🔴 OURO DISPARA 55% EM 2025: AINDA DÁ PARA INVESTIR? – SAIBA COMO SE EXPOR AO METAL

Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

A carne passou do ponto?

Marfrig (MRFG3) chega a cair mais de 10% mesmo após um trimestre acima do esperado. Há oportunidade de compra?

Dúvidas quanto à desaceleração das operações da Marfrig (MRFG3) na América do Norte pesam sobre as ações. Mas o movimento se justifica?

Victor Aguiar
Victor Aguiar
4 de maio de 2022
14:51 - atualizado às 17:26
Imagem promocional mostrando os produtos da linha Bassi, da Marfrig (MRFG3)
Imagem promocional mostrando os produtos da linha Bassi, da Marfrig (MRFG3). - Imagem: Marfrig

O Ibovespa tem mais uma sessão de queda firme nesta quarta-feira (4), mas uma ação se destaca na ponta negativa do índice: a Marfrig (MFRG3), com baixas que superaram 10%. Um comportamento que salta aos olhos, especialmente porque o balanço trimestral da companhia mostrou um forte desempenho operacional neste início de 2022. Sendo assim, o que se passa com os papéis? Qual a razão por trás desse movimento na bolsa?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Indo direto aos números: a receita líquida da Marfrig nos três primeiros meses do ano chegou a R$ 22,3 bilhões, alta de quase 30% na base anual — um resultado acima das expectativas do mercado. A América do Norte segue mostrando um desempenho sólido, enquanto a América do Sul mostrou uma expansão de mais de 40% nas vendas.

A história se repete em outras linhas do balanço: o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também superou as projeções dos analistas, crescendo 60% em um ano e chegando a R$ 2,7 bilhões; a margem Ebitda foi a 12,3%, mais de dois pontos acima do registrado no primeiro trimestre de 2021.

Houve geração de caixa operacional de mais de R$ 1 bilhão, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda nos últimos 12 meses caiu a 1,36 vez, os volumes vendidos cresceram, tanto em quantidade quanto em receita. Realmente, há pouco do que se reclamar — e o consenso dos analistas é que, de fato, o balanço da Marfrig veio bastante forte.

Mas, independente disso tudo, fato é que as ações MRFG3 estão sendo negociadas nas mínimas do ano, na faixa de R$ 16,40 — na verdade, esse é o menor patamar de preço desde agosto de 2021. Portanto, há uma conclusão óbvia: o mercado não está levando em conta todos esses números citados acima.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas, se o balanço do primeiro trimestre está sendo ignorado... então, o que dita o comportamento dos investidores hoje?

Leia Também

Marfrig: preocupações quanto ao futuro

Não há um único fator que explique essa baixa dos papéis da Marfrig (MRFG3) — e muitos se questionam se essa queda abrupta é justa. Dito isso, o grande asterisco no balanço vem da National Beef, o braço de atuação da empresa na América do Norte.

A priori, não há nada de errado com essas operações: o volume vendido chegou a 523 mil toneladas entre janeiro e março deste ano, alta de 2,9% na comparação anual. Em termos de receita, a divisão chegou a US$ 3 bilhões, cifra 30% maior em um ano — não dá para dizer que é um desempenho ruim, convenhamos.

Mas, ao olharmos para o comportamento sequencial das operações da América do Norte, algumas dúvidas começam a emergir. O volume de vendas, em toneladas, ficou praticamente estável em comparação com o quarto trimestre de 2021; a receita líquida, por sua vez, caiu 5,8% ante os três últimos meses do ano passado — um indicativo de que os preços médios praticados foram menores.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E mais: os custos tiveram um ligeiro aumento de 3,3% na base trimestral, indo a pouco menos de R$ 2,5 bilhões. Com isso, tanto o lucro bruto quanto o Ebitda da divisão da América do Norte da Marfrig recuaram mais de 30% na comparação com o quarto trimestre do ano passado.

É verdade que esse tipo de comparação traz consigo algumas distorções: o fim de ano é um período particularmente forte de vendas — nos EUA, além do Natal e do Ano Novo em si, também há o dia de Ação de Graças, um feriado particularmente importante para os americanos. Ainda assim, essas quedas sequenciais não caíram exatamente bem.

E essa percepção de enfraquecimento gradual da National Beef e do mercado americano ganhou força com declarações de executivos na teleconferência de resultados da Marfrig, realizada nesta manhã. Entre outros pontos, foi sinalizado que os preços do gado nos EUA tendem a aumentar, colocando pressão extra sobre a linha de custos; por outro lado, a empresa diz que repassará parte desse efeito aos consumidores.

O xis da questão, então, recai sobre o comportamento do americano médio: com a inflação nos EUA atingindo patamares que não eram vistos desde os anos 70 — e às vésperas de um ciclo de alta de juros, o que tende a inibir o consumo no país —, como será recebido um aumento no preço das carnes?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Essa questão foi debatida pelo JP Morgan. O banco reuniu-se com a administração da Marfrig na noite de ontem, logo após a divulgação do balanço — e a própria empresa informou que o segundo trimestre teve um começo "mais lento que o normal" nos EUA, com questões climáticas impactando o preço do corte do gado.

Em relatório assinado pelo analista Lucas Ferreira e equipe, o JP Morgan ressalta, no entanto, que a Marfrig já vê uma retomada mais firme na demanda no mercado americano — o verão no hemisfério norte tende a impactar positivamente as vendas da companhia nos EUA e no Canadá.

Ou seja: há uma certa nebulosidade no curto prazo para os resultados da Marfrig na América do Norte, divisão responsável por uma fatia enorme do faturamento da companhia. E, de certa forma, isso tem mexido com a confiança dos investidores nesta quarta.

MRFG3: a queda é justa?

Exposto tudo isso, uma questão natural tende a emergir: essas preocupações, por si só, justificam uma queda de 8% nas ações da Marfrig (MRFG3), ainda mais considerando o desempenho sólido no primeiro trimestre?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É uma pergunta complexa: há quem argumente que, por mais que a Marfrig venha apresentando resultados fortes desde o ano passado e aproveitado a combinação de demanda elevada e preços elevados, a janela de oportunidade estaria se fechando — é como se o filé mignon já tivesse sido servido, digamos, restando agora os cortes menos nobres.

Mas gestores de ações ouvidos pelo Seu Dinheiro também argumentam que, por mais que uma desaceleração nas operações da América do Norte seja inevitável, fato é que a divisão está atualmente num nível bastante saudável de rentabilidade e margens. Sendo assim, uma eventual piora do mercado americano não seria trágica para a Marfrig, ainda mais levando em conta que as atividades na América do Sul estão com uma dinâmica cada vez mais positiva.

Por fim, há uma questão relativa à enorme posição de caixa da Marfrig: atualmente, a empresa conta com R$ 11,2 bilhões em seus cofres. Parte do mercado questiona o que será feito com todo esse dinheiro — e, até mesmo, se não há maneiras mais eficazes de se alocar esses recursos.

Ainda assim, esse é um argumento que abre espaço ao contraditório: o fato de uma empresa ter uma grande posição de caixa e alavancagem baixa não é uma notícia ruim a priori — e, muito menos, capaz de derrubar as ações em 8%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ou seja: há quem aponte uma distorção no comportamento do mercado, punindo excessivamente as ações da Marfrig e precificando que o pior cenário possível irá se desenhar daqui em diante. E se há uma distorção, há uma oportunidade?

Deixemos a resposta com os analistas de grandes bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro. Veja abaixo uma lista das recomendações e preços-alvo para MRFG3 — as altas potenciais são calculadas com base na cotação desta quarta-feira, após a forte queda dos papéis:

InstituiçãoRecomendaçãoPreço-alvo (R$)Potencial de alta
JP MorganNeutra26,0057,0%
Itaú BBANeutra26,0057,0%
XPCompra34,80110,1%
Genial InvestimentosNeutra25,0051,0%
Bank of AmericaCompra34,00105,3%
BTG PactualNeutra27,0063,0%

Repare que, por mais que várias casas tenham uma posição "neutra" ou "de manutenção" das ações da Marfrig em carteira, todas elas têm projeções de preço que implicam em ganhos superiores a 50% em relação às cotações atuais. Essa postura, em partes, é justificada pela perspectiva de desaceleração na América do Norte, mas também pelo próprio comportamento recente das ações.

Afinal, por mais que os papéis MRFG3 acumulem baixa de mais de 22% em 2022 — e que, no horizonte de 12 meses, estejam praticamente estáveis —, há um salto considerável quando comparamos com os níveis atingidos em março de 2020, no auge da incerteza relacionada à pandemia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na ocasião, as ações da Marfrig chegaram a cair para perto de R$ 5,50; assim, mesmo com toda a desvalorização vista hoje, o nível de preço atual ainda carrega consigo uma valorização de quase 300% desde março de 2020.


Em termos de múltiplos, veja a comparação dos indicadores de preço/lucro (P/L) e EV/Ebitda entre os grandes players desse setor — os dados são do TradeMap:

  • Marfrig (MRFG3): P/L 1,7x; EV/Ebitda 2,16x
  • JBS (JBSS3): P/L 3,9x; EV/Ebitda 3,59x
  • Minerva (BEEF3): P/L 13,4x; EV/Ebitda 5,93x
  • BRF (BRFS3): P/L 32,6x; EV/Ebitda 5,53x

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
NÃO ENGATOU

Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?

19 de novembro de 2025 - 18:49

Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão

COMPRA OU VENDE?

SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano

19 de novembro de 2025 - 17:40

Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel

VAI CAIR NA CONTA?

Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo

19 de novembro de 2025 - 11:33

Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos

EFEITOS DO IMBRÓGLIO

Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima

19 de novembro de 2025 - 10:20

O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez

OPORTUNIDADES OU ARMADILHA?

Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas

19 de novembro de 2025 - 6:02

Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários

ALTA COM DESCONFORTO

Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual

18 de novembro de 2025 - 15:22

Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro

DEPOIS DA LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa

18 de novembro de 2025 - 11:41

As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro

ONDA DE REVISÕES CONTINUA

Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação

17 de novembro de 2025 - 15:53

Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua

REAÇÃO AOS BALANÇOS

Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?

17 de novembro de 2025 - 15:15

Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen

FUNDOS IMOBILIÁRIOS

Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%

15 de novembro de 2025 - 16:23

Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX

ESTRATÉGIA DOS GESTORES

Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina

15 de novembro de 2025 - 15:30

Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973

14 de novembro de 2025 - 18:44

Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%

O DIA DEPOIS DO BALANÇO

Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%

14 de novembro de 2025 - 17:37

Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre

QUEM É VIVO SEMPRE APARECE. OU MELHOR: QUEM É OI

Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%

14 de novembro de 2025 - 16:52

Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3

O QUE BOMBOU NA BOLSA

Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano 

14 de novembro de 2025 - 15:02

Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano

AÇÕES QUE FICARAM PARA TRÁS

Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa

14 de novembro de 2025 - 12:02

Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3

GALPÕES LOGÍSTICOS

A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas

14 de novembro de 2025 - 6:07

Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?

“REALMENTE ME ASSUSTA”

A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações

13 de novembro de 2025 - 19:01

Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo

A VOZ DOS GESTORES

A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado

13 de novembro de 2025 - 14:01

Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial

HORA DO “GRANDE CORTE”

De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?

13 de novembro de 2025 - 11:59

Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar