Petrobras (PETR4) dobra a aposta em energia eólica, que exige altos investimentos; os dividendos da estatal estão ameaçados?
Os investimentos para desenvolver os 17 parques eólicos já anunciados pela Petrobras podem alcançar até US$ 153 bilhões (R$ 745,7 bilhões), segundo o BTG Pactual
A corrida por fazer parte da chamada transição energética - produzindo uma energia mais limpa e se enquadrando em um dos fatores cada vez mais levados em conta por investidores - está fazendo a Petrobras (PETR3/PETR4) apostar em uma série de projetos no segmento de energia eólica.
Na quarta-feira (13), a estatal não só anunciou uma parceria com a WEG (WEGE3) na construção de um aerogerador, como iniciou o processo de licenciamento ambiental de 10 áreas no mar brasileiro destinadas ao desenvolvimento de projetos de energia eólica.
O pedido foi protocolado junto ao Ibama e, se aprovado pelo órgão ambiental, garantirá à Petrobras o título de empresa com o maior potencial de geração de energia eólica offshore no país. A previsão é que os projetos tenham capacidade total de geração de 23 gigawatts (GW).
Apesar de os planos serem bem iniciais, alguns analistas já calcularam quanto os projetos podem custar e o possível impacto deles no plano estratégico da companhia e no pagamento de dividendos.
Os analistas do BTG Pactual estimaram que as 10 áreas podem representar um investimento (capex) total de US$ 70 a US$ 94 bilhões (R$ 341,2 a R$ 458,2 bilhões nas cotações atuais).
O cálculo foi feito com base na média de capex de US$ 15 a US$ 20 bilhões por megawatt em projetos eólicos na última década.
Se for considerada ainda a parceria com a Equinor (anunciada em março e que avalia participação em sete projetos de energia eólica no mar, com potencial de geração de 14,5 gigawatts), os investimentos podem saltar para US$ 114 a US$ 153 bilhões (R$ 555,6 a R$ 745,7 bilhões).
No entanto, o BTG lembra que as fatias da Equinor e da Petrobras no acordo não estão claras ainda e que os projetos não devem incluídos no plano estratégico atual da companhia.
“Por isso, não esperamos qualquer impacto na distribuição de dividendos da empresa nos próximos três a cinco anos”, disseram em relatório.
Os analistas do Itaú BBA, por sua vez, até preveem que alguns investidores podem ficar preocupados com o anúncio, mas acreditam que “esse compromisso de investimento não se concretizará em breve e, portanto, não afetará o potencial da empresa de pagar dividendos no curto prazo”.
Para eles, os projetos estão em estágios muito iniciais e ainda deverão passar por diversas análises de viabilidade técnico-econômica e ambiental antes de estarem maduros para serem implementados e antes de serem incluídos no plano estratégico da Petrobras.
Próximo plano estratégico da Petrobras
Além de não verem impacto nos dividendos, o Itaú BBA avalia que é improvável que os projetos eólicos offshore sejam incluídos até no próximo plano estratégico da Petrobras, que deve ser anunciado no fim do ano e valer de 2024 a 2028.
“Acreditamos que eles devem levar de um a dois anos até que possam ser traduzidos em compromissos de investimento”, preveem.
Isso reforça a expectativa de não haver grandes mudanças no total de investimentos da companhia no próximo plano.
As estimativas preliminares do Itaú para o novo período de cinco anos tem como referência o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e – sem considerar projetos de fertilizantes, petroquímico ou de energias renováveis – começa em cerca de US$ 86 bilhões (R$ 419,2 bilhões).
O valor representa um aumento de 11% nos investimentos em relação ao plano estratégico atual.
A DINHEIRISTA - Ajudei minha namorada a abrir um negócio e ela me deixou! Quero a grana de volta, o que fazer?
Petrobras: como será o processo de aprovação ambiental?
Sobre a previsão de aprovação pelo Ibama, tanto o BTG Pactual quanto o Itaú BBA destacaram que não existe legislação específica para projetos eólicos no mar.
“Mesmo com potenciais aprovações de licenciamento e confirmação de viabilidade, o desenvolvimento de infraestruturas poderá demorar algum tempo”, disseram os analistas do BTG.
O Itaú BBA também explica que esse tipo de solicitação junto ao Ibama não garante o direito às áreas, que só deve ser concedido quando o processo for conduzido de acordo com os regulamentos atualmente em discussão no Congresso.
Os analistas do Itaú BBA ainda avaliaram a fila de pedidos de licença ambiental no Ibama, que foi atualizada em agosto e contém 78 projetos, com uma capacidade total de 189 GW, sem incluir ainda as 10 áreas pedidas pela Petrobras.
Os analistas notaram que os projetos estão concentrados em cinco regiões: três no Nordeste (entre o Maranhão e o Rio Grande do Norte), uma nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, e outra no Sul do Brasil, perto da costa do Rio Grande do Sul.
Tratam-se das mesmas regiões onde a Petrobras mostrou a intenção de produzir energia eólica.
As 10 áreas informadas estão divididas da seguinte forma:
- Três no Rio do Norte;
- Três no Ceará;
- Uma no Maranhão;
- Uma no Rio de Janeiro;
- Uma no Espírito Santo;
- Uma no Rio Grande do Sul.
Privatização da Sabesp (SBSP3) ameaçada: Justiça suspende sessão da Câmara de SP que aprovou projeto essencial para operação
A decisão veio após uma ação popular questionar a realização da votação da última quinta-feira (2)
Berkshire Hathaway reporta caixa recorde no primeiro trimestre e Warren Buffett diz por que vendeu ações da Apple no primeiro trimestre
Boa parte do crescimento dos ganhos veio do segmento de seguros, uma das principais frentes de negócio da Berkshire
Magazine Luiza (MGLU3) deixa o vermelho e quita R$ 2,1 bilhões em dívidas — logo após rival entrar em recuperação extrajudicial
Depois de uma injeção bilionária no caixa em março, a varejista quitou no início desta semana suas dívidas de curto prazo
Governo diz não a acordo com a Vale (VALE3) e BHP por tragédia em Mariana (MG); veja por que a proposta de R$ 127 bilhões foi rejeitada
Para a União e o Estado do Espírito Santo, a oferta não representa avanço em relação a termos anteriores
CEO da AES Brasil (AESB3) revela o principal “culpado” do prejuízo no 1T24 — e prevê nova pressão daqui para frente
Enquanto o El Niño se prepara para deixar os holofotes, um outro fenômeno climático deve bater nas operações da empresa de energia renovável em 2024
Sabesp (SBSP3): confira os próximos passos — e os riscos — para a privatização após a aprovação pela Câmara de São Paulo
O JP Morgan segue com recomendação de compra para os papéis SBSP3, com potencial de valorização da ordem de 55%
Dividendos: Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) farão distribuição milionária aos acionistas; confira valores e prazos
A maior fatia desse bolo fica com a Gerdau, que distribuirá R$ 588,9 milhões como antecipação de dividendos mínimos obrigatórios, ou o equivalente a R$ 0,28 por ação
CSN (CSNA3) anuncia acordo de exclusividade para compra da InterCement; entenda por que o negócio pode deixar a Votorantim para trás
Aquisição da InterCement pode dobrar produção da CSN Cimentos, que vem sinalizando desejo de expansão no setor desde 2023
Bradesco (BBDC4): CEO diz que inadimplência deve seguir em queda — mas outro indicador pesou sobre as ações na B3
A queda na margem financeira foi o principal destaque negativo do balanço do banco — mas o CEO Marcelo Noronha já revelou o que esperar do indicador nos próximos trimestres
Weg (WEGE3) vê lucro crescer no 1T24, mas um indicador acende o sinal amarelo entre os analistas
A margem Ebitda ficou em 22% surpreendeu os analistas do JP Morgan, 10 pontos-base maior do que no primeiro trimestre de 2023
Leia Também
-
Dividendos mais extraordinários: Petrobras (PETR4) atualiza remuneração a acionistas e avisa que valor ainda vai aumentar
-
Dividendos: Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) farão distribuição milionária aos acionistas; confira valores e prazos
-
Dividendos de maio: Petrobras (PETR4), Bradesco (BBDC4), Caixa Seguridade (CXSE3) e Itaú (ITUB4) pagam proventos; veja a agenda completa
Mais lidas
-
1
Iene barato com os dias contados? Moeda perde muito para o dólar e Japão dá sinais de sequência de intervenções no câmbio
-
2
Show da Madonna: Saiba onde assistir e a provável lista de hits que a artista deve cantar em Copacabana
-
3
Magazine Luiza (MGLU3) deixa o vermelho e quita R$ 2,1 bilhões em dívidas — logo após rival entrar em recuperação extrajudicial