escrutínio da Justiça. Entenda o que está em jogo
Bilionária brasileira que fez fortuna sem ser herdeira quer trazer empresa polêmica para o Brasil
Semanas após levantar US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, a fundadora da Kalshi revelou planos para desembarcar no Brasil
Raízen (RAIZ4) precisa de quase uma “Cosan” para voltar a um nível de endividamento “aceitável”, dizem analistas
JP Morgan rebaixou a recomendação das ações de Raízen e manteve a Cosan em Neutra, enquanto aguarda próximos passos das empresas
