É a hora do Alibaba (BABA34)? Governo da China quer estimular a economia local e as big techs chinesas
Com crescimento mais lento da economia em três décadas, autoridades chinesas decidem reduzir a repressão e oferecer estímulos financeiros para o setor de tecnologia
“Volta o cão arrependido, com suas orelhas tão fartas, com seu osso roído e com o rabo entre as patas.” Essa fala foi tirada de um episódio do programa de televisão Chaves, mas pode muito bem ser aplicada ao se falar da relação do governo da China com as gigantes da tecnologia como o Alibaba.
As autoridades chinesas são famosas por suas regulamentações rigorosas sobre as empresas e plataformas de tecnologia. Porém, nesta sexta-feira (29), o governo de Xi Jinping indicou que não vai só diminuir a pressão como também oferecer estímulos financeiros para o setor.
"Não devemos perder tempo fazendo planos. Precisamos promover um ajuste no momento certo", disseram as autoridades chinesas.
Isso foi o suficiente para gerar um rali nas ações das big techs chinesas listadas em bolsa nos Estados Unidos. Mas a nova diretriz da China realmente abre novas oportunidades?
Xi Jinping está do lado das big techs?
O governo da China anunciou que vai introduzir “medidas específicas” para apoiar o setor de tecnologia local. Mas não pense que Xi Jinping está mudando suas diretrizes por bom coração e porque gosta de empresas como o Alibaba.
A decisão de Pequim tem base na economia do país, que mostrou o crescimento mais lento registrado em três décadas. A China fixou a meta de 5,5% de expansão para 2022, a menor taxa desde 1991.
O comitê central do Partido Comunista da China (PCCh) comprometeu-se a apoiar o país, que vem sendo atingido em cheio pela pandemia da covid-19 desde 2020.
O comitê informou que anunciará em breve medidas específicas para sustentar o desenvolvimento saudável e normal das plataformas.
Alibaba e outras big techs da China em alta
Os principais líderes da China não deram muitos detalhes sobre as promessas de estímulo, mas o anúncio foi o pontapé que as ações das big techs chinesas precisaram para registrar ganhos acentuados hoje.
O Alibaba (BABA) viu suas ações dispararem na bolsa de valores de Nova York. Por volta das 15h05, os papéis avançavam 8,71%, negociados a US$ 98,83.
O gigante do e-commerce também tem BDRs negociados na B3 sob o código BABA34. No mesmo horário, os ativos saltavam 8,95%, a R$ 17,40.
A DiDi (DIDI), dona do 99, também viu suas cotações em escalada na bolsa de NY, com alta de 6,91%, cotada a US$ 1,93 por papel.
A rival do Alibaba, JD.com (JD) — também chamada de Jingdong —, foi outra ação de tecnologia que saltou nesta sexta-feira. Os papéis tinham valorização de 7,80% na Nasdaq no mesmo horário, a US$ 62,32.
Já o Baidu (BIDU), empresa de serviços de busca de sites, avançava 5,26% na Nasdaq, a US$ 126,90.
Em relação aos índices, o Hang Seng, principal indicador da bolsa de Hong Kong, subia 4,01%, enquanto o Shanghai Composite, da bolsa de Xangai, tinha crescimento de 2,41%.
Outras medidas do governo da China
O governo chinês ainda prometeu garantir “cadeias de suprimentos em setores-chave” e disse que irá “responder positivamente” às demandas das empresas de investimento estrangeiras por um ambiente operacional de negócios mais simples.
O comitê central do PCCh também se comprometeu a fortalecer o desenvolvimento da infraestrutura e apoiar o mercado imobiliário, atendendo a demanda por moradias de melhor qualidade e intensificando a supervisão da renda das incorporadoras nas pré-vendas dos projetos.
Já as reformas econômicas mais difíceis de serem alcançadas foram largadas de fora pelas autoridades da China.
Entre as medidas descartadas para este ano, estão:
- Desaceleração do crescimento da dívida; e
- Redução da desigualdade de renda.
*Com informações de Markets Insider e Bloomberg
Leia também:
Elon Musk e Warren Buffett na mira do Alibaba: Saiba como a chinesa quer brigar com a Tesla e a BYD
As companhias asiáticas anunciaram nesta manhã o lançamento de um centro de computação para treinar o software para automóveis autônomos
Alibaba (BABA34) tem plano de listagem primária de ações em Hong Kong
Segundo o Alibaba, processo deve ser concluído até o fim deste ano e o plano é manter os papéis listados tanto na China quanto nos EUA
Jack Ma foi preso? Ação da Alibaba despenca com notícia de prisão de um Ma – e não era o Jack
Posterior esclarecimento de que a pessoa presa não era Jack Ma levou à recuperação das ações da Alibaba na bolsa de Hong Kong
A Alibaba aumentou seu programa de recompra de novo – e as ações dispararam em Hong Kong
Depois de ver suas ações atingirem a mínima histórica em 11 de março, a Alibaba elevou seu programa de recompra pela segunda vez em menos de um ano
Investidor superestima a China no curto prazo e subestima no longo prazo, diz Rodrigo Zeidan, professor da New York University Shangai
Em bate-papo com Jojo Washman, sócio-fundador da Vitreo, e com a jornalista Roberta Scrivano, ele também classifica a China como capitalista e fala do poder das fintechs no país
Tencent e JD.com anunciam separação, mas vão continuar amigas: Gigante da tecnologia oferece mais de R$ 90 bi em ações da empresa de e-commerce como dividendo e cede controle
Os acionistas da Tencent ganharão uma ação da JD.com para cada 21 ações que detiverem na carteira; Wal-Mart passará a deter a maior fatia
Crise das big techs chinesas atinge em cheio o SoftBank
Ações do grupo japonês de tecnologia caíram mais de 8% hoje, afetadas pelo noticiário envolvendo a Alibaba e a Didi
Governo de cidade chinesa assume o controle do estádio do Guangzhou Evergrande, estimado em mais de R$ 10 bilhões
Arena começou a ser construída em abril do ano passado, mas crise da Evergrande levou à paralisação da obra
O que está por trás da ofensiva do governo da China contra os bilionários e detentores de grandes fortunas
Aperto regulatório, medidas contra a formação de monopólios e estímulo à filantropia estão entre as ações adotadas por Pequim para mitigar as desigualdades no país
Os 5 BDRs que têm tudo para voar alto com o consumo cada vez mais forte na China
As vendas no varejo na China sobem forte desde o começo do ano. Veja algumas empresas com forte exposição ao mercado chinês e com BDRs na B3
Leia Também
-
Bitcoin (BTC) cai hoje, mesmo após halving e estreia do protocolo Runes; criptomoedas operam no vermelho em dia de pressão sobre empresas de tecnologia
-
O vilão da Vale (VALE3): o que fez o lucro da mineradora cair 9% no primeiro trimestre; provisões bilionárias de 2024 são atualizadas
-
Sem dancinhas: Biden sanciona lei que proíbe o TikTok nos Estados Unidos apesar do lobby chinês milionário
Mais lidas
-
1
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
2
A verdade dura sobre a Petrobras (PETR4) hoje: por que a ação estaria tão perto de ser “o investimento perfeito”?
-
3
Após o halving, um protocolo 'surge' para revolucionar o bitcoin (BTC): entenda o impacto do protocolo Runes