Luciano Bivar decidiu nesta sexta-feira (29) não concorrer à eleição presidencial deste ano. A desistência do até então pré-candidato do União Brasil coloca muito mais em jogo do que simplesmente o abandono da corrida ao Palácio do Planalto.
A primeira coisa a se pensar é que o União Brasil é a junção do DEM e do PSL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) concorreu na eleição de 2018.
Soma-se a isso o fato de que na quinta-feira (28), surgiu a notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articulava um possível apoio de Bivar à candidatura petista.
Eleições: uma mão lava a outra
Agora que desistiu do Planalto, Bivar deve ser candidato à reeleição como deputado federal por Pernambuco, em acordo firmado durante a reunião da Executiva Nacional do União Brasil.
Mas, nos bastidores, Bivar relatou a aliados que Lula sinalizou que poderia apoiá-lo na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados em 2023, caso vença a eleição, em troca do apoio da União Brasil no primeiro turno.
Para Bivar, importa o apoio de Lula não apenas na busca pelo comando da Câmara no ano que vem, mas também para que ele seja reeleito deputado.
Aliados de Bivar dizem que sem uma articulação na qual o PT e o PSB construam o apoio de prefeitos do estado a Bivar, seria difícil o parlamentar conquistar uma vaga na Câmara.
Bivar vai apoiar Lula ou não?
A hipótese de o União Brasil apoiar Lula no primeiro turno é considerada remota por integrantes da cúpula do partido.
Isso porque há dirigentes da legenda, como Ronaldo Caiado, pré-candidato à reeleição em Goiás, que seriam prejudicados com o apoio a Lula.
Ainda assim, a cúpula do PT quer se reunir com Bivar na próxima semana porque ainda acham possível obter o apoio de outros membros do União Brasil, ainda que sem uma aliança formal a adesão de toda legenda.
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Lula está de olho em que?
O partido de Bivar detém a maior fatia de fundo eleitoral e o maior tempo de propaganda de rádio e televisão.
Para aliados de Lula, conseguir mais espaço na TV traria um impacto importante para a campanha petista e aumentaria as chances de uma definição ainda no primeiro turno.
Ainda assim, mesmo que não consiga o apoio formal da União Brasil, a saída de mais um pré-candidato da disputa pelo Planalto e aproximação com o PT teria relevância do ponto de vista da governabilidade de uma eventual gestão Lula.
Além de Bivar...
Lula e seus aliados estão tentando reduzir o número de candidatos ao Planalto por meio de acordos. A ideia é facilitar uma possível vitória do petista ainda em primeiro turno.
Outro exemplo de aproximação de Lula é o pré-candidato do Avante, André Janones. Ambos devem conversa nos próximos dias.
Mas nem toda aproximação tem dado resultado. Aliados de Lula pressionaram para que Simone Tebet não concorresse, mas o MDB confirmou a candidatura ao Planalto.
*Com informações da Folha e do Poder 360