O Magazine Luiza (MGLU3) já caiu 65% no ano. Mas, para os analistas do Seleção Empiricus, ele ainda é melhor que a Via (VIIA3)
No Seleção Empiricus, os analistas debateram a queda do e-commerce e opinaram sobre a briga entre Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3)
O Magazine Luiza (MGLU3), tão famoso por seus ganhos estratosféricos na bolsa, está tendo um ano que em nada lembra o seu histórico: os papéis, que já vinham no campo negativo desde o começo de 2021, acentuaram ainda mais as perdas após a divulgação do balanço do terceiro trimestre e, agora, amargam uma queda de 65% de janeiro para cá. Ainda assim, os analistas do Seleção Empiricus foram enfáticos: o Magalu ainda é melhor que a Via (VIIA3). Veja abaixo como foi o debate:
O xis da questão é o número elevado de players no mercado de e-commerce do Brasil: além das duas rivais, há também empresas como Americanas, Mercado Livre, Amazon, Aliexpress, Shoppee e outros sites asiáticos que começam a entrar com mais força no país. E, em linhas gerais, quanto mais concorrido é o setor, mais apertadas são suas margens.
"Não tem como ter três Mercados Livres no Brasil", disse Henrique Florentino, analista da Empiricus; ele foi um dos convidados desse episódio de estreia do novo Seleção. "Alguém vai ficar no caminho".
Para ele, o Magazine Luiza tem muitos méritos: a execução da estratégia de desenvolvimento digital e omnicanalidade foi muito bem feita, e o status de referência no e-commerce brasileiro é justo. Mas suas ações sempre tiveram múltiplos bastante esticados — e, por mais que a companhia seja competente, Florentino vê distorções nesses múltiplos elevados.
"É um mercado desafiador, difícil", afirmou o analista, destacando que a queda nas cotações de MGLU3 está puxando seu valuation para patamares mais adequados para o setor de e-commerce. "Não sei qual vai ser o ponto de múltiplo que vai equilibrar, esse é o ponto que eu tenho dúvida".

Via (VIIA3): esqueletos no armário
E a Via? Por que os analistas estão tão desconfiados quanto ao futuro da companhia?
Leia Também
A última dança de Warren Buffett: 'Oráculo de Omaha' vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Para João Piccioni, analista e sócio da Empiricus, o fato de a Via apresentar um consumo recorrente de caixa é um ponto de incômodo; a postura excessivamente otimista dos executivos da empresa após a divulgação de um balanço cheio de problemas — e que derrubaram as ações em quase 15% — também trouxe estranhamento.
Afinal, todas as empresas de varejo mostraram dificuldades no trimestre; as lojas físicas tiveram um desempenho aquém do esperado, afetadas pelo aumento da inflação. Além disso, a Via surpreendeu o mercado ao anunciar uma provisão bilionária relacionada aos processos trabalhistas movidos contra a companhia.
Esse não foi o primeiro provisionamento trabalhista anunciado pela Via — em 2019, a empresa tomou uma medida semelhante, o que também causou impacto no mercado à época. Com a repetição da história, os analistas ponderam que a confiança dos analistas e investidores foi bastante abalada.
"E era uma das bandeiras dessa nova gestão, a questão do passivo trabalhista", disse Larissa Quaresma, analista da Empiricus. "Chegar agora e lascar uma provisão extraordinária, isso pegou muito mal".
O tom otimista visto na teleconferência da Via contrastou fortemente com o discurso mais sóbrio — talvez até um pouco pessimista — do evento promovido pelo Magazine Luiza. O presidente da companhia, Frederico Trajano, admitiu que o resultado de lojas físicas ficou aquém do esperado e deu a entender que um cenário mais difícil para o varejo e o e-commerce está por vir. Veja um trecho da fala do executivo:
Essa disparidade das duas traz muito medo. Você pergunta para mim quem vai ficar pelo caminho, a minha aposta é Via
João Piccioni, analista da Empiricus
Magazine Luiza (MGLU3) x Via (VIIA3): a questão dos múltiplos
Em resumo, os analistas reconhecem o bom trabalho feito pelo Magazine Luiza em seu processo de transformação digital, consolidando-se como um dos principais players de 1P (o e-commerce tradicional) do país em paralelo à expansão das lojas físicas. A empresa, agora, tenta avançar no 3P (o marketplace) — uma tarefa dura, dada a quantidade de players agressivos no mercado.
E, considerando a zona de turbulência que o setor de varejo tende a atravessar nos próximos meses, com inflação e juros altos, a tendência é que as ações do Magalu sintam o baque, passando por uma correção mais firme e retornando a patamares de valuation mais razoáveis.
Piccioni lembra que, em 2018, as ações MGLU3 eram negociadas com um múltiplo EV/Vendas de 0,7 a 0,8 vez; a rápida transformação digital, no entanto, jogou os papéis a um nível perto de 6 vezes — o que colocava a empresa brasileira em pé de igualdade com as maiores e melhores empresas de e-commerce do mundo.
Mas, num passado recente, mesmo as líderes globais desse setor (como Amazon ou Alibaba) estão passando por uma correção nos múltiplos; o Magazine Luiza, assim, acompanha a tendência global. "As ações do Magalu vão voltar a ser negociadas a 1 vez ou 1,5 vez EV/Vendas. Tem chão para cair", diz.
E a Via? Bem, Piccioni destaca que, em 2018, seu EV/Vendas estava em vez. E se esse movimento de correção atingi-la na mesma intensidade, a tendência é que a dona das Casas Bahia e do Ponto Frio volte a ser negociada a uma fração de seu total de vendas.
O Seleção Empiricus vai ao ar toda terça-feira, às 19h, no YouTube, sempre com apresentação de Victor Aguiar, repórter do Seu Dinheiro, e João Piccioni, analista e sócio da Empiricus. A cada programa, convidados especiais debatem o panorama macroeconômico e as implicações para os investimentos — sejam eles ações, câmbio, renda fixa, fundos imobiliários, criptomoedas ou qualquer outra classe de ativo. Veja abaixo a íntegra do programa desta semana:
VEJA TAMBÉM: Comprar BITCOIN hoje na B3 vale a pena? | LULA X BOLSONARO: o que esperar? | Weg (WEGE3) caindo 10%
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA