Ibovespa sobrevive a mar vermelho no exterior e consegue fechar em alta; avanço nos retornos dos Treasuries pesa nos juros e no câmbio
Principal índice da B3 lutou para se manter no lado positivo ao longo de todo o pregão, com ajuda das commodities; dólar, porém, também fechou em alta

Nada como uma perspectiva de aperto monetário para segurar o desempenho dos ativos de risco. E nesta terça-feira (18), os mercados financeiros americanos voltaram do feriado colocando nos preços a expectativa dos investidores com a alta dos juros e a redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos.
O resultado foi uma disparada nos juros futuros, os retornos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano. Como consequência, as bolsas internacionais fecharam em queda, com perdas significativas em Nova York, sobretudo das ações de tecnologia.
Na Europa, as bolsas fecharam majoritariamente em baixa, com o índice pan-europeu Stoxx 600 recuando 1,03%. Em Wall Street, o Dow Jones caiu 1,51%, o S&P 500 fechou em queda de 1,84%, e o Nasdaq teve perdas de 2,60%.
A bolsa brasileira, no entanto, perseverou. Após uma sessão bastante instável, em que alternou altas e baixas ao longo de todo o dia, indo abaixo dos 106 mil pontos na mínima e acima dos 107 mil na máxima, o Ibovespa conseguiu fechar em alta de 0,28%, aos 106.667 pontos.
As pedras de salvação foram as ações ligadas a commodities, sobretudo ao minério de ferro, que fechou em alta de 1,59%, a US$ 127,65, no porto do Qingdao, na China. O petróleo, que também fechou com forte alta após um atentado nos Emirados Árabes Unidos na última madrugada, também contribuiu, mas com menos intensidade.
O dólar, por sua vez, foi impulsionado globalmente, avançando mesmo ante as moedas fortes. Em relação ao real, a moeda americana fechou em alta de 0,61%, a R$ 5,5603.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Já os juros futuros locais foram levados às máximas com a alta dos retornos dos Treasuries, sendo influenciados também pelo risco fiscal, devido às pressões dos servidores públicos federais por reajustes de salário.
Veja como fecharam os principais contratos de DI nesta terça:
- Janeiro/23: alta de 12,027% para 12,08%;
- Janeiro/25: alta de 11,413% para 11,48%;
- Janeiro/27: alta de 11,412% para 11,45%.
Paralisação dos servidores
Não foram só os fatores externos que pressionaram os juros futuros brasileiros nesta terça. As paralisações dos servidores públicos federais marcadas para hoje também pesaram sobre o risco fiscal, contribuindo para a elevação das taxas.
Cerca de 40 categorias do funcionalismo público federal reclamam reajuste de salários, depois que o presidente Jair Bolsonaro articulou espaço no Orçamento de 2022 para aumentos apenas para as categorias policiais, sua base de apoio.
O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que representa 37 categorias do funcionalismo público federal, protocolou hoje um pedido de reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para levar os pleitos das entidades ao Executivo e prevê que pode haver greve no final deste mês.
E os auditores do Tesouro Nacional analisam fazer um movimento semelhante ao da Receita Federal, falando em entregar os cargos de gerência se o Executivo não conceder reajuste à categoria.
A pressão por reajustes ao funcionalismo leva o mercado a temer um aumento de gastos públicos, ainda mais levando-se em conta que 2022 é ano eleitoral.
Dia vermelho em Nova York
A volta do feriado teve um tom bastante negativo nas bolsas americanas, com os juros dos Treasuries renovando suas máximas históricas. O juro da T-Note de dois anos chegou a tocar a marca de 1,062%, enquanto o da T-Note de dez anos tocou a marca de 1,875%, retornos que não eram atingidos desde janeiro e fevereiro de 2020, respectivamente.
Cresce no mercado a avaliação de que o aperto monetário a ser feito pelo Federal Reserve, o banco central americano, talvez precise ser maior que o já sinalizado, dada a persistência da inflação nos Estados Unidos.
O avanço nos rendimentos pagos pelos títulos que são considerados os investimentos mais seguros do mundo fortalece o dólar e enfraquece os ativos de risco, como as ações, pois incentiva uma migração de recursos de investimentos como as ações, sobretudo aquelas consideradas mais arriscadas, para os Treasuries.
Assim, bolsas emergentes e ações de empresas de tecnologia, especialmente aquelas que ainda não geram caixa, tendem a sofrer mais.
No noticiário corporativo, houve a divulgação de mais um balanço de banco que não agradou. O Goldman Sachs reportou um lucro, no quarto trimestre, 13% menor do que o do mesmo período do ano anterior, além de um lucro por ação abaixo do consenso de mercado. A ação da instituição financeira recuou 6,97% hoje, puxando o Dow Jones para baixo.
Commodities salvam o Ibovespa
Apesar de pressionada pela disparada dos juros dos Treasuries, a bolsa brasileira lutou para ficar no azul nesta terça, e no fim do dia seu principal índice de ações conseguiu fechar no campo positivo, graças principalmente às ações de empresas ligadas a commodities.
Com a alta do minério de ferro, ações de mineradoras, siderúrgicas e metalúrgicas tiveram um bom desempenho - uma delas, a Gerdau (GGBR4), inclusive fechou com uma das maiores altas do Ibovespa, com avanço de 3,40%, a R$ 28,60.
As ações da Vale (VALE3) subiram 2,45%, a R$ 86,31, as da CSN Mineração (CMIN3) avançaram 2,27%, a R$ 7,20, as da Gerdau Metalúrgica (GOAU4) tiveram alta de 2,34%, a R$ 11,82, as da CSN (CSNA3) ganharam 2,59%, a R$ 28,79, e as da Usiminas (USIM5) fecharam em alta de 1,91%, a R$ 16,54.
O petróleo também teve um dia de fortes ganhos, pressionado sobretudo por uma nova tensão na região do Oriente Médio.
Somando-se aos conflitos no Cazaquistão, durante a madrugada, um ataque drone de rebeldes do Iêmen ao aeroporto internacional dos Emirados Árabes Unidos provocou incêndios e deixou três mortos.
Com isso, a cotação do WTI fechou em alta de 1,83%, a US$ 84,83 o barril, e o Brent - referência para os preços da Petrobras - avançou 1,19%, a US$ 87,51 o barril.
As ações da Petrobras chegaram a subir mais de 1% hoje, quando os preços do petróleo estavam mais pressionados, mas acabaram perdendo força e fechando com ganhos mais modestos, de 0,35% (PETR3) e 0,44% (PETR4). Em janeiro, os papéis da estatal já acumulam alta de mais de 10%.
Sobe e desce do Ibovespa
Já as ações da PetroRio (PRIO3) tiveram a maior alta do Ibovespa no dia, fechando com valorização de 4,82%, a R$ 23,82.
Ainda entre as maiores altas, vale destacar a ação da Cogna (CGNA3), que chegou a ficar na primeira posição das maiores altas do índice mais cedo.
Os investidores reagiram à notícia de que a gestora Alaska, de Henrique Bredda e Luiz Alves Paes de Barros, adquiriu ações da empresa por meio de seus fundos de investimento, aumentando sua participação na companhia de cerca de 10% para cerca de 15%.
Veja as maiores altas do Ibovespa nesta terça:
CÓDIGO | AÇÃO | VALOR | VARIAÇÃO |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 23,92 | +4,82% |
COGN3 | Cogna ON | R$ 2,25 | +3,69% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 28,60 | +3,40% |
BBSE3 | BB Seguridade | R$ 20,31 | +3,25% |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 19,63 | +2,94% |
A alta dos juros nos EUA pressionou os juros futuros no Brasil e, tal como aconteceu em Wall Street, as ações de empresas consideradas techs sofreram na bolsa brasileira hoje. Foi o caso de Locaweb (LWSA3) e Inter (BIDI11), ambas entre as maiores baixas do dia, com perdas de mais de 10%.
Não é de hoje que essas ações vêm sofrendo com a escalada nas taxas futuras. Só em janeiro, LWSA3 já caiu mais de 40%, e BIDI11 já perdeu quase 30%. Veja as maiores quedas do Ibovespa hoje:
CÓDIGO | AÇÃO | VALOR | VARIAÇÃO |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 7,67 | -10,61% |
BIDI11 | Inter unit | R$ 20,70 | -10,43% |
ALPA4 | Alpargatas PN | R$ 28,54 | -7,88% |
BRFS3 | BRF ON | R$ 23,32 | -5,78% |
NTCO3 | Natura &Co | R$ 20,24 | -4,66% |
*Com informações do Estadão Conteúdo.
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Petrobras (PETR4): produção de petróleo fica estável em trimestre marcado pela queda de preços
A produção de petróleo da estatal foi de 2,214 milhões de barris por dia (bpd) entre janeiro e março, 0,1% menor do que no mesmo período do ano anterior, mas 5,5% maior na comparação trimestral
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são
Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal