É hora de voltar a investir na Vale (VALE3)? O que está fazendo a visão sobre a mineradora melhorar e o que ainda pode dar errado após a queda de 25% das ações no ano
As ações da Vale voltaram a atrair investidores nos últimos dias em meio a recomendações de compra de bancos e aumento de posição de gestoras
Não é sempre que as ações de uma empresa de peso como a Vale (VALE3) - que têm o maior peso entre as que compõem o Ibovespa - amargam perdas de dois dígitos por muitos meses seguidos, atraindo visões mais pessimistas.
Porém, foi o que aconteceu com a empresa que frequenta a carteira da maioria dos investidores. No acumulado do ano (até o pregão do dia 6 de setembro), os papéis da Vale mostram queda de quase 25%, depois de chegarem a cair quase 30% em meados de agosto, quando atingiram a mínima de R$ 61,00.
Trata-se de um patamar que poucos poderiam imaginar em janeiro deste ano, quando a mineradora chegou a ser negociada a quase R$ 100.
Um dos principais motivos para o fraco desempenho da mineradora são as preocupações com a economia da China, o maior consumidor de commodities do mundo e do minério de ferro exportado pela Vale.
E as razões para a recuperação recente também vêm do outro lado do mundo. Nas últimas semanas, o governo chinês intensificou o anúncio de medidas de estímulos para o mercado imobiliário — um dos que mais têm sofrido recentemente e do qual o consumo de aço e, consequentemente, de minério de ferro, também depende.
Entre as medidas mais significativas está a redução das taxas hipotecárias e dos empréstimos preferenciais para a compra da primeira casa nas grandes cidades chinesas.
Leia Também
O efeito dos anúncios já começou a ser sentido nas ações da Vale, que desde o dia 16 de agosto subiram mais de 10%. Analistas de bancos, corretoras e gestores de fundos também voltaram a ficar mais otimistas com a mineradora.
Mas será que há motivos para crer que o pior para as ações de fato ficou para trás? É o que o Seu Dinheiro responde nesta reportagem.
Quais fatores ajudam as ações da Vale?
A revisão das expectativas de parte do mercado é sustentada não só por previsões menos negativas da produção de aço e do crescimento da economia chinesa — que devem sustentar o preço do minério de ferro — mas também pela estrutura da Vale.
A avaliação é que a mineradora conseguiu manter indicadores positivos, como um bom nível de geração de caixa e de pagamento de dividendos a acionistas mesmo nos momentos mais difíceis.
Para Felipe Moura, sócio e gestor da Finacap, as ações da Vale estão historicamente muito baratas em relação aos fundamentos da companhia. Outros fatores positivos para a companhia, como a venda de 13% da unidade de metais básicos, também não foram bem precificados pelo mercado.
“O pessimismo com a Vale me pareceu exagerado. A Vale ainda tem balanços muito sólidos, tem nível de caixa bom e uma rede de segurança muito boa do ponto de vista financeiro. A venda na área de metais básicos também foi subestimada.”.
Segundo o gestor da Finecap, responsável por cerca de R$ 1,5 bilhão em recursos, a Vale cabe bem em qualquer portfólio e é um ativo “confortável para se carregar” com o minério nos níveis atuais, podendo ser o momento até de aumentar a exposição à mineradora.
Para Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, quem tem as ações não deve se desfazer delas agora. Afinal, a companhia tem qualidades que dão solidez mesmo em momentos de maior incerteza e segue com potencial de remuneração aos acionistas — leia-se dividendos.
“As ações da Vale estão sendo negociadas a múltiplos bem abaixo do que seria considerado justo, muito próximo a sua mínima histórica. Se você está carregando as ações da mineradora desde o início do ano, por exemplo, e sair agora vai realizar o prejuízo e abrir mão do potencial de remuneração”, afirmou.
Os papéis continuam nas carteiras recomendadas da Empiricus Research e são uma das apostas da casa para buscar dividendos.
ONDE INVESTIR EM SETEMBRO? NOVO PROGRAMA MENSAL DO SD SELECT REVELA AS MELHORES APOSTAS PARA O MÊS; ASSISTA
Vale: menor dependência local pode ser vantagem
Para Ricardo Almeida, head de renda variável da ASA Investments, é sempre difícil analisar a China, mas esse fator já não preocupa tanto para a Vale.
Além disso, a percepção sobre a economia brasileira piorou nas últimas semanas.
Nesse caso, o fato de a Vale não ser tão dependente do mercado doméstico é uma vantagem e uma forma de diversificação de riscos para o investidor.
Almeida vê três grandes temas influenciando a bolsa e as cotações das ações brasileiras no momento: o encaminhamento da questão fiscal no Brasil, o nível de juros nos Estados Unidos e o tamanho da desaceleração da China.
Com o aumento de ruídos do lado fiscal nos últimos dias e o governo tentando aprovar medidas que podem levar a um aumento de impostos para as empresas, a ASA — que tem R$ 2,7 bilhões sob gestão — resolveu reduzir riscos dentro da renda variável.
“Temos reduzido riscos do fundo e estamos ficando mais próximos do Ibovespa. Aceleramos a posição na Vale, por exemplo, que passou de 6% para 10% dos investimentos”, me disse Almeida em uma conversa durante a última Expert, evento anual da XP.
Vale, China e o preço do minério de ferro
Entre os mais otimistas em relação à Vale está o JP Morgan. Os analistas do banco destacam que a produção de aço continua alta na China — o que tem sustentado a demanda por minério de ferro e, consequentemente, os preços da commodity.
“Enquanto o setor imobiliário tem sido lento, a China tem superproduzido aço. Como a China superproduz aço, consome em excesso o minério de ferro. E, ao contrário de 2021 e 2022, não esperamos ver uma redução da produção de aço no país”, escreveram os analistas do banco, em relatório.
Segundo os cálculos do JP Morgan, com a superprodução, os preços do minério devem permanecer elevados, em torno de US$ 120 a tonelada e próximos de US$ 100 por tonelada até o final do ano.
Diante desse cenário, o banco elevou a recomendação dos papéis da mineradora para compra no início de setembro.
Vale: os estímulos chineses serão suficientes?
No entanto, não é todo mundo que está otimista com a demanda de aço chinesa. Questões sobre o modelo de crescimento do país seguem deixando alguns analistas e gestores com um pé atrás com relação às perspectivas para a Vale.
Analista de commodities da Mantaro Capital, Pedro Acioli, está no grupo dos que estão pessimistas com a Vale, embora a gestora não tenha posição nas ações da companhia atualmente.
“Com o debate do setor imobiliário, as perspectivas para a demanda de aço na China são negativas. O cenário para o preço do minério de ferro também pode piorar rapidamente se o governo chinês restringir a produção de aço.”
Além da demanda de aço e minério ser relacionada ao setor imobiliário, a China costuma fazer ajustes na produção de aço — que lidera mundialmente — para controlar seus níveis de poluição se necessário.
A Kinea é outra gestora pessimista com a demanda chinesa. Na última carta aos gestores, fez uma longa análise sobre o processo de desaceleração do gigante asiático, que teria origens mais profundas.
“O país passa por uma mudança estrutural guiada pelo próprio governo, que percebeu a ineficácia de continuar apostando na mesma receita de crescimento das últimas duas décadas”, escreveu a Kinea.
A gestora também destacou que o processo de desaceleração no mercado imobiliário já dura mais de dois anos e que o nível de desemprego entre os jovens chineses está mais elevado.
“A combinação desses fatores não nos parece de fácil e rápida resolução.”
Por isso, a gestora saiu de suas posições compradas na bolsa da China e permanece vendida no minério de ferro e em uma cesta de empresas de mineração.
A Kinea não dá nomes, ou seja, não sabemos se Vale está entre as posições vendidas.
A DINHEIRISTA - Ajudei minha namorada a abrir um negócio e ela me deixou! Quero a grana de volta, o que fazer?
Como a empresa está se preparando?
Em meio às reflexões sobre o risco China para as ações da Vale, a companhia reiterou que está se preparando para manter a eficiência de custos de produção e fazer uma transição energética.
Esses foram um dos principais pontos que a empresa mostrou em reunião com analistas realizada nesta semana.
Sobre o custo de produção do minério, a companhia prevê uma queda dos atuais US$ 52 a US$ 54 para US$ 42 a tonelada. Para isso, ela aposta no aumento da produção, principalmente de minério de maior qualidade, melhor remunerado pelo mercado.
Em relação a medidas mais comprometidas com o meio ambiente, a mineradora destacou que já tem um minério de ferro premium, que é menos poluidor na hora de produzir aço.
Além disso, está acelerando a criação de soluções para produtos chamados de “verdes”.
Uma dessas soluções são os mega hubs no Oriente Médio. A mineradora já assinou três acordos para desenvolvimento de complexos industriais na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã, onde deve produzir produtos de baixo carbono para a indústria siderúrgica.
AgroGalaxy (AGXY3) consegue “blindagem” contra credores em meio a calote em CRAs e pedido de recuperação judicial
A companhia obteve uma liminar concedida pela 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia que suspendeu as execuções de dívidas e rescisões contratuais ligadas à reestruturação
Multiplan (MULT3) propõe pagar R$ 2 bilhões por participação de um dos maiores investidores históricos
O Ontario Teacher’s Pension Plan (OTPP) colocou à venda toda a sua posição na companhia — a própria Multiplan e o fundador devem levar os papéis
Barrados no baile: Ibovespa passa ao largo da euforia em Wall Street com juros em direções opostas no Brasil e nos EUA
Projeções de juros ainda mais altos no futuro próximo pressionam as taxas dos DIs e colocam o Ibovespa em desvantagem em relação a outras bolsas
B3 não tem nenhum IPO há mais de 3 anos — e isso é uma boa notícia para esta empresa
Último IPO na B3 ocorreu em agosto de 2021; juros altos estão entre as causas dessa “seca” de novas empresas na bolsa
Dividendos: Bradesco (BBDC4) e Lojas Renner (LREN3) divulgam JCP de R$ 2,1 bilhões; B3 (B3SA3) também pagará proventos milionários
Empresas aprovaram o pagamento de renda extra para o investidor nesta quinta (19); saiba quais são os prazos para a distribuição
‘Novo pré-sal’ vai sair do papel? Diretor da Petrobras (PETR4) diz que abrir mão do petróleo pode significar perda de receita
O diretor Mauricio Tolmasquim saiu em defesa do “novo pré-sal” e da exploração da Petrobras na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial
IRB (IRBR3): ações saltam 41% desde a divulgação dos resultados do 2T24; existe espaço para mais?
Ações dispararam 62% desde as mínimas do ano; entenda a recuperação dos papéis e se ponto de entrada ainda é atrativo, segundo o BTG Pactual
Alibaba busca protagonismo na ‘corrida de ouro’ da inteligência artificial com dezenas de novos modelos de código aberto, inclusive um que transforma texto em vídeo
Gigante chinesa criou linguagens de código aberto que podem ser usadas por qualquer pessoa para aplicações em jogos e até automóveis
Por que as ações da Brava Energia (BRAV3) caíram forte hoje e ampliam perdas desde a estreia na B3 para 19%
O desempenho negativo das ações vem na esteira de uma sequência de interrupções na produção do campo de Papa Terra, na Bacia de Campos
Renda extra para o investidor: Vibra (VBBR3) e Hypera (HYPE3) pagam juntas mais de R$ 385 milhões em JCP – veja até quando é possível receber
Pagamentos estão programados para 2025, mas investidores que tiverem interesse em receber os proventos precisam se posicionar até a próxima semana; veja os prazos
XP retoma negociações de fiagros expostos à AgroGalaxy; outros fundos com CRAs da companhia caem forte na B3
Em meio à crise, a XP Investimentos chegou a suspender temporariamente as negociações de cinco fundos expostos à companhia negociados em ambiente de balcão
JP Morgan contraria rival e recomenda compra das ações da São Martinho (SMTO3) — mas corta preço-alvo com ‘otimismo cauteloso’
O banco norte-americano enxerga que a empresa de açúcar e etanol não seja tão afetada pelas queimadas das plantações de cana-de-açúcar
Cada um tem seu momento: Ibovespa reage a decisões de política monetária no Brasil e nos EUA
Enquanto o Fed começou a cortar os juros nos EUA, o Copom subiu a taxa Selic pela primeira vez em dois anos por aqui
Com ações em queda, Petrobras (PETR4) se pronuncia sobre notícia de que vai baixar o preço dos combustíveis
As ações Petrobras PN (PETR4) recuaram 2,40% no pregão desta quarta-feira (18), mas estatal negou mudanças nos preços
A euforia durou pouco: o que Powell (não) disse e desanimou as bolsas mesmo após o corte de 0,50 ponto porcentual dos juros pelo Fed
Bolsas chegaram a subir depois da decisão de juros do Fed, mas firmaram-se em queda depois da coletiva de Powell
Ações da Cosan (CSAN3) despencam 31% no ano e BTG corta preço-alvo por ‘trajetória turbulenta’ – ainda vale investir?
Analistas do banco destacaram três fatores que têm jogado contra as ações da Cosan; preço-alvo foi reduzido em 23%
AgroGalaxy (AGXY3) pede recuperação judicial na esteira de debandada do CEO e derrocada de 90% das ações na B3 desde o IPO
Conselho de administração aprovou em caráter de urgência o envio do pedido de recuperação judicial, que corre em segredo de justiça
Esta ação do setor elétrico está com valuation atraente e pode pagar bons dividendos no curto prazo, segundo o Itaú BBA — e não é a Taesa (TAEE11)
Para os analistas, existe um nome no setor de energia que tem espaço para pagar dividend yield próximo dos dois dígitos: a Isa Cteep (TRPL4)
Número de investidores da Petrobras (PETR4) salta 170% e companhia atinge marca inédita de 1 milhão de acionistas na bolsa
Além disso, atualmente o percentual de investidor pessoa física no capital social da companhia é maior que o dos investidores institucionais brasileiros
Fed inicia primeiro ciclo de alívio monetário em 4 anos nos EUA com corte de 0,50 ponto porcentual nos juros
O início de um ciclo de corte de juros em 2024 nos EUA vinha sendo antecipado pelos participantes do mercado desde o fim do ano passado