Como algumas das maiores empresas do planeta já usam inteligência artificial para monitorar conversas de funcionários
Nomes conhecidos como Nestlé, AstraZeneca e Walmart se valem da ferramenta para identificar “comportamentos nocivos” no ambiente de trabalho; especialistas veem risco

A vida real está cada vez mais parecida com a distopia de George Orwell. Com o surgimento da inteligência artificial, a história vem ganhando novos capítulos. Agora, as empresas deram mais um passo e estão utilizando IA para monitorar as conversas dos funcionários — em uma espécie de versão corporativa do Grande Irmão do clássico 1984.
A Aware, companhia especializada em uso da inteligência artificial para monitoramento de mensagens, revelou que grandes empresas estão usando sua tecnologia.
Entre os clientes da Aware estão nomes conhecidos, como Nestlé, AstraZeneca, Walmart, Delta, T-Mobile, Chevron e Starbucks.
A companhia de monitoramento informou que Walmart, T-Mobile, Chevron e Starbucks usam o software para risco de governança e conformidade. Esse tipo de trabalho representa cerca de 80% dos negócios da empresa.
A fiscalização de mensagens em ambiente de trabalho não é novidade e já era realizada através do e-mail. Porém, agora, ela é feita pela inteligência artificial e pode ser realizada em outras plataformas conhecidas no meio corporativo, como o Microsoft Teams.
O setor de vigilância de funcionários vem crescendo após a criação do ChatGPT, da OpenIA, em 2022, o que vem refletindo na receita da Aware.
Leia Também
Nos últimos cinco anos, a empresa registrou aumento médio de 150% ao ano na receita, de acordo com o cofundador e CEO da startup, Jeff Schumann.
- VEJA TAMBÉM: PODCAST TOUROS E URSOS - O ano das guerras, Trump rumo à Casa Branca e China mais fraca: o impacto nos mercados
Inteligência artificial para monitorar: como funciona a tecnologia da Aware
Para eliminar a necessidade de relatórios para entender a reação dos trabalhadores às políticas da empresa, o software da Aware realiza uma leitura do sentimento dos funcionários em tempo real.
Assim, os clientes conseguem ver como os funcionários de uma determinada faixa etária ou região estão respondendo a uma nova política corporativa ou campanha.
Os modelos de inteligência artificial da Aware também conseguem identificar bullying, assédio, discriminação, pornografia, nudez e outros comportamentos nocivos dentro do ambiente de trabalho.
Segundo o CEO, a ferramenta analítica da Aware não tem a capacidade de sinalizar nomes individuais de funcionários. Contudo, sua ferramenta separada, eDiscovery, consegue.
As informações da eDiscovery são repassadas em caso de ameaças extremas ou outros comportamentos de risco predeterminados pelo cliente.
Um representante da AstraZeneca afirmou que a empresa usa o software, mas não utiliza as análises para monitorar o sentimento ou a toxicidade.
Já a Delta disse à CNBC que usa as análises e eDiscovery da Aware para monitorar tendências e sentimentos. O intuito da empresa seria coletar feedback de funcionários e de outras partes interessadas.
Toda semelhança não é mera coincidência
A Aware não é a primeira empresa de Schumann que remete à obra de George Orwell. Em 2005, ele fundou a BigBrotherLite.com, que desenvolveu um software que “aprimorou a experiência de visualização digital e móvel” do reality show Big Brother.
Contudo, com a Aware, criada em 2017, Schumann foi além. Todos os anos, a empresa publica um relatório que agrega informações sobre milhões de mensagens enviadas através de grandes empresas. Em 2023, o número era de 6,5 milhões de registros.
“Ele está sempre monitorando o sentimento dos funcionários em tempo real e sempre monitorando a toxicidade em tempo real”, disse Schumann à CNBC.
Apesar de o CEO afirmar que a inteligência artificial não identifica nomes para proteger a privacidade, um estudo já comprovou que a medida não é eficaz.
Segundo uma pesquisa sobre privacidade de dados utilizando informações do Censo dos EUA de 1990, 87% dos norte-americanos podiam ser identificados apenas através do código postal, data de nascimento e sexo.
Segundo a diretora executiva do AI Now Institute da Universidade de Nova York, Amba Kak, a empresa está se baseando em uma “noção muito desatualizada” de que o anonimato é “uma solução mágica para resolver a questão da privacidade”.
Além disso, o tipo de modelo de inteligência artificial da Aware é capaz de fazer suposições precisas através de informações pessoais, como idioma, contexto, gírias e muito mais, de acordo com pesquisas recentes.
“Nenhuma empresa está em posição de dar quaisquer garantias sobre a privacidade e a segurança desses tipos de sistemas”, disse Kak. “Não há ninguém que possa dizer com franqueza que esses desafios estão resolvidos.”
VEJA TAMBÉM - Imposto de Renda 2024: descomplique a sua declaração com a ajuda do nosso Guia de IR totalmente gratuito.
Risco no ambiente de trabalho
Para além da questão da privacidade, Amba Kak vê prejuízo nas relações dentro do local de trabalho.
“Isso resulta em um efeito inibidor sobre o que as pessoas dizem”, disse Kak. “Essas são tanto questões de direitos dos trabalhadores quanto de privacidade.”
Já Jutta Williams, cofundadora da Humane Intelligence, organização sem fins lucrativos sobre responsabilidade de IA, informou que o monitoramento de mensagens por meio de inteligência artificial pode dificultar a possibilidade de defesa do trabalhador.
Em caso de demissões ou punições, a falta de acesso a todos os dados envolvidos impossibilita a defesa.
Williams ainda afirmou que o uso da inteligência artificial para vigilância de funcionários pode ser configurado como “crime de pensamento”.
“Isso é tratar as pessoas como inventário de uma forma que nunca vi”, afirmou à CNBC.
*Com informações da CNBC
Titãs de Wall Street superam previsão de lucro e receita, mercado gosta, mas ações caem; entenda os motivos
Citigroup e Wells Fargo conseguem romper a maré de perdas em Nova York e papéis chegam a dispara mais de 7% nesta terça-feira (14)
Banco Master tem conta de R$ 1 bilhão em CDBs até o fim do mês — e corre contra o tempo para conseguir pagar
Vencimento se soma ao prazo de pagamento de linha de crédito concedida pelo FGC e torna venda do Will Bank urgente
XP inicia cobertura de 3 empresas do setor elétrico e que podem subir até 55%; veja quais
No setor elétrico, a Neoenergia, que passa por um momento decisivo, tem preço-alvo de R$ 42,60, com potencial de valorização de 55%, segundo a XP
Ações, dividendos e Fundo 157: Vale (VALE3) emite alerta para um antigo golpe agora repaginado
Vale (VALE3) alerta sobre golpe envolvendo dividendos, ações e o Fundo 157
Mais um interessado nos jatos da Embraer (EMBR3): TrueNoord fecha pedido firme de quase R$ 10 bilhões para aviões E195-E2
O negócio contempla o pedido firme de 20 jatos E195-E2 e ainda garante direitos de compra para mais 30 aeronaves
Apagão nacional: o motivo por trás do blecaute que deixou milhões no escuro na madrugada
Incêndio em subestação no Paraná teria provocado reação em cadeia no sistema elétrico, deixando parte do país sem luz por até uma hora
Gol (GOLL54) quer voar para longe da bolsa de valores: entenda a proposta que pode fechar o capital da aérea
Plano da Gol abre caminho para o fechamento de capital e saída da B3, em meio à baixa liquidez das ações e às exigências da bolsa por reenquadramento
Vem aí a tão esperada incorporação do Banco Pan: BTG Pactual propõe ficar com 100% do capital e ações BPAN4 disparam 26% na B3
O banco de André Esteves pretende incorporar integralmente o Pan, transformando-o em uma subsidiária completa do grupo BTG. Entenda o que vem pela frente
A Embraer (EMBR3) vai mudar: novo ticker passa a valer a partir de 3 de novembro na bolsa brasileira e em Nova York
O anúncio sugere um esforço da fabricante brasileira de aeronaves de unificar sua identidade corporativa nos mercados em que atua
Produção da Aura Minerals (AURA33) sobe no 3T25 e conquista otimismo de bancos. Hora de comprar?
Mineradora teve um avanço de 16% na produção consolidada em comparação ao período trimestre anterior; saiba o que fazer com as ações agora
O que o Mercado Livre (MELI34) quer no segmento de farmácias?
Mercado Livre quer atuar no segmento por meio do seu marketplace, o que hoje é proibido pela legislação brasileira
Banco Inter (INBR32) deve ser o grande beneficiado com mudanças no crédito imobiliário anunciadas pelo governo, diz BofA
Banco Inter tem maior exposição a crédito imobiliário que os pares, que faz com que a liberação de recursos e o novo fôlego para o SFH (Sistema Financeiro de Habitação) tenham um impacto maior no crescimento da sua carteira, diz Bank of America (BofA)
Banco Central aprova aumentos de capital do Banco Master e do Will Bank
No Master, o capital saltou de R$ 1,16 bilhão para R$ 1,58 bilhão, aumento de R$ 419 milhões. Já no Will Bank a alta foi de R$ 419 milhões, com o capital chegando a R$ 789 milhões
Acidente fatal com carro da Xiaomi liga alarme sobre design; ações têm a maior queda desde abril
Acidente com o sedã SU7 reacende debate sobre segurança de maçanetas eletrônicas em veículos elétricos; papéis da empresa chegaram a cair 8,7% na Bolsa de Hong Kong
Sabesp (SBSP3): BBI e UBS elevam preço-alvo enquanto esperam pela primeira revisão tarifária pós-privatização. É hora de comprar?
Companhia vai definir nova tarifa em dezembro deste ano com base no RAB líquido de 2024; banco suíço prevê um reajuste de 3%
Mais pressão para a Brava Energia (BRAV3): ANP interdita parte da operação em Potiguar — qual o impacto para a petroleira?
Entenda o que está por trás da interdição temporária de instalações da Brava Energia na Bacia Potiguar determinada pela ANP
A virada da C&A (CEAB3): como a varejista calou os céticos e disparou mais de 400% na B3 — e ainda vale a pena comprar?
Varejista colheu os frutos ao melhorar a coleção e o estoque, abandonar a moda perecível, usar a precificação dinâmica e, principalmente, retomar a concessão de crédito próprio de forma saudável
Plano de Negócios da Petrobras 2026-2030 vive dilema em ano eleitoral com preço do petróleo em queda — e dividendos podem estar na mira
Especialistas acreditam que a estatal terá que optar entre se endividar ou reduzir investimentos em pleno ano eleitoral
PicPay: banco digital dos irmãos Batista busca levantar US$ 500 milhões em IPO nos EUA, diz agência
Fintech entrou com pedido de IPO nos EUA em abril de 2021, visando uma avaliação de US$ 8 bilhões; registro foi cancelado em junho de 2022
Por que o Citi baixou a recomendação de Braskem (BRK5) e cortou o preço-alvo da ação
Os analistas afirmaram que o modelo para a Braskem foi revisado para refletir previsões mais baixas do volume de vendas e de spreads no mercado petroquímico