🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView

Sob a névoa da guerra: as chances de Rússia e Ucrânia após seis meses de conflito

As coisas não se passaram da maneira que Putin queria, e já é muito remota a chance de a Rússia anexar integralmente o seu vizinho do oeste

7 de agosto de 2022
7:29 - atualizado às 19:15
Vladimir Putin, presidente da Rússia
Vladimir Putin - Imagem: Wikimedia Commons

Quando, em 24 de fevereiro deste ano – uma gelada quinta-feira de inverno no leste europeu – tropas da Rússia invadiram a Ucrânia, pelo norte, através da Bielo-Rússia, e pelo sudeste, pelas bordas dos mares Negro e de Azov, achou-se que era coisa para poucas semanas.

Nos primeiros dias, a blitzkrieg versão Vladimir Putin foi avassaladora. Os tanques russos se aproximaram das grandes cidades ucranianas, inclusive a periferia da capital, Kiev, no interior do país.

Em suas exigências, Putin não fez por menos. Queria que o presidente Volodymyr Zelensky fosse deposto por seu próprio exército, que a Ucrânia se desarmasse por completo, que formalizasse, no texto da Constituição, que jamais participaria da Organização do Atlântico Norte (OTAN – NATO) e desse autonomia à região de Donbass, onde ficam as cidades de Donetsk e Luhansk.

O presidente norte-americano, Joe Biden, chegou a oferecer asilo político à Zelensky, recebendo do colega ucraniano uma resposta exemplar:

Eu não preciso de carona e sim de armas e munição.”

As coisas não se passaram da maneira que Putin queria. O conflito já está para completar seis meses. Embora no leste e no sul as coisas tenham tomado um rumo favorável aos russos, no centro e na fronteira com a Polônia, as forças armadas ucranianas, auxiliadas por voluntários estrangeiros e guerrilheiros locais, rechaçaram os atacantes. Estes sofreram grandes baixas, inclusive de diversos generais.

Perderam enorme quantidade de tanques atingidos por coquetéis Molotov.

É difícil analisar este conflito sem mergulhar no passado tanto da Ucrânia como da Rússia.

É uma longa história.

Rússia e Ucrânia: famílias e bombas separadas

Comecemos pela visão micro, nos concentrando em Donbass. Parte de seus habitantes fala russo; parte, ucraniano. Uma parte quer ser da OTAN e da Comunidade Europeia, parte prefere ser satélite de Moscou.

Muitas famílias têm membros em Donbass e na Rússia.

Quem, Kiev ou Moscou, exercer influência em Donbass, terá de lutar com guerrilha urbana adepta do outro lado.

Os passados da Ucrânia e da Rússia (incluindo o período União Soviética) se confundem ao longo dos séculos.

Já foram e deixaram de ser o mesmo país várias vezes.

Antes de prosseguir narrando esse passado mais distante, é bom começar pelo erro colossal cometido pela República da Ucrânia quando se separou da União Soviética. Era o início dos anos 1990, época em que a URSS (CCCP) se esfacelou e a maior parte de suas repúblicas se tornou independente.

A Ucrânia, pasmem, era a terceira maior potência nuclear do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Soviética.

Quando o Exército Vermelho, obedecendo ordens de Moscou, saiu do território ucraniano, lá deixou milhares de mísseis e armas nucleares, além de silos atômicos e plataformas, fixas e móveis, de lançamento.

Só que, nos anos que se seguiram, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a própria Rússia, numa reunião realizada na Hungria, convenceram o governo ucraniano a entregar todo seu arsenal nuclear em troca de proteção (vou repetir: proteção) dessas três nações.

Assinou-se então o Memorando de Budapeste. E lá se foram as bombas atômicas e de hidrogênio, além dos foguetes, para as mãos do bêbado Boris Yeltsin.

Nessa ocasião, a União Soviética, após passar alguns anos usando o nome de CEI (Comunidade dos Estados Independentes), deixou que cada antiga república tomasse seu caminho, sempre entregando suas armas nucleares primeiro.

Estou falando da Georgia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Lituânia , Letônia, Estônia , etc.. E da Ucrânia, obviamente.

As chances da Ucrânia independente

Voltemos à história que mais interessa a este artigo, que é a da Rússia e da Ucrânia.

Há mais de dois terços de milênio que os ucranianos não permanecem independentes por muito tempo.

Já pertenceram aos mongóis, à Lituânia, à Polônia, aos impérios austríaco e otomano, até caírem sob o domínio dos czares de todas as Rússias, entre os quais, Pedro, o Grande, e Catarina, a Grande.

Finalmente, em 1917, penúltimo ano da Primeira Guerra Mundial, conseguiram ser independentes, ao fundarem a República do Povo da Ucrânia.

Com enorme extensão territorial (603 mil kms quadrados) e uma terra tão fértil que lhe valeu o título de Celeiro da Europa, em 1922 caiu nas mãos dos bolcheviques de Lenine, Trotsky e Stalin e passaram a ser a República Socialista Soviética Ucraniana, só retomando sua independência quando a União Soviética, o comunismo e o Pacto de Varsóvia se esfacelaram.

De novo voltando no tempo, durante o governo de Joseph Stalin na União Soviética, o tirano resolveu coletivizar a agricultura. A reforma deu tão errado que mais de seis milhões de pessoas morreram de fome. Boa parte delas no Celeiro da Europa, cuja produção, que já caíra enormemente com o fim das fazendas familiares, foi levada para ser distribuída por Moscou a quem bem o Kremlin entendesse.

O ódio dos ucranianos aos russos tornou-se tão grande que, pouco menos de uma década mais tarde, quando as tropas da Wehrmacht de Adolf Hitler invadiram o país, na operação Barbarossa, foram recebidos pelo povo com flores e festa.

A alegria durou pouco. Pouquíssimo. Em menos de 24 horas, a população da Ucrânia viu seus intelectuais, religiosos, professores, doutores, escritores, poetas e líderes políticos sendo enforcados pelos grupos de extermínio (Einsatzgruppen) nazistas, que praticamente só deixaram vivos os trabalhadores braçais, de quem precisavam para serem mão de obra escrava do Reich.

Aí, e só aí, ucranianos e russos se tornaram irmãos de sangue, frente ao inimigo comum. E juntos defenderam a pátria mãe (termo que Stalin não se cansava de usar, inclusive enaltecendo os grandes czares, Pedro e Catarina) primeiro na defesa de seus territórios, mais tarde no ataque à Alemanha através da Polônia.

Só o colapso da União Soviética, da chamada Cortina de Ferro e o fim do comunismo permitiram que a Ucrânia voltasse a ser independente.

O grande trunfo da Rússia

As chances de continuar a ser um país livre, mesmo perdendo as províncias problemáticas do leste, são grandes. Principalmente agora que Vladimir Putin vai fracassar em dominar os estados bálticos e em sua tentativa de evitar que a Finlândia e a Suécia entrem para a OTAN.

A Rússia está contando com o general Inverno, que derrotou Napoleão e Hitler, para impor severas penas à Alemanha e outros países da Europa, não cedendo-lhes gás natural, que pode passar a vender para os países da Ásia.

Essa guerra entre Rússia e Ucrânia ainda vai durar algum tempo. Mas já é muito remota a hipótese de Moscou anexar integralmente o seu vizinho do oeste, o celeiro da Europa.

Um forte abraço, 

Compartilhe

IVAN SANT'ANNA

Diário da campanha: As chances de Lula, Bolsonaro e da terceira via mudaram na reta final para o primeiro turno?

4 de setembro de 2022 - 7:23

Faltando um mês para as eleições, acredito ser quase impossível que Ciro ou Simone alcancem Bolsonaro, mas Lula dificilmente vence no 1º turno

Um gigante em crise?

Crise na Casa Branca: para onde Biden está levando os EUA?

10 de julho de 2022 - 8:31

Joe Biden tem tido um governo turbulento frente à Casa Branca — e, com popularidade em baixa e inflação em alta, o futuro dos EUA é nebuloso

IVAN SANT'ANNA

A Ilha: Taiwan pode virar o palco de uma nova guerra e abalar ainda mais a economia global?

12 de junho de 2022 - 7:25

O mundo voltou a falar da hipótese da China tomar Taiwan após a invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin

Ivan Sant'Anna

Onde investir com a alta dos juros e o fim da era do dinheiro de graça no mundo

8 de maio de 2022 - 7:45

Quem tiver a competência, ou a sorte, de detectar o pico da inflação e das taxas de juros e comprar papéis com renda prefixada, poderá ganhar uma nota preta

Ivan Sant'Anna

Bolsonaro reage na disputa contra Lula, mas quem o mercado vai escolher na corrida para o Planalto?

10 de abril de 2022 - 7:35

Eleições só terão influência na bolsa se Lula e Bolsonaro estiverem próximos nas pesquisas antes da votação. Nesse caso, o mercado será realista, como sempre foi

SEU MENTOR DE INVESTIMENTOS

Petróleo a 200 dólares? Como um novo choque de preços deve mudar a política da Petrobras (PETR4) para os combustíveis

13 de março de 2022 - 8:08

Simplesmente não confio em governos, mas acredito que, em ocasiões de emergência, a União pode interferir em alguns preços para evitar abusos

Ivan Sant'Anna

Lula é mais do que favorito para vencer as eleições, mas tudo pode mudar se Bolsonaro jogar a toalha — e o mercado adoraria

13 de fevereiro de 2022 - 7:39

Embora o mercado já esteja precificando Lula na presidência, os investidores, traders profissionais e gestores vão gostar muito de uma alternativa na Presidência

SEU MENTOR DE INVESTIMENTOS

Por que Bolsonaro corre o risco de se transformar no primeiro presidente em exercício a perder a reeleição

16 de janeiro de 2022 - 7:52

Em tese, Bolsonaro teria mais chance de manter imunidade – no caso, parlamentar – se concorresse a uma vaga no Senado

SEU MENTOR DE INVESTIMENTOS

Como Sérgio Moro pode se tornar o candidato dos sonhos do mercado financeiro nas eleições 2022

12 de dezembro de 2021 - 7:15

Ex-juiz tem chances de chegar à presidência, mas precisa de uma estratégia para firmar-se como ‘terceira via’ a Lula e Bolsonaro

Ivan Sant'Anna

Por que o IPO do Nubank pode ser uma armadilha para principiantes na bolsa

14 de novembro de 2021 - 7:44

Ao longo dos tempos, e ponham tempo nisso, os principiantes em investimentos chegaram atrasados aos lançamentos como o IPO do Nubank

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies