Cobrando do endividado: Americanas (AMER3) deve mais R$ 1,8 bilhão em tributos e dívida pode ir além dos R$ 43 bilhões; entenda
A conta pode ser ainda maior porque esse montante não inclui impostos municipais e de outros Estados e nem o “passivo oculto”, referente às “inconsistências contábeis”
A Americanas (AMER3) precisará incluir um espaço maior no plano de recuperação judicial que já soma mais de US$ 43 bilhões em débitos. A varejista também carrega uma conta elevada de tributos em aberto em diferentes esferas do Executivo no valor de R$ 1,8 bilhão.
Segundo dados da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e das secretarias de Fazenda dos dois maiores Estados do País, essa dívida tributária diz respeito a um débito em grupo, que inclui o governo federal, São Paulo e Rio de Janeiro.
A dívida fiscal, contudo, não é incluída no plano de recuperação judicial, esclarece o advogado Fábio Cury, sócio da área Tributária do Urbano Vitalino Advogados. Entretanto, a empresa precisa demonstrar ter capacidade de honrar esse passivo.
Plano de recuperação da Americanas (AMER3)
Após aprovado o plano, a empresa tem várias maneiras de abater seus débitos com o fisco, como parcelar em até 145 vezes e reduzir em até 70% algumas multas, desde que cumpridos alguns requisitos.
"Isso facilita para o contribuinte e permite que a empresa viabilize a recuperação judicial sem o prejuízo do pagamento dos tributos", explica Cury.
Ainda existem tributos que a empresa pode recuperar do prejuízo fiscal, se tiver lucro em curto prazo. E, de acordo com os balanços da empresa analisados pelos advogados, eles somam R$ 5,5 bilhões.
Leia Também
Não é possível saber quando ela os receberia. Uma vez esse valor recuperado, ela pode utilizar para pagar os credores e fornecedores na recuperação.
Histórico do processo
A Americanas entrou com pedido de recuperação judicial na última semana, após revelar aos investidores ter encontrado um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços da companhia.
O anúncio gerou uma corrida de credores para cobrar os saldos em aberto e afetou o caixa da empresa. O pedido já foi aceito pela Justiça do Rio de Janeiro e a empresa tem 60 dias corridos para apresentar o plano de reestruturação.
Credores públicos da Americanas
Na esfera fiscal, a Americanas precisa honrar as seguintes dívidas:
- São Paulo: R$ 965 milhões;
- Com a União: R$ 623 milhões;
- Rio de Janeiro: R$ 225 milhões.
Os valores são referentes à chamada dívida ativa, isto é, quando saíram da esfera administrativa e passaram a ser questionados na esfera judicial.
Na ponta do lápis, o número deve ser maior
A conta pode ser ainda maior, segundo tributaristas ouvidos pelo Broadcast. Isso porque esse montante não inclui impostos municipais e de outros Estados e nem o "passivo oculto", referente às "inconsistências contábeis" que a varejista disse existi nos balanços.
"Uma coisa é a dívida consolidada da empresa, existente hoje, declarada. Temos, no balanço, quanto ela deve, em linhas gerais, mas não sabemos o detalhamento dessa dívida. Outra coisa é o ‘passivo oculto’, que está nas inconsistências contábeis, que não sabemos quais são, se são reais ou não, e se trazem repercussão", afirma o advogado Angelo Ambrizzi, head da área tributária do escritório Marcos Martins Advogados.
O que dizem os números recentes da Americanas
No último balanço disponível da Americanas, divulgado em 30 de setembro de 2022, as provisões fiscais — previsões de perdas em processos judiciais sobre temas tributários — consolidadas para 31 de dezembro de 2022 somavam cerca de R$ 547 milhões.
A conta leva em consideração uma análise feita pela área jurídica da companhia sobre os processos em que pode haver perda.
Dentre os temas que a varejista questiona judicialmente, está, por exemplo, uma discussão no Conselho Administrativo de Recursos Fazendários (Carf) para a cobrança do Cofins do primeiro semestre de 2009, no valor de R$ 78,2 milhões, como consta no último formulário de referência da empresa de 2022.
A importância da companhia para arrecadação dos cofres públicas foi destacada como uma das justificativas no pedido de recuperação judicial. Segundo a varejista, o montante pago em impostos totaliza anualmente cerca de R$ 2 bilhões.
Reclassificação
A dívida tributária da empresa ainda pode aumentar significativamente com a reclassificação contábil no balanço da Americanas.
"Tudo vai depender dos ajustes das alegadas inconsistências. Eles vão ter que reclassificar e isso pode desencadear uma série de descumprimentos de obrigações acessórias e tributos não recolhidos, com juros e multa", afirma Marcos Martins, sócio fundador do escritório Marcos Martins Advogados.
Ela não deve fazer essa correção espontaneamente, de acordo com os especialistas. Primeiro, porque confessar o erro aceleraria o pagamento da dívida e ela não teria a certidão de regularidade fiscal (CND), necessária para a recuperação.
O caminho mais provável é esperar a cobrança do Fisco por um processo administrativo, o que postergaria o pagamento dessa dívida em, no mínimo, três anos.
Quem terá prioridade de pagamento da Americanas
Antes do pagamento da dívida tributária, a Americanas precisa pagar os credores e fornecedores. Porém, há uma prioridade no pagamento, de acordo com as leis que tratam de recuperação judicial.
"Em primeiro lugar, são pagas as despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência. Em seguida, os créditos trabalhistas, de natureza salarial, vencidos até três meses antes à decretação da falência e limitados a cinco salários-mínimos por trabalhador", explica Angelo Ambrizzi.
Os fornecedores que continuarem a abastecer e gerar lucro para Americanas durante o processo de recuperação, poderão ainda receber "tratamento diferenciado", de acordo com a Lei 14.11/2020, "desde que tais bens ou serviços sejam necessários para a manutenção das atividades e que o tratamento diferenciado seja adequado e razoável no que concerne à relação comercial futura".
*Com informações do Estadão Conteúdo
Depois de escândalo com Banco Master, Moody’s retira ratings do BRB por risco de crédito
O rebaixamento dos ratings do BRB reflete preocupações significativas com seus processos e controles internos, atualmente sob investigação devido a operações suspeitas envolvendo a aquisição de carteiras de crédito, diz a agência
Cyrela (CYRE3) e SLC (SLCE3) pagam R$ 1,3 bilhão em dividendos; Eztec (EZTC3) aumentará capital em R$ 1,4 bilhão com bonificação em ações
A maior fatia da distribuição de proventos foi anunciada pela Cyrela, já o aumento de capital da Eztec com bonificação em ações terá custo de R$ 23,53 por papel e fará jus a dividendos
Gol (GOLL54) é notificada pelo Idec por prática de greenwashing a viajantes; indenização é de R$ 5 milhões
No programa “Meu Voo Compensa”, os próprios viajantes pagavam a taxa de compensação das emissões. Gol também dizia ter rotas neutras em carbono
Se todo mundo acha que é uma bolha, não é: veja motivos pelos quais o BTG acredita que a escalada da IA é real
Banco aponta fundamentos sólidos e ganhos de produtividade para justificar alta das empresas de tecnologia, afastando o risco de uma nova bolha
Produção de cerveja no Brasil cai, principalmente para Ambev (ABEV3) e Heineken (HEIA34); preço das bebidas subiu demais, diz BTG
A Ambev aumentou os preços de suas marcas no segundo trimestre do ano, seguida pela Heineken, em julho — justamente quando as vendas começaram a encolher
Vale (VALE3) desafia a ordem de pagar R$ 730 milhões à União; mercado gosta e ações sobem mais de 1%
Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a mineradora alega que a referida decisão foi proferida em primeira instância, “portanto, seu teor será objeto de recursos cabíveis”
De seguro pet a novas regiões: as apostas da Bradesco Seguros para destravar o próximo ciclo de crescimento num mercado que engatinha
Executivos da seguradora revelaram as metas para 2026 e descartam possibilidade de IPO
Itaú com problema? Usuários relatam falhas no app e faturas pagas aparecendo como atrasadas
Usuários dizem que o app do Itaú está mostrando faturas pagas como atrasadas; banco admite instabilidade e tenta normalizar o sistema
Limpando o nome: Bombril (BOBR4) tem plano de recuperação judicial aprovado pela Justiça de SP
Além da famosa lã de aço, ela também é dona das marcas Mon Bijou, Limpol, Sapólio, Pinho Bril, Kalipto e outras
Vale (VALE3) fecha acima de R$ 70 pela primeira vez em mais de 2 anos e ganha R$ 10 bilhões a mais em valor de mercado
Os papéis VALE3 subiram 3,23% nesta quarta-feira (3), cotados a R$ 70,69. No ano, os ativos acumulam ganho de 38,64% — saiba o que fazer com eles agora
O que faz a empresa que tornou brasileira em bilionária mais jovem do mundo
A ascensão de Luana Lopes Lara revela como a Kalshi criou um novo modelo de mercado e impulsionou a brasileira ao posto de bilionária mais jovem do mundo
Área técnica da CVM acusa Ambipar (AMBP3) de violar regras de recompra e pede revisão de voto polêmico de diretor
O termo de acusação foi assinado pelos técnicos cerca de uma semana depois da polêmica decisão do atual presidente interino da autarquia que dispensou o controlador de fazer uma OPA pela totalidade da companhia
Nubank (ROXO34) agora busca licença bancária para não mudar de nome, depois de regra do Banco Central
Fintech busca licença bancária para manter o nome após norma que restringe uso do termo “banco” por instituições sem autorização
Vapza, Wittel: as companhias que podem abrir capital na BEE4, a bolsa das PMEs, em 2026
A BEE4, que se denomina “a bolsa das PMEs”, tem um pipeline de, pelo menos, 10 empresas que irão abrir capital em 2026
Ambipar (AMBP3) perde avaliação de crédito da S&P após calote e pedidos de proteção judicial
A medida foi tomada após a empresa dar calote e pedir proteção contra credores no Brasil e nos Estados Unidos, alegando que foram descobertas “irregularidades” em operações financeiras
A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava
Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas
UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?
O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura
Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora
A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.
Mesmo em crise e com um rombo bilionário, Correios mantêm campanha de Natal com cartinhas para o Papai Noel
Enquanto a estatal discute um empréstimo de R$ 20 bilhões que pode não resolver seus problemas estruturais, o Papai Noel dos Correios resiste
Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões
A empresa atua principalmente no Distrito Federal e, segundo a Smart Fit, agrega pontos comerciais estratégicos ao seu portfólio