Rodolfo Amstalden: Haddad, o patinho feio
O cargo de ministro da Fazenda no Brasil não é fácil e, para Haddad, que tende a ser sucessor de Lula, pode ser um problema

Nos atos falhos, o desejo do inconsciente é realizado. Quase sem querer, em seu discurso de posse, Fernando Haddad compartilhou sua própria definição de cargo no novo governo: "patinho feio da Esplanada".
A priori, não soa tão agradável, mas até que cai bem quando comparada ao pior emprego do mundo, de Thomas Traumann.
Pretendo argumentar aqui que a metáfora da família Anatidae tem potencial para ser melhor do que parece, embora dependa de superar grandes obstáculos para tanto; como as outras coisas da vida que valem mais que um bocado.
Primeiro, não é fácil ser ministro da Fazenda no Brasil.
Via de regra, você vai acabar o mandato com menos pontos do que começou. Para Haddad, que tende a ser sucessor do presidente Lula, isso pode ser um problema.
Bem, não há razão para ansiedades, saberemos ao término destes quatro anos vindouros. Demora para passar, e de repente já passou. Será que termina como história de final feliz, a exemplo do conto de Hans Christian Andersen?
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Em O Patinho Feio original, lembremos:
Por obra do acaso, um ovo de filhote de cisne vai parar no ninho de uma pata. Nasce diferente, mas supõe-se igual aos outros. Por conta disso, se sente deslocado e é maltratado pelos pretensos irmãos.
Só muito mais tarde, depois de se libertar, rodar o mundo e se meter em várias encrencas, o patinho feio descobre que, na verdade, é um cisne bem bonito.
É uma típica jornada de herói de Joseph Campbell, com requintes nietzschianos: torna-te quem tu és.
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O imperativo "torna-te quem tu és", do poeta Píndaro, sempre me pareceu bem mais interessante do que o "conhece-te a ti mesmo", do oráculo de Delfos.
Os oráculos partem da premissa de que somos predestinados (caso contrário, morreriam de fome). Portanto, o único desafio que nos resta é o de desvendarmos nosso caminho ao longo da jornada. Trata-se de uma missão por vezes emocionante, mas passiva. Somos espectadores da nossa própria existência.
Já para os poetas, naturalmente, nossa identidade precisa ser construída. Com muito esforço e alguma sorte, precisamos aprender a martelar nossos ossos rijos, de forma a nos transformarmos naquilo que queremos ser.
Sob uma interpretação literal, você pode achar que aquele ovo estranho no ninho era mesmo um ovo de cisne. Na minha humilde interpretação, era um ovo de pato. Só depois se tornou um ovo de cisne, no fim da história.
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