Cazaquistão: entenda por que a crise no país centro-asiático afeta o bitcoin (BTC), as bolsas em todo o mundo e os seus investimentos
Onda de protestos por conta de aumento do preço dos combustíveis no país da Ásia Central deixa mercados em alerta e coloca Rússia no centro dos holofotes
O Cazaquistão é uma realidade mais próxima dos brasileiros do que parece. O caos que se instalou nos últimos dias no país da Ásia Central mexeu com as bolsas em todo mundo e com criptomoedas como o bitcoin (BTC). Ou seja, mexeu com você e seus investimentos.
E são duas as razões para isso: o país é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e fica atrás apenas dos Estados Unidos quando o assunto é mineração de criptomoedas. Visualizou o tamanho do problema? Se ainda não conseguiu, vamos contar essa história em detalhes a partir de agora.
Crise explode, bitcoin despenca
Não foi à toa que o bitcoin caiu para uma baixa de três meses na noite de quinta-feira (7) - e segue em baixa hoje - em meio à crise no Cazaquistão.
Alvo de intensos protestos causados pela disparada dos preços dos combustíveis, o gabinete presidencial do país renunciou, mas não sem antes fazer com que a companhia de telecomunicações estatal Kazakhtelecom desativasse a conexão de internet no país.
Como o Cazaquistão é atualmente o segundo país com maior participação na hashrate da rede bitcoin, o poder computacional da rede imediatamente despencou mais de 13% em relação à máxima de ontem.
Segundo dados do YCharts, a hashrate da principal blockchain do mundo caiu de cerca de 205.000 petahashes por segundo (PH/s) para 177.330 PH/s.
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A hashrate mede o poder computacional da rede, ou seja, o quanto de esforço computacional está sendo utilizado para validar e realizar transações. Quanto maior a hashrate, mais segura e eficiente está a rede. Entenda como essa relação e a mineração de criptomoedas funciona.
Em outras palavras: com a queda no hashrate, a rede tende a ficar mais lenta e, em alguma medida, mais insegura, além de as taxas aumentarem por causa de um menor número de validações por segundo.
O petróleo também sente o efeito cazaque
Além do bitcoin, o petróleo e, consequentemente as bolsas, também sentem os efeitos da crise no Cazaquistão. Aqui, a explicação é menos técnica e mais ligada à questão da oferta e demanda.
Os preços do petróleo subiram ontem impulsionados pela ameaça de que a crise casaque venha a interromper os fornecimentos de um dos maiores produtores do mundo, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Até o momento, no entanto, não há indícios de que a produção de petróleo tenha sido afetada no país. A ex-república soviética produz atualmente 1,6 milhão de barris de petróleo por dia.
Mas é importante ter no radar que a chance de interrupção no fornecimento de petróleo do Cazaquistão reforça preocupações crescentes de que a Opep e seus aliados liderados pela Rússia - um grupo que ficou conhecido como Opep+ - terá dificuldade em aumentar a produção de petróleo em fevereiro, como prometido no início desta semana.
"Alguns produtores da Opep apresentaram níveis de extração abaixo dos acordados por vários meses devido a transtornos e falta de investimentos em campos", afirmam analistas do ING em relatório.
No caso do petróleo, a lógica é mais direta: produção cazaque em baixa, preços em alta e reflexos nos custos de produção de empresas como a Petrobras e suas ações.
Como tudo começou
Há alguns dias, o governo do Cazaquistão removeu os limites de preço para combustíveis automotivos, alegando buscar alinhamento às condições de preço do petróleo no mercado, que subiu consideravelmente. Com isso, o preço dos combustíveis praticamente dobrou do dia para a noite no país, dando início a uma série de protestos.
Existem também questões antigas que impulsionam os protestos, incluindo a raiva contra a corrupção endêmica no governo, a desigualdade de renda e as dificuldades econômicas, que foram agravadas durante a pandemia do novo coronavírus.
Esse coquetel de insatisfação levou manifestantes a invadirem na quarta-feira o aeroporto da maior cidade do país, Almaty, entrando à força em prédios do governo e incendiando o escritório administrativo da cidade, informou a mídia local.
Também houve relatos de confrontos com a polícia e os militares, um apagão da internet em todo o país e edifícios danificados em três grandes cidades.
Não está claro até que ponto civis foram mortos ou feridos, mas a imprensa local fala em pelo menos oito policiais e guardas nacionais mortos e mais de 300 feridos. Já o Ministério do Interior do país disse que mais de 200 pessoas foram presas.
A resposta do governo
A primeira coisa que o governo fez para tentar conter os protestos foi declarar estado de emergência em todo o país, com toque de recolher e restrições de movimento até 19 de janeiro, segundo a mídia local.
Cortes na internet foram relatados em todo o país, e o presidente Kassym-Jomart Tokayev disse que equipes militares foram enviadas.
Em um esforço para conter a agitação, Tokayev ordenou ainda que o governo reduzisse o preço do gás natural para 50 tenge (R$ 0,66) por litro em nome do que chamou de garantia da estabilidade do país.
Outras medidas com o mesmo propósito, segundo o presidente, também foram adotadas, entre elas, a regulamentação pelo governo dos preços dos combustíveis por um período de 180 dias, uma moratória sobre o aumento das tarifas de serviços públicos no mesmo período e a consideração de subsídios de aluguel para segmentos vulneráveis da população.
Soma-se a isso a renúncia do primeiro-ministro Askar Mamin e do gabinete de governo casaque. Tokayev assumiu o controle do Conselho de Segurança do país, substituindo o ex-presidente Nursultan Nazarbayev.
Encruzilhada política
A crise atual chega em um momento no qual o Cazaquistão se encontra em uma encruzilhada política. Por três décadas, o país foi comandado por Nursultan Nazarbayev. Antes disso, durante a época comunista, ele foi primeiro-ministro da República Socialista Soviética do Cazaquistão e secretário-geral do Partido Comunista do Cazaquistão.
Seu governo autoritário deixou uma marca no país, mas Nazarbayev também conseguiu atrair investimentos ocidentais no setor de petróleo e gás e, assim, gerar certa riqueza para o povo.
Hoje com 81 anos, ele renunciou à presidência em março de 2019, citando problemas de saúde. Especialistas, porém, acreditam que ele queria, acima de tudo, assegurar seu legado.
Foi assim que Tokayev tornou-se o novo presidente do Cazaquistão, embora Nazarbayev tenha mantido importantes cargos até recentemente.
A Rússia na crise cazaque
O Cazaquistão é considerado o segundo aliado mais próximo da Rússia na região da Eurásia, atrás apenas da Bielorrússia.
Após os protestos da oposição na Bielorrússia, em 2020, Moscou vê agora outro aliado estremecer.
Em 2010, Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão fundaram uma união aduaneira, um ambicioso projeto de integração do presidente russo, Vladimir Putin. A aliança resultou, posteriormente, na União Econômica Euroasiática (UEE), à qual também pertencem a Armênia e o Quirguistão.
Putin e Nazarbayev mantêm uma relação muito próxima e se encontraram pela última vez em dezembro, na reunião das ex-repúblicas soviéticas, em São Petersburgo.
Até agora, Moscou reagiu com cautela à crise no Cazaquistão, com o Ministério do Exterior russo pedindo diálogo, mas uma uma aliança militar de ex-Estados soviéticos liderada pela Rússia respondeu ao apelo de Tokayev por ajuda para conter os protestos.
A Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) – que inclui Rússia, Bielorrússia, Armênia, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão – enviou o que chamou de forças de paz ao Cazaquistão para estabilizar e normalizar a situação.
A instabilidade no Cazaquistão coincide também com a deterioração das relações entre Rússia e Ucrânia em um momento no qual Moscou se queixa da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em direção a sua zona de influência.
Pra não dizer que não falamos da China
Também causa preocupação o fato de o Cazaquistão fazer fronteira com a China, justamente na divisa com a província de Xinjiang.
No ano passado, o governo dos Estados Unidos acusou a China de promover uma campanha de “genocício” contra a etnia uigur, majoritária no Xinjiang.
Já o governo chinês assegura que suas ações de repressão em Xinjiang são restritas a focos de extremismo islâmico.
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