Ponto de virada da Vale (VALE3)? O que pode fazer a diferença e as expectativas para o 3T23 após a mineradora ter decepcionado no primeiro semestre
O balanço do terceiro trimestre da Vale será divulgado nesta quinta-feira (26) após o fechamento dos mercados
Uma das gigantes da B3 e uma presença constante na carteira da maioria dos investidores, a Vale (VALE3) teve um desempenho apagado na primeira metade do ano.
Resultados fracos nos primeiro e segundo trimestres fizeram as ações da mineradora sofrerem e com que não aproveitassem os preços do minério de ferro, que têm se mantido elevados.
Agora, porém, a expectativa é que a Vale deixe para trás a maioria dos problemas e consiga se beneficiar dos preços melhores, além de um aumento da produção do seu principal produto.
A divisão de minério de ferro é a esperança para que a companhia mostre um balanço mais positivo no terceiro trimestre e comece a mostrar uma virada, mesmo que os resultados ainda não sejam excelentes.
“Acreditamos que a Vale parece preparada para apresentar resultados mais fortes, impulsionados por melhores preços realizados e volumes de vendas de minério de ferro”, disseram os analistas do Santander, em relatório.
Os analistas do Itaú BBA são outros que destacaram os preços da commodity e afirmam que a mineradora, ao lado da CSN, provavelmente serão as únicas empresas no segmento de mineração e siderurgia a mostrar dados financeiros sequencialmente mais fortes.
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Vale: minério de ferro no foco
Mas porque a Vale deve começar a capturar só a partir do terceiro trimestre os preços melhores do minério de ferro?
Analistas apontam alguns motivos, como o fato de o terceiro trimestre ser sazonalmente melhor para a produção da commodity.
De julho a setembro, chove menos nas regiões onde a Vale possui minas de minério, o que dá uma força para o aumento da produção.
Além de volumes maiores, especialistas destacam que os preços da commodity têm se mantido em patamares mais elevados mesmo com a recente ameaça de uma desaceleração da economia da China, que é a maior consumidora mundial do produto.
Essa ameaça, no entanto, também ficou mais distante, já que o governo chinês já anunciou uma série de estímulos econômicos e não tem indicado que vai restringir a sua enorme produção de aço, que precisa de minério para ser fabricado.
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A Genial Investimentos aponta ainda que a Vale provavelmente vendeu mais e reduziu os estoques de minério de ferro que havia acumulado no primeiro semestre.
“A redução estimada do estoque pode ter excedido em algum nível nossas projeções, podendo ter chegado a cerca de 9,5 milhões de toneladas ou cerca de 25%”, afirmaram em relatório.
Com essa redução do estoque, a companhia fica em uma posição melhor mesmo se os preços do minério de ferro perderem fôlego no quarto trimestre.
A combinação do processo de desestocagem e do aumento na produção ainda leva a uma diluição dos custos fixos da Vale, um dos principais desafios enfrentados pela companhia este ano, segundo a corretora.
Para os analistas do BTG Pactual, esse cenário, com estímulos chineses ganhando forma, ainda faz com que “a configuração nos próximos meses pareça interessante” para a Vale, que pode até distribuir dividendos extraordinários no começo do ano que vem.
Produção de minério da Vale vai compensar dados fracos de metais básicos
Os preços e volumes de minério de ferro são, de fato, a grande história do trimestre para a Vale e devem compensar, inclusive, dados mais fracos da divisão de metais básicos.
O Itaú BBA projeta que a área de metais básicos registre um ebitda de US$ 314 milhões (R$ 1,6 bilhão no câmbio atual do Banco Central) no terceiro trimestre, o que vai representar uma queda de 34% em relação ao trimestre anterior.
A queda prevista se deve principalmente aos preços e custos mais elevados do níquel, que deve mostrar volumes produzidos estáveis.
Já os embarques de cobre provavelmente aumentarão 10% em relação ao trimestre anterior, de acordo com os analistas do banco.
Porém, a Genial Investimentos lembra que o relatório de produção da Vale já mostrou que o volume na unidade de metais básicos foi mais fraco que o esperado, com a meta de produção do cobre sendo revisada para baixo.
Como ficarão o ebitda e lucro da Vale no 3T23?
Neste cenário de produção e preços melhores de minério de ferro, além de uma possível redução de estoques, a Genial acredita que o ebitda da companhia pode ser mais forte.
A corretora é a mais otimista entre as casas consultadas pelo Seu Dinheiro e prevê um ebitda de US$ 5,2 bilhões (quase R$ 26 bilhões) no terceiro trimestre.
Já a média das projeções obtidas apontam um ebitda de:
- US$ 4,7 bilhões (R$ 23,5 bilhões), o que representa alta de 29,3% frente ao terceiro trimestre do ano passado e de 22,3% frente ao trimestre anterior.
Veja também a média das projeções para o lucro e a receita do período:
- Lucro: US$ 2,6 bilhões (R$ 13,2 bilhões), queda de 40,6% frente ao terceiro trimestre do ano passado, mas valor quase 200% maior do que o do trimestre anterior;
- Receita: US$ 10,8 bilhões (R$ 54,8 bilhões), alta de 8,7% frente ao terceiro trimestre do ano passado e de 11,6% frente ao trimestre anterior.
O balanço da Vale será divulgado nesta quinta-feira (26) após o fechamento dos mercados.
A mineradora fará uma teleconferência com analistas e investidores na sexta-feira (27) às 11h, no horário de Brasília. A teleconferência será em inglês, mas é traduzida simultaneamente para o português.
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