O PIX está em funcionamento há pouco mais de um ano, mas caiu rapidamente no gosto dos brasileiros.
As transações pelo sistema de pagamento instantâneo do Banco Central vêm superando consistentemente a marca de R$ 550 bilhões por mês.
Ninguém vai se espantar se o PIX transformar-se em breve no principal meio de pagamento em funcionamento no Brasil.
Entretanto, a greve por tempo indeterminado convocada pelos servidores para ter início na sexta-feira, 1º de abril, passou a alimentar temores de que os brasileiros venham a ter problemas para usar o PIX.
O que reivindicam os servidores do Banco Central
A categoria cobra do governo um reajuste salarial de 26,3%. Os servidores exigem também a reestruturação do plano de carreira dentro da autoridade monetária.
Dos quase 1,6 mil servidores que participaram da deliberação, 82% votaram pela paralisação total das atividades a partir de 1º de abril.
Os funcionários concursados do Banco Central vinham cobrando do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, um posicionamento do governo sobre a possibilidade de reajuste salarial.
Embora seja pessoalmente contrário a reajustes nos salários do funcionalismo público neste momento, Campos Neto chegou a encaminhar ofício ao Ministério da Economia solicitando que os servidores do BC recebam reajuste caso o governo decida aumentar os salários de outras categorias. Entretanto, nenhuma garantia foi dada aos funcionários do Banco Central, a quem cabe o controle do PIX.
Por que choram, afinal?
Os analistas do Banco Central ganham de R$ 19 mil a R$ 27 mil por mês. Já o salário dos quadros técnicos da autarquia é consideravelmente menos alto, variando entre R$ 7,5 mil e R$ 12,5 mil.
Desnecessário dizer que os valores encontram-se muito acima da realidade da maioria dos brasileiros. No entanto, é necessário questionar: do que eles reclamam, afinal?
No fim do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro prometeu reajustes a policiais federais e rodoviários.
Bolsonaro não oficializou o reajuste aos policiais até agora. Porém, a promessa levou representantes de diversas outras categorias do funcionalismo público a reivindicarem o mesmo tratamento.
Por que a preocupação com o PIX
Os servidores do BC têm realizado paralisações diárias de quatro horas, das 14h às 18h, desde 17 de março. Até o momento, a “operação padrão” não afetou o PIX, mas já teve impacto sobre uma série de atividades exclusivas do BC.
O movimento tem atrasado, por exemplo, divulgações como a Pesquisa Focus, o resultado do Questionário Pré-Copom, os dados de fluxo cambial e até mesmo a apuração diária da taxa de câmbio de referência, mais conhecida como Ptax.
Ontem, o BC informou que não divulgará nesta semana as estatísticas econômico-financeiras de fevereiro. A assessoria de imprensa da autoridade monetária informou que uma nova data de publicação será divulgada "oportunamente".
Plano de contingência para o PIX
A preocupação é de que os efeitos se espraiem para serviços mais amplos, como as operações com o PIX, que em poucos meses transformou-se em um dos principais meios de pagamento no Brasil.
Nos últimos dias, Campos Neto assegurou que a autoridade monetária dispõe de “esquemas de contingência” para manter suas atividades caso o movimento evolua para uma greve geral dos funcionários.
Hoje, por meio de nota, a direção do BC informou que:
- a) reconhece o direito dos servidores de promoverem manifestações organizadas;
- b) confia na histórica dedicação, qualidade e responsabilidade dos servidores e de seu compromisso com a Instituição e com a sociedade;
- c) tem planos de contingência para manter o funcionamento dos sistemas críticos para a população, os mercados e as operações das instituições reguladas, tais como STR, Pix, Selic, entre outros.
Se o plano de contingência vai funcionar, entretanto, só vamos saber na prática - se a greve dos servidores não for revertida.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
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