Copel (CPLE6) pode pagar dividendos extraordinários aos acionistas em 2024, mas com uma condição, diz CEO
Para Daniel Slaviero, o ano de 2025 servirá para “extrair bastante valor da operação integrada e ganhar escala nos negócios que tenham bom retorno de capital”

Se o pagamento quase bilionário de dividendos da Copel (CPLE6) em 2023 já animou os investidores em busca das vacas leiteiras da bolsa brasileira, o CEO Daniel Slaviero agora prevê a possibilidade de agraciar os acionistas com ainda mais proventos neste ano.
Durante teleconferência de resultados, o presidente da ex-estatal paranaense de energia afirmou que o pagamento de dividendos extraordinários poderá acontecer neste ano.
Porém, tudo depende de uma condição: o mercado de fusões e aquisições (M&As) no setor não brilhar aos olhos da Copel em 2024.
“A própria política de proventos da Copel dá flexibilidade para dividendos extraordinários, e sempre há a possibilidade caso não haja boas oportunidades”, disse Slaviero, em teleconferência com analistas sobre os resultados do quarto trimestre de 2023.
A empresa elétrica anunciou o pagamento de proventos complementares de R$ 131 milhões com o balanço. O montante eleva a proposta de distribuição de dividendos total de 2023 para R$ 1,089 bilhão — para um payout de 50% do lucro da empresa.
É importante destacar que a política da empresa determina esse nível de payout quando a alavancagem da companhia estiver entre 1,5 vez e 2,7 vezes.
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De todas as formas, dos proventos anunciados, R$ 980 milhões serão depositados na forma de juros sobre o capital próprio, enquanto os R$ 131,2 bilhões serão no formato de dividendos. Vale lembrar que os JCPs estão sujeitos à retenção de 15% de Imposto de Renda na fonte.
A companhia já realizou o pagamento de R$ 456,9 milhões em proventos ao fim de novembro. Enquanto isso, a cifra remanescente, de mais da metade do montante total, estimada em R$ 632,3 milhões, será paga até 30 de junho de 2024, depois da Assembleia Geral Ordinária (AGO) marcada para 22 de abril deste ano.
Para o CEO, a venda da Compagás e outros ativos considerados não estratégicos também abre mais espaço para novos investimentos ou dividendos extraordinários.
“Permanecemos com a intenção de realizar a venda ainda no primeiro semestre de 2024, mas a prioridade não é o prazo, e sim a maximização de valor. Se não chegarmos a um preço considerado adequado, não iremos vender a Compagás”, afirmou.
Apesar da boa reação dos analistas, as ações da Copel (CPLE6) operam em queda no pregão desta sexta-feira (01) após o balanço. Por volta das 16h05, os papéis caíam 1,66%, negociados a R$ 10,05 na bolsa brasileira. Confira a cobertura de mercados em tempo real do Seu Dinheiro aqui.
O balanço da Copel (CPLE6) no quarto trimestre de 2023
No ano da privatização, as ações ordinárias da Copel (CPLE3) — com direito a voto — acumularam uma valorização de 43% na bolsa brasileira, enquanto os papéis preferenciais CPLE6 avançaram 36% no período.
Além disso, após a oferta de ações (follow-on) que tirou a empresa do controle do governo do Estado do Paraná, a empresa aumentou sua base de acionistas para próximo de 400 mil investidores.
“2023 foi um ano histórico, pelo ponto de vista operacional e financeiro”, disse o CEO da empresa de energia.
Do lado financeiro, a companhia paranaense terminou o quarto trimestre do ano passado com um lucro líquido de R$ 943 milhões. A cifra equivale a um aumento de 51,1% em relação ao mesmo período de 2022.
No acumulado de 2023, o montante mais do que dobrou no comparativo com o ano anterior, para R$ 2,3 bilhões. Os resultados líquidos consideram as operações de Usina Elétrica a Gás de Araucária (UEGA) e Compagás, que a empresa colocou à venda.
Considerando apenas os negócios que a Copel pretende focar, a receita líquida totalizou R$ 5,568 bilhões entre outubro e dezembro, um crescimento de 5,8% em relação ao quarto trimestre de 2022.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da empresa elétrica chegou a R$ 1,5 bilhão no último trimestre de 2023, um aumento de 4,6% na base anual. Em 2023, o indicador chegou ao recorde de R$ 5,8 bilhões, avanço de 5,6% frente ao ano anterior.
O endividamento líquido ajustado chegou a R$ 8,92 bilhões no fim de dezembro de 2023. Por sua vez, a alavancagem, medida pela relação dívida líquida ajustada sobre Ebitda, recuou a 1,9 vez.
Segundo o CEO Daniel Slaviero, esse nível de alavancagem abaixo de 2 vezes é considerado uma “estrutura quase que inadequada”.
Para o executivo, a situação só não é “mais crítica” porque a empresa projeta uma normalização dos níveis após o pagamento das outorgas no processo de renovação da concessão de três das principais usinas hidrelétricas da Copel por mais 30 anos, no valor de R$ 3,719 bilhões estabelecido pelo governo.
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Copel (CPLE6) quer “surfar” preços voláteis de energia
Uma das estratégias da Copel (CPLE6) para extrair valor nos próximos anos inclui aproveitar a operação integrada e ganhar escala nos negócios que tenham bom retorno de capital.
Na visão de Slaviero, a projeção para o mercado de energia é de uma volatilidade intensa de preços da commodity elétrica.
“Nesses últimos dois anos, as pessoas ficaram anestesiadas e esqueceram que energia é uma commodity super volátil. A tendência é que continue tendo mais preços estressados e muito mais volatilidade para 2025 e 2026.”
Para o chefe da Copel, existem janelas no mercado de energia e a empresa pretende aproveitar os momentos para surfar os preços. “Apesar de a companhia ter uma quantidade razoável de energia, pode ser que estamos chegando em um novo patamar a partir de agora com picos e vales.”
Novo PDV e Novo Mercado
Slaviero falou ainda sobre a possibilidade de um novo programa de demissão voluntária (PDV) na Copel.
“Um eventual segundo PDV tem uma janela de 12 meses, em condição e tamanhos que ainda precisam ser discutidos”, disse o CEO. O último programa de demissão da empresa aconteceu em agosto de 2023.
Já sobre a migração para o Novo Mercado, o mais elevado nível de governança corporativa da bolsa de valores brasileira, Slaviero destacou que o processo está condicionado aos próximos capítulos do caso da Eletrobras em relação ao direito de voto da União.
“O Novo Mercado é um objetivo nosso, um sonho que nós vamos perseguir e ter êxito nesse processo”, promete o CEO. “O que não conseguimos ainda estimar é em quanto tempo. A ação da Eletrobras com o governo federal é um empecilho fático que tira um pouco de mobilidade de o BNDES aprovar; e, sem eles, é difícil executar.”
Relembrando, nos “finalmentes” da privatização, o BNDES gerou ruídos no processo de venda da elétrica. Acionista minoritário da Copel, o banco público fez com que a migração da companhia para o Novo Mercado fosse retirada da pauta da privatização.
O que dizem os analistas sobre o balanço da Copel?
Na visão do Itaú BBA, os resultados da Copel no quarto trimestre de 2023 vieram em linha com o esperado.
A projeção dos analistas é que a companhia paranaense de energia mantenha o pagamento de dividendos em 50% nos próximos anos.
O banco tem recomendação de “outperform” — equivalente a compra — das ações CPLE6, com um preço-alvo de R$ 12,00 para o fim de 2024 — uma valorização potencial de 17%, considerando as cotações do último fechamento.
Para o JP Morgan — que também está otimista com os papéis e com recomendação correspondente à “compra” —, o balanço do último trimestre de 2023 mostrou bons volumes, além de um melhor resultado financeiro e fiscal.
O desempenho robusto do segmento de distribuição — que é um dos pilares estratégicos da Copel para 2024 — superou as expectativas, segundo os analistas, influenciado pelas altas temperaturas e melhores margens de geração.
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