🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Felipe Miranda: ‘Estamos deitados, mas o berço é esplêndido’

Estrategista-chefe da Empiricus traz uma reflexão sobre polarização política, investimentos e o mito do brasileiro cordial a menos de um ano das eleições

13 de dezembro de 2021
11:20 - atualizado às 9:11
Felipe Miranda
Felipe Miranda, estrategista-chefe e CIO da Empiricus. - Imagem: Reprodução

— Oi, tudo bem?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Assim normalmente começam as conversas entre nós, brasileiros.

Não bastasse o caráter pitoresco da pergunta, a ela costuma se seguir uma resposta afirmativa.

Como descreve Lilia Schwarcz no prefácio da nova edição de “Hello, Brasil”, de Contardo Calligaris, “um diálogo previamente disposto por uma confirmação recíproca e prévia”.

Como assim “tudo bem"?

Claro que não está tudo bem. Não pode estar. Algumas coisas estão bem, outras nem tanto. É assim que deve ser, né?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ou será que existe alguma viva alma por aí cuja existência esteja absolutamente tudo bem? Não haveria alguma coisinha mínima que não esteja bem?

Leia Também

No Brasil, até a linguagem mais corriqueira presume a necessidade de tudo estar bem e devidamente pacificado. Não há beligerância. Prevalece um ar de certa tranquilidade, talvez hospitalidade, transmitido na mais simples conversa.

Só mesmo aqui

A saudação é bem diferente, por exemplo, dos neutros “how are you?” ou “comment allez-vous?”. Mundo afora, não parece razoável sequer supor a possibilidade de tudo estar bem.

Talvez seja um resultado de todo processo da colonização portuguesa, seus arranjos e tergiversações distantes de outras dinâmicas revolucionárias de independência, as adaptações típicas do nosso “jeitinho”, tal como descrito mesmo no clássico “Raízes do Brasil”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Também na outra obra essencial à caracterização da formação econômica e social do Brasil, “Casa-Grande & Senzala”, está destacada nossa constituição a partir da miscigenação entre os brancos (portugueses sobretudo), os escravos pretos e os povos indígenas.

Moro num país 'cordial'

Como escreve Contardo Calligaris no mesmo “Hello, Brasil”, o país, para nós, seria uma terra cordial, “onde se teria inventado uma feliz democracia racial, onde as crianças são adoradas — ainda que não se saiba educá-las — e onde seus habitantes gostariam de ter a reputação de serem muito interessados em sexo. E também (mais uma peculiaridade) ele se veria e entenderia como um indivíduo — claro, um gigante, pelo próprio tamanho, mas, mesmo assim, um indivíduo”.

A convivência harmoniosa com o diferente é — ou, corrigindo, era — traço histórico-cultural brasileiro. O sincretismo penetra(va) raças e religiões. Aí, de repente, inventaram o “nós contra eles”, “os mortadelas contra os coxinhas”, “a polarização entre esquerda e direita”.

A julgar pelo que apontam as pesquisas eleitorais para 2022, ou mesmo as conversas de Zap nos grupos de família, estaríamos condenados à polarização e ao populismo por mais quatro anos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A vitalidade iorubá

Será? Teríamos mesmo perdido, para usar um termo de Eduardo Giannetti, nossa “vitalidade iorubá” para sempre?

Em conversa recente com o próprio Giannetti, ele ofereceu uma reflexão interessante.

Aqui me faltam as palavras precisas — e peço desculpas por isso —, mas era algo mais ou menos assim: não podemos confundir algo circunstancial e conjuntural com elementos estruturantes e mais definitivos da constituição brasileira.

Uma caracterização formada por séculos poderia mesmo ser destruída por poucos anos de desvios?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A tal “vitalidade iorubá” não é uma suposição teórica, tampouco uma ilação anedótica do Carnaval ou do futebol. É, conforme já apontaram alguns estudos empíricos, a manifestação medida de índices de felicidade superiores mesmo entre as crianças de classe baixa no Brasil relativamente aos observados na Inglaterra ou na Suécia.

Os estrangeiros já se foram

Não é apenas uma discussão social. O rompimento do Brasil consigo mesmo, com seus elementos estruturantes, nos afasta do capital estrangeiro. E nos afasta de nossa própria esperança. Se até ela, que ficou sozinha na caixa de Pandora como a última dos moicanos, se perdeu, o que haveria agora? Conforme Ilan Goldfajn falou hoje ao NeoFeed, “os investidores estrangeiros não estão fugindo do Brasil. Eles já fugiram”.

A parte boa é que eles voltam. Isso depende deles mesmos, claro. Mas também um pouco de nós.

Momento de inflexão

Enquanto nos perdemos em críticas duras a Roberto Campos Neto e sua recente adoção de discurso muito duro, perdemos de vista que, talvez, estejamos vivendo justamente neste momento uma inflexão na inflação e suas expectativas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O IPCA de sexta-feira veio bem abaixo das projeções, derrubando a curva de juros. Hoje, depois de várias e várias semanas, o Focus trouxe uma revisão para baixo nas estimativas de inflação.

É sintomático e com implicações expressivas sobre os valuations de ativos de risco — a WHG, por exemplo, fez um tuíte interessante neste final de semana: “Atualizamos nossa simulação de qual seria o target do Ibovespa usando a curva longa de juros corrente, que melhorou 1.8pp desde a máxima (e passamos o modelo para 2022). Nesse nível da curva (11%), o valor do Ibovespa iria para 135 mil pontos no final de 2022”.

Seria um primeiro movimento em prol de maior alocação em ações dos privates e wealths mais relevantes do país, a maioria sublocada em Bolsa? Os multimercados viriam junto?

Ao final da semana passada, Luiz Parreiras, da Verde, falou ao InfoMoney: a Bolsa brasileira está bem barata agora; o mercado atribuiu um risco muito grande em termos fiscais de longo prazo ao preço das ações. Enquanto isso, seja por inflação ou por preço de commodities, objetivamente caminhamos para superávit primário em 2021.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O risco eleitoral

“Ah, mas as eleições não seriam um risco?” Claro que seriam. Sempre são. De novo, é impossível estar “tudo bem”.

A vida não é propriamente um ato de não correr risco ou evitar problemas a qualquer custo.

A questão é: qual risco topamos correr e o que já está no preço? Do que estamos com medo exatamente? De usarmos espaço fiscal para programas populistas/eleitoreiros e emendas do relator? De usar os bancos públicos, conforme sinaliza a revista Veja para 2022, para aumentar o crédito? De darmos auxílios para classes específicas, tipo caminhoneiros, e fomentar ainda mais o “país da meia entrada”? De não caminharmos como deveríamos com as reformas? Ora, não seria exatamente isso que estamos vendo hoje e, portanto, boa parte já estaria no preço? A surpresa não seria exatamente a possibilidade de algo bom?

Em termos pragmáticos para os ativos financeiros (lembre-se de que o mercado é aético), se for mesmo Geraldo Alckmin (ou “um Geraldo Alckmin”), cujo guru econômico é (ou ao menos era) Persio Arida, aquele mesmo da proposta Larida do Plano Real, vice de Lula, não teríamos tido uma diminuição brutal dos riscos?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se vale a teoria política do eleitor médio, na falta de um candidato de centro, talvez tenhamos três.

É impossível fugir de si mesmo

No final do dia, é impossível fugir de si mesmo.

Vale para indivíduos e para países — principalmente para países que, como nos lembra Calligaris, se veem como indivíduos.

Estamos muito abaixo da mediocridade complacente e macunaímica, típica das raízes brasileiras.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O próximo de despertar

O próximo de despertar não é lento e gradual. Ele ocorre em saltos súbitos, não lineares e expressivos.

Veja o que está acontecendo em dezembro.

Quem sabe não é o início de um processo mais contundente de nos voltarmos a nós mesmos?

Estamos deitados, mas o berço é esplêndido.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
CHEGOU AO TOPO?

Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso

21 de outubro de 2025 - 18:30

É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA

VAMOS...PULAR!

Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%

21 de outubro de 2025 - 15:04

Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas

MUDANÇAS NO ALTO ESCALÃO

Brava Energia (BRAV3) enxuga diretoria em meio a reestruturação interna e ações têm a maior queda do Ibovespa

21 de outubro de 2025 - 12:10

Companhia simplifica estrutura, une áreas estratégicas e passa por mudanças no alto escalão enquanto lida com interdição da ANP

BOLSA DOURADA

Inspirada pela corrida pelo ouro, B3 lança Índice Futuro de Ouro (IFGOLD B3), 12° novo indicador do ano

21 de outubro de 2025 - 9:03

Novo indicador reflete a crescente demanda pelo ouro, com cálculos diários baseados no valor de fechamento do contrato futuro negociado na B3

FIIS HOJES

FII RCRB11 zera vacância do portfólio — e cotistas vão sair ganhando com isso

20 de outubro de 2025 - 18:01

O contrato foi feito no modelo plug-and-play, em que o imóvel é entregue pronto para uso imediato

PRÉVIA OPERACIONAL 3T35

Recorde de vendas e retorno ao Minha Casa Minha Vida: é hora de comprar Eztec (EZTC3)? Os destaques da prévia do 3T25

20 de outubro de 2025 - 11:55

BTG destaca solidez nos números e vê potencial de valorização nas ações, negociadas a 0,7 vez o valor patrimonial, após a Eztec registrar o maior volume de vendas brutas da sua história e retomar lançamentos voltados ao Minha Casa Minha Vida

BALANÇO SEMANAL

Usiminas (USIM5) lidera os ganhos do Ibovespa e GPA (PCAR3) é a ação com pior desempenho; veja as maiores altas e quedas da semana

18 de outubro de 2025 - 15:40

Bolsa se recuperou e retornou aos 143 mil pontos com melhora da expectativa para negociações entre Brasil e EUA

ESTRATÉGIA

Como o IFIX sobe 15% no ano e captações de fundos imobiliários continuam fortes mesmo com os juros altos

18 de outubro de 2025 - 14:25

Captações totalizam R$ 31,5 bilhões até o fim de setembro, 71% do valor captado em 2024 e mais do que em 2023 inteiro; gestores usam estratégias para ampliar portfólio de fundos

DAY TRADE

De operário a milionário: Vencedor da Copa BTG Trader operava “virado”

18 de outubro de 2025 - 13:29

Agora milionário, trader operava sem dormir, após chegar do turno da madrugada em seu trabalho em uma fábrica

FORTALEZA SEGURA

Apesar de queda com alívio nas tensões entre EUA e China, ouro tem maior sequência de ganhos semanais desde 2008

17 de outubro de 2025 - 19:11

O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, acumulou valorização de 5,32% na semana, com maior sequência de ganhos semanais desde setembro de 2008.

COPA BTG TRADER

Roberto Sallouti, CEO do BTG, gosta do fundamento, mas não ignora análise técnica: “o mercado te deixa humilde”

17 de outubro de 2025 - 18:40

No evento Copa BTG Trader, o CEO do BTG Pactual relembrou o início da carreira como operador, defendeu a combinação entre fundamentos e análise técnica e alertou para um período prolongado de volatilidade nos mercados

VAI COMEÇAR O BARATA-VOA?

Há razão para pânico com os bancos nos EUA? Saiba se o país está diante de uma crise de crédito e o que fazer com o seu dinheiro

17 de outubro de 2025 - 17:25

Mesmo com alertas de bancos regionais dos EUA sobre o aumento do risco de inadimplência de suas carteiras de crédito, o risco não parece ser sistêmico, apontam especialistas

AUMENTOU O RISCO BRASIL?

Citi vê mais instabilidade nos mercados com eleições de 2026 e tarifas e reduz risco em carteira de ações brasileiras

17 de outubro de 2025 - 13:03

Futuro do Brasil está mais incerto e analistas do Citi decidiram reduzir o risco em sua carteira recomendada de ações MVP para o Brasil

QUANDO HÁ UMA BARATA…

Kafka em Wall Street: Por que você deveria se preocupar com uma potencial crise nos bancos dos EUA

17 de outubro de 2025 - 9:49

O temor de uma infestação no setor financeiro e no mercado de crédito norte-americano faz pressão sobre as bolsas hoje

REGIME FÁCIL

B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 —  via ações ou renda fixa

16 de outubro de 2025 - 0:05

Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança

INVESTIMENTO CONSCIENTE

Carteira ESG: BTG passa a recomendar Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3) por causa de alta no preço de energia; veja as outras escolhas do banco

15 de outubro de 2025 - 18:58

Confira as dez escolhas do banco para outubro que atendem aos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa

TOUROS E URSOS #243

Bolsa em alta: oportunidade ou voo de galinha? O que você precisa saber sobre o Ibovespa e as ações brasileiras

15 de outubro de 2025 - 13:30

André Lion, sócio e CIO da Ibiuna, fala sobre as perspectivas para a Bolsa, os riscos de 2026 e o impacto das eleições presidenciais no mercado

NOVIDADE NA APOSENTADORIA

A estratégia deste novo fundo de previdência global é investir somente em ETFs — entenda como funciona o novo ativo da Investo

15 de outubro de 2025 - 10:19

O produto combina gestão passiva, exposição internacional e benefícios tributários da previdência em uma carteira voltada para o longo prazo

SD ENTREVISTA

De fundo imobiliário em crise a ‘Pacman dos FIIs’: CEO da Zagros revela estratégia do GGRC11 — e o que os investidores podem esperar daqui para frente

15 de outubro de 2025 - 6:07

Prestes a se unir à lista de gigantes do mercado imobiliário, o GGRC11 aposta na compra de ativos com pagamento em cotas. Porém, o executivo alerta: a estratégia não é para qualquer um

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Dólar fraco, ouro forte e bolsas em queda: combo China, EUA e Powell ditam o ritmo — Ibovespa cai junto com S&P 500 e Nasdaq

14 de outubro de 2025 - 17:55

A expectativa por novos cortes de juros nos EUA e novos desdobramentos da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo mexeram com os negócios aqui e lá fora nesta terça-feira (14)

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar