O plano da Petz (PETZ3) para buscar rentabilidade após o fim da “revolução dos bichos” da pandemia
Estratégia da Petz (PETZ3) para 2023 envolve lojas menores, encerramento de alguns serviços e piloto de plano de saúde para bichinhos
Bem diferente daquilo que vimos acontecer com boa parte das empresas no primeiro ano da pandemia, a Petz (PETZ3) viveu um período e tanto em 2020. A rede de lojas de produtos para animais de estimação captou R$ 3 bilhões com sua estreia na bolsa e viu uma onda de novos pais e mães de pet chegarem ao mercado.
Responsável por parcerias com ONGs que colocam animais para adoção, a rede trouxe para mais perto de si não apenas quem já tinha um bichinho, mas também quem precisava montar o primeiro enxoval do pet, levá-lo a consultas com especialistas e adentrar esse mundo em que o cachorro ou o gato da casa são tratados como membros da família.
Eu mesma fui uma das pessoas que, incentivadas pelo período de restrições que deixou todo mundo dentro de casa, trouxe para casa o Faraó — um imponente poodle — adotado diretamente em uma das lojas da Petz.
- Você investe em ações, renda fixa, criptomoedas ou FIIs? Então precisa saber como declarar essas aplicações no seu Imposto de Renda 2023. Clique aqui e acesse um tutorial gratuito, elaborado pelo Seu Dinheiro, com todas as orientações sobre o tema.
"O ano de 2020 foi aquele em que todas as estrelas estavam alinhadas, todo mundo adotando, o consumo crescendo muito. Então surfamos bem essa onda até 2021", conta Aline Penna, diretora financeira da Petz, em entrevista ao Seu Dinheiro.
Hoje, são 218 lojas espalhadas pelo Brasil e sete hospitais da Seres, a rede própria de cuidados para animais. Somente em 2022, a Petz bateu um recorde de aberturas de lojas com 50 novas unidades, sendo que pela primeira vez a metade delas está localizada fora de São Paulo — provando que a expansão deixa de ter a maior capital do país como foco, afim de diversificar o alcance da rede.
Além da Seres, a Petz é dona da Zee Dog, que fabrica coleiras, guias e acessórios para bichinhos; da marca Cansei de Ser Gato; da Petix, focada em tapetes higiênicos; e da Cão Cidadão, de adestramento.
Leia Também
Ou seja: englobam a vida do pet de ponta a ponta.

O fim da “revolução dos bichos”
O problema é que a “revolução dos bichos” que aconteceu no auge da pandemia minguou dois anos depois e segue na mesma tendência. Quem adotou um cachorro ou gato já tem mais controle de suas despesas e hoje já possui a maioria dos itens que o bichinho precisa.
Além disso, quem se dispunha a gastar, por exemplo, R$ 500 na Petz no começo da pandemia, hoje repensa essa despesa com a retomada de atividades como viagens e bares com amigos.
De lá para cá, a situação macroeconômica também não ajudou, com a inflação e os juros altos pesando no bolso do consumidor e apertando o caixa das empresas. Com menos renda disponível, os pets também se viram obrigados a abrir mão de um petisco, um sachê ou tiveram de se acostumar com uma ração mais barata.
"Hoje seguimos o mesmo plano de expansão, mas a exemplo do que vimos no ano passado, a oferta aumentou, mas sem necessariamente ser acompanhada pela demanda", comenta Aline Penna.
Ela cita como exemplo justamente a compra de rações, que representa, em seus cálculos, 60% de tudo o que a Petz comercializa. Segundo a executiva, os tutores vão às lojas e gastam um valor semelhante ao anterior, mas com um mix diferente diante do aumento do preço da comida. Quem antes comprava ração e um brinquedo, agora se restringe ao essencial.
Isso resultou numa pressão de margens inevitável para a Petz, que ao mesmo tempo lidava com uma série de novas lojas ainda distantes de seu ponto de maturação e com operações deficitárias.
Um bom exemplo disso está no balanço referente ao quarto trimestre: o faturamento da rede cresceu 34,6% no período, para um total de R$ 934 milhões e acima das expectativas do mercado. Mas a rentabilidade, de fato, frustrou o mercado, com uma margem Ebitda ajustada de 7,4%, 2 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período de 2021.
Como não podia ser diferente, o cenário desfavorável afetou o desempenho das ações da Petz (PETZ3), que acumulam uma forte queda de mais de 60% nos últimos 12 meses.

A Petz (PETZ3) precisava de uma solução
Durante a teleconferência com analistas para comentar os resultados referentes ao quarto trimestre de 2022 da Petz (PETZ3), o CEO Sérgio Zimerman falou abertamente sobre a necessidade de entregar margens melhores ainda neste ano. A regra, a partir de agora, é perseguir a rentabilidade.
Entre as estratégias seguidas para que isso aconteça, a Petz decidiu trazer um outro olhar para sua operação digital, que hoje representa 37,9% das vendas da rede, mas é menos rentável que as lojas físicas.
Ou seja, quanto mais a Petz vende pelos canais digitais, menor a margem. Mas a empresa promete mudar essa relação e já adotou algumas medidas. Entre elas, uma taxa de serviço e um valor mínimo de compras para oferecer o benefício do frete grátis.
"Nosso ano está baseado em três pilares: rentabilidade, crescimento e inovação, mas rentabilidade com certeza vem em primeiro lugar", afirmou a CFO da empresa ao Seu Dinheiro.
Outra decisão recente foi de fechar os serviços de banho e tosa e veterinária em algumas lojas da rede. De acordo com Aline Penna, esse plano está em prática basicamente em cidades que já contam com os mesmos serviços em outras unidades da Petz, em busca de mais eficiência, mas sem deixar os clientes sem opção.
A abertura de lojas menores também entrou no radar da rede, uma vez que cidades como São Paulo já contam com diversas unidades e nem todas precisam ser gigantescas e repletas de ofertas e variedade.
"O capex está caro, então vamos ter lojas mais compactas para sermos mais eficientes e fazer mais com menos. O problema é que tínhamos uma capacidade ociosa relativamente alta e precisamos focar em rentabilidade. Com margens melhores, nada me impede de voltar a ter esses serviços nessas unidades, mas não é agora", diz a diretora financeira.
Outros cuidados com os bichinhos
De olho nessa capacidade ociosa, um produto cada vez mais próximo de se tornar realidade — e muito desejado por tutores que confiam na rede — é a criação de um plano de saúde para animais de estimação.
Para a Petz, é algo que faz bastante sentido, uma vez que a maioria das lojas já conta com espaço disponível e profissionais veterinários contratados, que atuam nos hospitais da Seres.
O piloto do projeto do plano de saúde deve rodar em São Paulo a partir do meio do ano.
"Nós já temos as clínicas, algo que já está no nosso custo, então vamos encher esse espaço hoje subutilizado. Tenho veterinários com jornadas de oito horas de trabalho por dia, mas que às vezes atendem mesmo durante duas ou três horas, então a ideia é encher essa capacidade", conta Aline Penna.
Atualmente, o modelo adotado nas clínicas da Seres, que pertence à Petz, é de consultas particulares, o que explica porque nem sempre a agenda dos profissionais está lotada.
Para tornar esses planos realidade, a companhia contratou Massanori Shibata para o cargo de VP de Serviços no ano passado. Anteriormente, ele liderava a área de Filiais da Intermédica, mostrando que a Petz não está para brincadeira e contratou gente de peso para botar o plano de saúde pet de pé.
A CFO Aline Penna conta que outras possibilidades foram avaliadas, como parcerias com veterinários para preservar a relação de confiança que muitos tutores possuem com eles, além da compra de algum plano de saúde já consolidado no mercado e com uma carteira de clientes madura.
A conclusão foi que nenhuma dessas opções valeria para a Petz diante da dificuldade de rentabilizar o negócio e controlar os custos dessas operações.
Como bancar tudo isso?
Como a própria CFO da Petz diz, o momento da companhia não é nem o de estrelas alinhadas do início da pandemia, nem a tempestade perfeita vista no ano passado, mas algo mais próximo da normalidade.
Vale lembrar também que as aquisições da Petz são recentes e possuem resultados ainda aquém do esperado — a Zee Dog foi comprada em agosto de 2021 por R$ 715 milhões, enquanto a aquisição da Petix foi feita por R$ 70 milhões no ano passado.
Assim, a necessidade de financiamento também surgiu, o que levou a empresa a anunciar uma captação de R$ 400 milhões em debêntures, um plano que acabou azedando no mês de janeiro diante da crise da Americanas (AMER3).
Segundo Aline Penna, os planos não mudaram, mas a equipe achou melhor esperar que "o mercado desse uma respirada" e a conclusão deve acontecer nas próximas semanas.
Apesar da mudança de cronograma, as condições permanecem as mesmas, com um custo de dívida próximo ao que já havia sido anunciado: i.e. CDI + 1,55% ao ano com prazo de 5 anos.
Vale a pena comprar as ações da Petz (PETZ3)?
Com a forte queda das ações na B3, a Petz (PETZ3) vale hoje menos do que na época do IPO, em setembro de 2020. A dúvida que fica é: vale a pena aproveitar o momento e “adotar” os papéis da empresa?
Segundo dados compilados pela plataforma TradeMap, todas as nove recomendações dos analistas para as ações são de compra.
De maneira geral, a avaliação deles é de que se trata de um bom ativo, com crescimento sólido, mas que ainda é castigado pela alta dos juros, o que limita o avanço das ações.
Em outras palavras, se ter um pet em casa pode ser uma experiência extraordinária e com retorno garantido, virar acionista da Petz neste momento vai demandar no mínimo um pouco mais de paciência do investidor.
Leia também: Lemann ‘mais dono’ e fim do ‘sonho grande’ do e-commerce: o futuro da Americanas (AMER3) com o plano de recuperação
Azul (AZUL4) dá sinal verde para aporte de American e United, enquanto balanço do 3T25 mostra prejuízo mais de 1100% maior
Em meio ao que equivale a uma recuperação judicial nos EUA, a Azul dá sinal verde para acordo com as norte-americanas, enquanto balanço do terceiro trimestre mostra prejuízo ajustado de R$ 1,5 bilhão
BHP é considerada culpada por desastre em Mariana (MG); entenda por que a Vale (VALE3) precisará pagar parte dessa conta
A mineradora brasileira estima uma provisão adicional de aproximadamente US$ 500 milhões em suas demonstrações financeiras deste ano
11.11: Mercado Livre, Shopee, Amazon e KaBuM! reportam salto nas vendas
Plataformas tem pico de vendas e mostram que o 11.11 já faz parte do calendário promocional brasileiro
Na maratona dos bancos, só o Itaú chegou inteiro ao fim da temporada do 3T25 — veja quem ficou pelo caminho
A temporada de balanços mostrou uma disputa desigual entre os grandes bancos — com um campeão absoluto, dois competidores intermediários e um corredor em apuros
Log (LOGG3) avalia freio nos dividendos e pode reduzir percentual distribuído de 50% para 25%; ajuste estratégico ou erro de cálculo?
Desenvolvedora de galpões logísticos aderiu à “moda” de elevar payout de proventos, mas teve que voltar atrás apenas um ano depois; em entrevista ao SD, o CFO, Rafael Saliba, explica o porquê
Natura (NATU3) só deve se recuperar em 2026, e ainda assim com preço-alvo menor, diz BB-BI
A combinação de crédito caro, consumo enfraquecido e sinergias atrasadas mantém a empresa de cosméticos em compasso de espera na bolsa
Hapvida (HAPV3) atinge o menor valor de mercado da história e amplia programa de recompra de ações
O desempenho da companhia no terceiro trimestre decepcionou o mercado e levou a uma onda de reclassificação os papéis pelos grandes bancos
Nubank (ROXO34) tem lucro líquido quase 40% maior no 3T25, enquanto rentabilidade atinge recorde de 31%
O Nubank (ROXO34) encerrou o terceiro trimestre de 2025 com um lucro líquido de US$ 782,7 milhões; veja os destaques
Quem tem medo da IA? Sete em cada 10 pequenos e médios empreendedores desconfiam da tecnologia e não a usam no negócio
Pesquisa do PayPal revela que 99% das PMEs já estão digitalizadas, mas medo de errar e experiências ruins com sistemas travam avanço tecnológico
Com ‘caixa cheio’ e trimestre robusto, Direcional (DIRR3) vai antecipar dividendos para fugir da taxação? Saiba o que diz o CEO
A Direcional divulgou mais um trimestre de resultados sólidos e novos recordes em algumas linhas. O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo para entender o que impulsionou os resultados, o que esperar e principalmente: vem dividendo aí?
Banco do Brasil (BBAS3) não saiu do “olho do furacão” do agronegócio: provisões ainda podem aumentar no 4T25, diz diretor
Após tombo do lucro e rentabilidade, o BB ainda enfrenta ventos contrários do agronegócio; executivos admitem que novas pressões podem aparecer no balanço do 4º trimestre
Allos (ALOS3) entrega balanço morno, mas promete triplicar dividendos e ações sobem forte. Dá tempo de surfar essa onda?
Até então, a empresa vinha distribuindo proventos de R$ 50 milhões, ou R$ 0,10 por ação. Com a publicação dos resultados, a companhia anunciou pagamentos mensais de R$ 0,28 a R$ 0,30
Na contramão da Black Friday, Apple lança ‘bolsinha’ a preço de celular novo; veja alternativas bem mais em conta que o iPhone Pocket
Apple lança bolsinha para iPhone em parceria com a Issey Miyake com preços acima de R$ 1,2 mil
Todo mundo odeia o presencial? Nubank enfrenta dores de cabeça após anunciar fim do home office, e 14 pessoas são demitidas
Em um comunicado interno, o CTO do banco digital afirmou que foram tomadas ações rápidas para evitar que a trama fosse concluída
Família Diniz vende fatia no Carrefour da França após parceria de 10 anos; veja quem são os magnatas que viraram os principais acionistas da rede
No lugar da família Diniz no Carrefour, entrou a família Saadé, que passa a ser a nova acionista principal da companhia. Família franco-libanesa é dona de líder global de logística marítima
Itaú vs. Mercado Pago: quem entrega mais vantagens na Black Friday 2025?
Com descontos de até 60%, cashback e parcelamento ampliado, Itaú e Mercado Pago intensificam a disputa pelo consumidor na Black Friday 2025
Casas Bahia (BHIA3) amplia prejuízo para R$ 496 milhões no terceiro trimestre, mas vendas sobem 8,5%
O e-commerce cresceu 12,7% entre julho e setembro deste ano, consolidando o quarto trimestre consecutivo de alta
O pior ainda não passou para a Americanas (AMER3)? Lucro cai 96,4% e vendas digitais desabam 75% no 3T25
A administração da varejista destacou que o terceiro trimestre marca o início de uma nova fase, com o processo de reestruturação ficando para trás
Acionistas do Banco do Brasil (BBAS3) não passarão fome de proventos: banco vai pagar JCP mesmo com lucro 60% menor no 3T25
Apesar do lucro menor no trimestre, o BB anunciou mais uma distribuição de proventos; veja o valor que cairá na conta dos acionistas
Lucro do Banco do Brasil (BBAS3) tomba 60% e rentabilidade chega a 8% no 3T25; veja os destaques
O BB registrou um lucro líquido recorrente de R$ 3,78 bilhões entre julho e setembro; veja os destaques do balanço
