A Ilha: Taiwan pode virar o palco de uma nova guerra e abalar ainda mais a economia global?
O mundo voltou a falar da hipótese da China tomar Taiwan após a invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin
Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na China havia duas grandes forças políticas antagônicas: os nacionalistas, liderados pelo generalíssimo Chiang Kai-shek, e os comunistas, comandados por Mao Tsé-Tung.
Em 1931, os imperialistas japoneses, que desejavam se transformar em uma potência produtora de matérias-primas, além da força militar que já eram, tinham invadido o território da China, através da província da Manchúria.
Para enfrentar o inimigo comum, e tentar pôr fim às atrocidades que cometiam contra a população chinesa, Mao e Chiang unificaram seus exércitos. Comunistas e nacionalistas esqueceram momentaneamente suas diferenças e passaram a lutar em aliança contra os invasores.
Nesse esforço conjunto, receberam, dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, auxílio em armas, munições, suprimentos e aeronaves (inclusive com os respectivos pilotos).
Terminado o conflito, com o lançamento das bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, Chiang Kai-shek e Mao Tsé-Tung voltaram a ser inimigos na disputa pelo poder. A guerra civil chinesa, que ocorria antes da chegada dos japoneses, teve um, digamos, Segundo Tempo.
Após intensa luta fratricida, os comunistas venceram. Com o apoio dos Estados Unidos, os nacionalistas se refugiaram na ilha de Formosa (Taiwan), distante apenas 160 quilômetros do ponto mais próximo do litoral chinês. Isso aconteceu em dezembro de 1949.
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Nessa ocasião, dois dos grandes aliados da Segunda Guerra, Estados Unidos e União Soviética, iniciaram uma disputa que ficaria sendo conhecida como Guerra Fria, agravada pelo primeiro teste nuclear dos russos, no Cazaquistão.
Em São Francisco, na Costa Oeste dos EUA, em 1945, fora criada a Organização das Nações Unidas, em substituição à fracassada Liga das Nações, que tinha sido totalmente incapaz de impedir a Segunda Grande Guerra.
Na ONU, ficou estabelecido que Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha, França e China seriam os Cinco Grandes. Teriam direito a veto nas reuniões do Conselho de Segurança da nova entidade.
Acontece que, por imposição dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, Taiwan passou a representar toda a China. Era como se o gigantesco país comandado por Mao Tsé-Tung simplesmente não existisse, embora lá vivesse mais de um quinto da população mundial.
Evidentemente, a China continental, inconformada com a decisão, se isolou do mundo, com exceção da União Soviética e de outros partidos comunistas da Ásia (Coreia do Norte, por exemplo) e do Leste Europeu, satélites de Moscou.
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A reaproximação da China com os Estados Unidos
Passaram-se os anos.
A reaproximação sino-americana começou a ser costurada em 1971 no governo de Richard Nixon, pelo então assessor de Segurança Nacional (mais tarde, Secretário de Estado), Henry Kissinger, que viajou secretamente à China para se encontrar com o vice-líder do país, Chou En-Lai.
Um ano depois, para grande surpresa mundial, Mao Tsé-Tung recebeu Nixon em Pequim e os dois países iniciaram relações, ainda tímidas mas amistosas.
A principal exigência de Mao Tsé-Tung era que a China continental representasse toda a China na ONU e que Taiwan fosse excluída do organismo. Além disso, as nações que quisessem estabelecer relações diplomáticas com Pequim teriam de rompê-las com a ilha de Formosa, que o governo chinês considerava (e continua considerando até hoje) uma província rebelde.
A era do pragmatismo
Mao Tse-tung morreu em 1976 e, com ele, um movimento extremamente obscurantista chamado Revolução Cultural.
Dois anos depois da morte de Mao, assumiu o poder Deng Xiaoping, o estadista que transformou a China numa nação moderna.
Foi dele a frase antológica:
“Não importa se o gato é branco ou preto desde que mate o rato.”
Ao contrário de Mikhail Gorbachev, que implantara na União Soviética a Glasnost (transparência) e a Perestroika (reestruturação) Xiaoping se limitou à segunda.
O país continuou com partido único, sem liberdade de imprensa, e se manteve comunista só no nome e no retrato de Mao Tsé-Tung na Praça da Paz Celestial.
Em contrapartida, iniciou um avanço econômico estrondoso, passou a crescer em ritmo de dois dígitos, situação que permaneceu nos governos que sucederam ao de Xiaoping.
Em 2010, o PIB chinês ultrapassou o do Japão e se tornou o segundo maior do mundo, só atrás dos Estados Unidos.
Por enquanto.
Depois da Ucrânia vem Taiwan?
Em fevereiro deste ano, a Rússia de Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, numa atitude (guerra de conquista) que se considerava impensável nos tempos atuais.
O mundo então voltou a falar da hipótese da China tomar Taiwan.
O próprio líder chinês atual, Xi Jinping, fez questão de não desmentir a conjectura e até andou insinuando a respeito.
Aviões da força aérea da China têm feito voos rasantes sobre águas territoriais de Taiwan – parte do espaço aéreo chinês no entender de Pequim.
Acho extremamente improvável que a invasão a Taiwan aconteça.
Tenho várias razões para pensar dessa maneira.
Antes de mais nada, a operação teria de começar com um pesado bombardeio da ilha, o que causaria uma quantidade enorme de mortos, entre eles civis, mulheres e crianças.
Apesar da desproporcionalidade de território e população entre as duas Chinas (267/1 e 59/1), Taiwan é bem armada e irá se defender com a mesma coragem e garra da Ucrânia.
A ilha tem personalidade totalmente própria. Afinal de contas, restam poucos habitantes originários da fuga da China, que ocorreu já lá se vão 73 anos.
Ao contrário da época de Chiang Kai-shek, quando Formosa vivia sob a ditadura do generalíssimo, hoje em dia o regime é democrático, com presidente e vice-presidente eleitos a cada quatro anos.
Os chineses continentais não têm outra alternativa a não ser a de se conformar que Taiwan é um país independente de fato, mesmo sem fazer parte da ONU nem ser reconhecido formalmente pelas demais nações.
Mesmo após a ousadia de Vladimir Putin invadindo a Ucrânia, duvido que o ponderado Xi Jinping imite o colega russo.
A China tem um objetivo, que logo será alcançado, de se tornar a maior economia do mundo. Para isso, o país depende do comércio internacional, do qual já é o principal player.
Uma invasão de Taiwan poria tudo isso a perder.
Ivan Sant’Anna
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