🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

Big techs

‘Papa do valuation’ está comprando Amazon e Facebook e considera ações da Meta muito baratas

Aswath Damodaran, professor de finanças da NYU e respeitado especialista em análise de ativos, refez suas avaliações das big techs americanas e contou quais ações do setor tem na carteira

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
16 de fevereiro de 2022
19:38
Logos das big techs americanas: Alphabet (Google), Apple, Amazon, Facebook e Microsoft
Logos das big techs americanas Alphabet (Google), Apple, Amazon, Facebook e Microsoft. - Imagem: Shutterstock

As ações de empresas de tecnologia americanas estão caras? Bem, para o “papa do valuation”, Aswath Damodaran, em se tratando das big techs conhecidas nos Estados Unidos pelo acrônimo FANGAM, não necessariamente.

Estamos falando de Facebook (agora renomeada Meta), Apple, Netflix, Google, Amazon e Microsoft. O professor de finanças da New York University (NYU) e celebridade acadêmica refez as contas das suas avaliações dessas empresas e detectou que, surpreendentemente, a maior parte delas não está (tão) sobreavaliada, na sua visão.

Damodaran costuma expor suas análises, considerações, cálculos e também sua carteira pessoal de ações no seu blog.

Em postagem do dia 12 de fevereiro, o respeitado especialista em avaliação de ativos analisou as ações das big techs à luz dos últimos resultados, das notícias que vêm saindo na imprensa a respeito dos seus negócios e do desempenho recente das ações. Se você entende inglês, aliás, recomendo a leitura.

A conclusão do professor foi que as únicas ações realmente caras no momento são as de Netflix e Google. Microsoft e Apple estão apenas levemente sobreavaliadas, enquanto Facebook e Amazon estão, na opinião de Damodaran, baratas e em um bom momento para compra.

Com isso em vista, o “papa do valuation” disse que iria comprar ações do Facebook “simplesmente pelo seu preço baixo”. Ele também acrescentou a Amazon de volta ao seu portfólio pessoal e disse que a Microsoft, que já estava na carteira, seria mantida.

Leia Também

“Se eu ainda tivesse Apple, eu também a manteria, mas como não a tenho agora, preciso esperar por uma queda de preço, e quando vier, eu vou comprá-la”, escreve Damodaran.

O professor lamenta nunca ter investido em Google, mas disse não ter planos de comprar ações da companhia, pelos preços atuais.

Quanto à Netflix, a questão não se resume ao preço das ações. Damodaran disse que “simplesmente não gosta” da empresa, “mesmo a preços descontados”, diante do acirramento da concorrência.

“Eu acredito que reduzir custos com conteúdo, o que é chave para o sucesso da companhia, se tornou mais difícil, e não menos, após a entrada da Disney nas guerras do streaming”, diz o especialista.

EmpresaPreço atualAvaliaçãoPercentual acima ou abaixo do preço justoTaxa Interna de Retorno (TIR)
Facebook / MetaUS$ 219,55Subavaliada32,76% abaixo do preço justo16,06%
AmazonUS$ 3.068,57Subavaliada9,70% abaixo do preço justo9,80%
NetflixUS$ 391,31Sobreavaliada19,60% acima do preço justo5,15%
Google / AlphabetUS$ 2.685,65Sobreavaliada9,30% acima do preço justo6,65%
AppleUS$ 168,64Sobreavaliada3,60% acima do preço justo6,80%
MicrosoftUS$ 295,04Sobreavaliada6,59% acima do preço justo6,83%
Fonte: https://aswathdamodaran.blogspot.com/

Facebook perdeu sua narrativa

Para Damodaran, as ações da Meta são as mais subavaliadas das seis companhias, mas um dos motivos é que a empresa parece ter perdido sua narrativa principal.

“Por uma década, gostando-se ou não da empresa, a história que impulsionava seu valuation era simples: uma plataforma de bilhões de usuários, que sabia muita coisa sobre eles e utilizava esse conhecimento para entregar propaganda bem direcionada”, explica Damodaran.

Segundo ele, o Facebook construiu seu negócio sobre o acesso e a utilização de dados privados. Porém, as recentes discussões sobre privacidade e regulação do acesso a esse tipo de informação “parecem ter finalmente levado a empresa a tentar se reinventar.”

Para Damodaran, tanto Facebook quanto Google têm estado no centro das discussões legais sobre privacidade e também dos debates acerca da radicalização política. Porém, enquanto o Google tem conseguido preservar uma boa imagem, o Facebook acabou saindo como vilão.

Aswath Damodaran, professor de finanças da Stern School of Business da New York University (NYU), considerado o 'papa do valuation'
Aswath Damodaran, professor de finanças da Stern School of Business da New York University (NYU), considerado o 'papa do valuation'. Foto de divulgação.

Damodaran esteve inclusive entre os críticos que atribuíram a mudança de nome para Meta a uma crise de imagem, uma tentativa de a companhia se desvincular de uma marca que havia se tornado tóxica, mais do que à história do investimento no metaverso. Na época, inclusive, o professor vendeu as suas ações da empresa.

O balanço mais recente da Meta caiu como uma bomba no mercado, com a primeira queda trimestral no número de usuários desde que a empresa abriu capital, o que levou suas ações a despencarem mais de 20% na bolsa.

Parte do mau resultado foi atribuído, pelo próprio Facebook, às novas regras mais rígidas de privacidade da Apple em seus dispositivos.

“Eu acho que o Facebook ainda é um monstro gerador de lucros, com algumas das mais altas margens operacionais entre as empresas americanas, mas acredito que até que encontre uma narrativa coesa, a recuperação dos preços será afetada”, diz o professor.

Netflix é a empresa mais sobreavaliada entre as FANGAM

O último balanço da Netflix também decepcionou profundamente os investidores e levou suas ações a caírem mais de 20% no dia seguinte à divulgação dos números. Mas mesmo após as perdas recentes, o professor Damodaran ainda considera os papéis caros.

A concorrência agressiva da Disney no streaming, com sua plataforma Disney+, é uma grande pedra no sapato da companhia.

“Sempre foi uma roda de hamster, onde seu principal discurso de vendas para os investidores é sua capacidade de continuar aumentando sua base de assinantes, e a única forma que a companhia consegue fazer isso é gastando quantias sempre crescentes em conteúdo novo. A questão de como a empresa conseguiria descer dessa roda de hamster sempre esteve lá, e agora que os números de usuários estão começando a desacelerar, e o custo de aquisição de novos assinantes está aumentando, o desafio está ficando maior”, diz o analista.

Google surpreende

A Alphabet, controladora da Google, foi a empresa que mais surpreendeu Damodaran, ao entregar crescimento elevado e margens crescentes, “sugerindo que os problemas do Facebook são só dele”.

Em outras palavras, o Google continua se saindo bem no negócio de entregar publicidade relevante e bem direcionada a seus usuários.

O professor observa que outras iniciativas do Google continuam sendo mais fonte de despesa do que geradoras de valor - e que talvez sempre seja assim -, mas que o buscador é verdadeiramente uma galinha dos ovos de ouro.

Amazon está acostumada a levar pedrada, mas se mantém firme

Das seis empresas, a Amazon é a mais acostumada a estar no centro de polêmicas, com todo o noticiário acerca de questões trabalhistas e suas práticas competitivas, fora as matérias nem sempre lisonjeiras sobre seu fundador e ex-CEO celebridade, Jeff Bezos.

Ao mesmo tempo, a companhia foi, durante bastante tempo, apenas uma promessa, focada em gerar receitas, mas com expectativa de se tornar lucrativa apenas no futuro.

“Nos últimos cinco anos, as margens da Amazon subiram, e a companhia está solidificando seu caminho de lucro, e enquanto reguladores e governos tentam freá-la, seu mix de negócios e geografias torna a regulação bastante difícil”, observa Damodaran.

Microsoft e Apple se tornaram 'mocinhos'

Microsoft e Apple, por sua vez, têm se mantido longe de controvérsias e polêmicas. De fato, diz Damodaran, a Apple conseguiu inclusive se posicionar do lado dos “mocinhos”, como uma protetora da privacidade dos dados dos seus usuários, e de quebra ainda machucou o Facebook.

Quanto aos seus produtos, Damodaran destaca que os novos modelos de iPhone receberam boas avaliações e que a Microsoft continua no seu caminho de longo prazo para consolidar seus carros-chefes (Windows e Office) e convertê-los em produtos de assinatura, à medida que aumenta a exposição do seu negócio de nuvem.

Suas diferentes plataformas (Office 365, LinkedIn e agora a Activision Blizzard) “oferecem potencial para crescimento e sustentação de altas margens”, diz.

Damodaran vê com bons olhos a aquisição da Activision pela Microsoft, que acredita estar dentro de um contexto muito maior do que apenas roubar participação de mercado das plataformas convencionais de games, como Sony e Nintendo.

“Eu acho que a Microsoft tem um mercado de games muito maior em mente, em grande parte online, onde está competindo com outras gigantes de mídias sociais (Facebook e Google) e plataformas de jogos online (Roblox)”, avalia.

Valor de mercado das big techs cresceu menos que o setor de tecnologia em geral

Desde a última avaliação dessas ações por Damodaran, em setembro de 2020, a capitalização de mercado das seis companhias teve uma alta de 21,9%, menos do que o setor de tecnologia americano como um todo (+37%) e as ações americanas de empresas não tech (+41,1%).

O desempenho dos papéis também foi bem diverso: enquanto Apple, Microsoft e Alphabet (dona do Google) viram fortes altas no período, de 30,35%, 36,70% e 68,56%, respectivamente, Amazon, Meta (dona do Facebook) e Netflix caíram 5,10%, 24,40% e 21,51%, respectivamente.

Olhando para os números dos balanços divulgados de 2019 a 2021, entretanto, todas essas companhias apresentaram crescimento de receita e lucro operacional no período.

Todos os valores da tabela estão em dólares americanos (USD).
Fonte: https://aswathdamodaran.blogspot.com/

Legenda:
Revenues - receitas
Operating income - lucro operacional
CAGR - taxa de crescimento anual composta, na sigla em inglês
Revenue growth - crescimento da receita
Operating income growth - crescimento do lucro operacional

“Esses números consolidados de crescimento, porém, não refletem as linhas de tendências nos três anos nessas companhias”, observa Damodaran, que lembra dos tropeços recentes das ações de Facebook e Netflix após a divulgação de balanços decepcionantes, o que levou as companhias a perderem cerca de um quinto de seu valor de mercado.

Enquanto a Meta surpreendeu negativamente o mercado com sua primeira queda trimestral em número de usuários, e a Netflix reportou crescimento decepcionante no número de assinantes, Amazon e Google apresentaram crescimento acima do esperado para as receitas e o lucro operacional, e Microsoft e Apple divulgaram números em linha com as expectativas.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

MERCADO DE METAIS ESSENCIAIS

Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis

29 de abril de 2025 - 9:15

Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

CHINA NO VOLANTE

Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro

29 de abril de 2025 - 8:16

O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas

JOGANDO UM CHARME

Haddad prepara investida para atrair investimentos em data centers no Brasil; confira as propostas

28 de abril de 2025 - 16:15

Parte crucial do processamento de dados, data centers são infraestruturas que concentram toda a tecnologia de computação em nuvem e o ministro da Fazenda quer colocar o Brasil no radar das empresas de tecnologias

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

ABRINDO OS TRABALHOS

Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos

28 de abril de 2025 - 6:05

Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central 

AÇÕES EM PETRÓLEO

Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI

26 de abril de 2025 - 16:47

Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.

CONCESSIONÁRIAS

Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1

26 de abril de 2025 - 12:40

Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira

BOLSA BRASILEIRA

Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano

26 de abril de 2025 - 11:12

Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.

3 REPETIÇÕES DE SMFT3

Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP

25 de abril de 2025 - 19:15

Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre

QUEDA LIVRE

Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea

25 de abril de 2025 - 18:03

No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira

SEMANA CRIPTO

A marca dos US$ 100 mil voltou ao radar: bitcoin (BTC) acumula alta de mais de 10% nos últimos sete dias

25 de abril de 2025 - 16:47

Trégua momentânea na guerra comercial entre Estados Unidos e China, somada a dados positivos no setor de tecnologia, ajuda criptomoedas a recuperarem parte das perdas, mas analistas ainda recomendam cautela

AGORA TEM FONTE

Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações

25 de abril de 2025 - 14:00

A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar