‘Papa do valuation’ está comprando Amazon e Facebook e considera ações da Meta muito baratas
Aswath Damodaran, professor de finanças da NYU e respeitado especialista em análise de ativos, refez suas avaliações das big techs americanas e contou quais ações do setor tem na carteira
As ações de empresas de tecnologia americanas estão caras? Bem, para o “papa do valuation”, Aswath Damodaran, em se tratando das big techs conhecidas nos Estados Unidos pelo acrônimo FANGAM, não necessariamente.
Estamos falando de Facebook (agora renomeada Meta), Apple, Netflix, Google, Amazon e Microsoft. O professor de finanças da New York University (NYU) e celebridade acadêmica refez as contas das suas avaliações dessas empresas e detectou que, surpreendentemente, a maior parte delas não está (tão) sobreavaliada, na sua visão.
Damodaran costuma expor suas análises, considerações, cálculos e também sua carteira pessoal de ações no seu blog.
Em postagem do dia 12 de fevereiro, o respeitado especialista em avaliação de ativos analisou as ações das big techs à luz dos últimos resultados, das notícias que vêm saindo na imprensa a respeito dos seus negócios e do desempenho recente das ações. Se você entende inglês, aliás, recomendo a leitura.
A conclusão do professor foi que as únicas ações realmente caras no momento são as de Netflix e Google. Microsoft e Apple estão apenas levemente sobreavaliadas, enquanto Facebook e Amazon estão, na opinião de Damodaran, baratas e em um bom momento para compra.
Com isso em vista, o “papa do valuation” disse que iria comprar ações do Facebook “simplesmente pelo seu preço baixo”. Ele também acrescentou a Amazon de volta ao seu portfólio pessoal e disse que a Microsoft, que já estava na carteira, seria mantida.
Leia Também
“Se eu ainda tivesse Apple, eu também a manteria, mas como não a tenho agora, preciso esperar por uma queda de preço, e quando vier, eu vou comprá-la”, escreve Damodaran.
O professor lamenta nunca ter investido em Google, mas disse não ter planos de comprar ações da companhia, pelos preços atuais.
- GUIA PARA BUSCAR DINHEIRO: baixe agora o guia gratuito com 51 investimentos promissores para 2022 e ganhe de brinde acesso vitalício à comunidade de investidores Seu Dinheiro.
Quanto à Netflix, a questão não se resume ao preço das ações. Damodaran disse que “simplesmente não gosta” da empresa, “mesmo a preços descontados”, diante do acirramento da concorrência.
“Eu acredito que reduzir custos com conteúdo, o que é chave para o sucesso da companhia, se tornou mais difícil, e não menos, após a entrada da Disney nas guerras do streaming”, diz o especialista.
| Empresa | Preço atual | Avaliação | Percentual acima ou abaixo do preço justo | Taxa Interna de Retorno (TIR) |
| Facebook / Meta | US$ 219,55 | Subavaliada | 32,76% abaixo do preço justo | 16,06% |
| Amazon | US$ 3.068,57 | Subavaliada | 9,70% abaixo do preço justo | 9,80% |
| Netflix | US$ 391,31 | Sobreavaliada | 19,60% acima do preço justo | 5,15% |
| Google / Alphabet | US$ 2.685,65 | Sobreavaliada | 9,30% acima do preço justo | 6,65% |
| Apple | US$ 168,64 | Sobreavaliada | 3,60% acima do preço justo | 6,80% |
| Microsoft | US$ 295,04 | Sobreavaliada | 6,59% acima do preço justo | 6,83% |
Facebook perdeu sua narrativa
Para Damodaran, as ações da Meta são as mais subavaliadas das seis companhias, mas um dos motivos é que a empresa parece ter perdido sua narrativa principal.
“Por uma década, gostando-se ou não da empresa, a história que impulsionava seu valuation era simples: uma plataforma de bilhões de usuários, que sabia muita coisa sobre eles e utilizava esse conhecimento para entregar propaganda bem direcionada”, explica Damodaran.
Segundo ele, o Facebook construiu seu negócio sobre o acesso e a utilização de dados privados. Porém, as recentes discussões sobre privacidade e regulação do acesso a esse tipo de informação “parecem ter finalmente levado a empresa a tentar se reinventar.”
Para Damodaran, tanto Facebook quanto Google têm estado no centro das discussões legais sobre privacidade e também dos debates acerca da radicalização política. Porém, enquanto o Google tem conseguido preservar uma boa imagem, o Facebook acabou saindo como vilão.

Damodaran esteve inclusive entre os críticos que atribuíram a mudança de nome para Meta a uma crise de imagem, uma tentativa de a companhia se desvincular de uma marca que havia se tornado tóxica, mais do que à história do investimento no metaverso. Na época, inclusive, o professor vendeu as suas ações da empresa.
O balanço mais recente da Meta caiu como uma bomba no mercado, com a primeira queda trimestral no número de usuários desde que a empresa abriu capital, o que levou suas ações a despencarem mais de 20% na bolsa.
Parte do mau resultado foi atribuído, pelo próprio Facebook, às novas regras mais rígidas de privacidade da Apple em seus dispositivos.
“Eu acho que o Facebook ainda é um monstro gerador de lucros, com algumas das mais altas margens operacionais entre as empresas americanas, mas acredito que até que encontre uma narrativa coesa, a recuperação dos preços será afetada”, diz o professor.
Netflix é a empresa mais sobreavaliada entre as FANGAM
O último balanço da Netflix também decepcionou profundamente os investidores e levou suas ações a caírem mais de 20% no dia seguinte à divulgação dos números. Mas mesmo após as perdas recentes, o professor Damodaran ainda considera os papéis caros.
A concorrência agressiva da Disney no streaming, com sua plataforma Disney+, é uma grande pedra no sapato da companhia.
“Sempre foi uma roda de hamster, onde seu principal discurso de vendas para os investidores é sua capacidade de continuar aumentando sua base de assinantes, e a única forma que a companhia consegue fazer isso é gastando quantias sempre crescentes em conteúdo novo. A questão de como a empresa conseguiria descer dessa roda de hamster sempre esteve lá, e agora que os números de usuários estão começando a desacelerar, e o custo de aquisição de novos assinantes está aumentando, o desafio está ficando maior”, diz o analista.
Google surpreende
A Alphabet, controladora da Google, foi a empresa que mais surpreendeu Damodaran, ao entregar crescimento elevado e margens crescentes, “sugerindo que os problemas do Facebook são só dele”.
Em outras palavras, o Google continua se saindo bem no negócio de entregar publicidade relevante e bem direcionada a seus usuários.
O professor observa que outras iniciativas do Google continuam sendo mais fonte de despesa do que geradoras de valor - e que talvez sempre seja assim -, mas que o buscador é verdadeiramente uma galinha dos ovos de ouro.
Amazon está acostumada a levar pedrada, mas se mantém firme
Das seis empresas, a Amazon é a mais acostumada a estar no centro de polêmicas, com todo o noticiário acerca de questões trabalhistas e suas práticas competitivas, fora as matérias nem sempre lisonjeiras sobre seu fundador e ex-CEO celebridade, Jeff Bezos.
Ao mesmo tempo, a companhia foi, durante bastante tempo, apenas uma promessa, focada em gerar receitas, mas com expectativa de se tornar lucrativa apenas no futuro.
“Nos últimos cinco anos, as margens da Amazon subiram, e a companhia está solidificando seu caminho de lucro, e enquanto reguladores e governos tentam freá-la, seu mix de negócios e geografias torna a regulação bastante difícil”, observa Damodaran.
Microsoft e Apple se tornaram 'mocinhos'
Microsoft e Apple, por sua vez, têm se mantido longe de controvérsias e polêmicas. De fato, diz Damodaran, a Apple conseguiu inclusive se posicionar do lado dos “mocinhos”, como uma protetora da privacidade dos dados dos seus usuários, e de quebra ainda machucou o Facebook.
Quanto aos seus produtos, Damodaran destaca que os novos modelos de iPhone receberam boas avaliações e que a Microsoft continua no seu caminho de longo prazo para consolidar seus carros-chefes (Windows e Office) e convertê-los em produtos de assinatura, à medida que aumenta a exposição do seu negócio de nuvem.
Suas diferentes plataformas (Office 365, LinkedIn e agora a Activision Blizzard) “oferecem potencial para crescimento e sustentação de altas margens”, diz.
Damodaran vê com bons olhos a aquisição da Activision pela Microsoft, que acredita estar dentro de um contexto muito maior do que apenas roubar participação de mercado das plataformas convencionais de games, como Sony e Nintendo.
“Eu acho que a Microsoft tem um mercado de games muito maior em mente, em grande parte online, onde está competindo com outras gigantes de mídias sociais (Facebook e Google) e plataformas de jogos online (Roblox)”, avalia.
Valor de mercado das big techs cresceu menos que o setor de tecnologia em geral
Desde a última avaliação dessas ações por Damodaran, em setembro de 2020, a capitalização de mercado das seis companhias teve uma alta de 21,9%, menos do que o setor de tecnologia americano como um todo (+37%) e as ações americanas de empresas não tech (+41,1%).
O desempenho dos papéis também foi bem diverso: enquanto Apple, Microsoft e Alphabet (dona do Google) viram fortes altas no período, de 30,35%, 36,70% e 68,56%, respectivamente, Amazon, Meta (dona do Facebook) e Netflix caíram 5,10%, 24,40% e 21,51%, respectivamente.
Olhando para os números dos balanços divulgados de 2019 a 2021, entretanto, todas essas companhias apresentaram crescimento de receita e lucro operacional no período.
Todos os valores da tabela estão em dólares americanos (USD).
Fonte: https://aswathdamodaran.blogspot.com/
Legenda:
Revenues - receitas
Operating income - lucro operacional
CAGR - taxa de crescimento anual composta, na sigla em inglês
Revenue growth - crescimento da receita
Operating income growth - crescimento do lucro operacional
“Esses números consolidados de crescimento, porém, não refletem as linhas de tendências nos três anos nessas companhias”, observa Damodaran, que lembra dos tropeços recentes das ações de Facebook e Netflix após a divulgação de balanços decepcionantes, o que levou as companhias a perderem cerca de um quinto de seu valor de mercado.
Enquanto a Meta surpreendeu negativamente o mercado com sua primeira queda trimestral em número de usuários, e a Netflix reportou crescimento decepcionante no número de assinantes, Amazon e Google apresentaram crescimento acima do esperado para as receitas e o lucro operacional, e Microsoft e Apple divulgaram números em linha com as expectativas.
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações de risco no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M.Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa
Ibovespa desafia a gravidade e tem a melhor performance desde o início do Plano Real. O que esperar agora?
Em Wall Street, as bolsas de Nova York seguiram voando às cegas com relação à divulgação de indicadores econômicos por conta do maior shutdown da história dos EUA, enquanto os valuations esticados de empresas ligadas à IA seguiram como fonte de atenção
Dólar em R$ 5,30 é uma realidade que veio para ficar? Os 3 motivos para a moeda americana não subir tão cedo
A tendência de corte de juros nos EUA não é o único fato que ajuda o dólar a perder força com relação ao real; o UBS WM diz o que pode acontecer com o câmbio na reta final de 2025
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa e Minerva (BEEF3) fica na lanterna; confira o sobe e desce das ações
O principal índice da bolsa brasileira acumulou valorização de 3,02% nos últimos cinco pregões e encerrou a última sessão da semana no nível inédito dos 154 mil pontos
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da Cogna (COGN3) desabaram mesmo depois de um “trimestre limpo”?
As ações passaram boa parte do dia na lanterna do Ibovespa depois do balanço do terceiro trimestre, mas analistas consideraram o resultado como positivo
Fred Trajano ‘banca’ decisão que desacelerou vendas: “Magalu nunca foi de crescer dando prejuízo, não tem quem nos salve se der errado”
A companhia divulgou os resultados do segundo trimestre ontem (6), com queda nas vendas puxada pela desaceleração intencional das vendas no marketplace; entenda a estratégia do CEO do Magazine Luiza
Fome no atacado: Fundo TRXF11 compra sete imóveis do Atacadão (CAFR31) por R$ 297 milhões e mantém apetite por crescimento
Com patrimônio de R$ 3,2 bilhões, o fundo imobiliário TRXF11 saltou de 56 para 74 imóveis em apenas dois meses, e agora abocanhou mais sete
A série mais longa em 28 anos: Ibovespa tem a 12ª alta seguida e o 9° recorde; dólar cai a R$ 5,3489
O principal índice da bolsa brasileira atingiu pela primeira vez nesta quinta-feira (6) o nível dos 154 mil pontos. Em mais uma máxima histórica, alcançou 154.352,25 pontos durante a manhã.
A bolsa nas eleições: as ações que devem subir com Lula 4 ou com a centro-direita na Presidência — e a carteira que ganha em qualquer cenário
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual, fala sobre como se posicionar para as eleições de 2026 e indica uma carteira de ações capaz de trazer bons resultados em qualquer cenário
