Dólar é moeda, não investimento; há outras alternativas para se posicionar em câmbio
Uma boa opção para quem tem conta no exterior é comprar títulos de empresas brasileiras, como da Petrobras e de grandes bancos
Às vezes, vejo nos jornais e sites especializados em finanças tabelas comparativas dos resultados de investimentos em determinado período (geralmente semana, mês ou ano) e encontro o dólar como um dos ativos nos quais se pode aplicar dinheiro.
Vejamos no final do mês passado:
- Bitcoin (em R$): + 14,60%
- Ações (Ibovespa): + 6,54%
- CDI: +1,26%
- Poupança: + 0,67%
- Fundos Imobiliários (IFIX): - 4,02%
- Dólar Comercial: - 4,128%
- Ouro (BM&F): - 11,07%
Essas listas, dos melhores e piores, costumam ser seguidas de comentários redundantes do tipo:
“Enquanto em junho a Bolsa de Valores subiu seis e meio por cento, o dólar caiu mais de quatro.”
Ou
“Um dos grandes perdedores do mês foi o dólar frente ao real, embora tivesse se valorizado em relação à maioria das demais moedas fortes, como o euro, a libra e o iene.”
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Digamos que o caro amigo leitor esteja preocupado com os rumos do Brasil nesses tempos de crise política, fiscal ou pior, de ameaça de rompimento institucional.
Afinal de contas, a volta da plena democracia (será que foi tão plena assim, como alguns dizem?) tem apenas 32 anos, considerando como ponto de partida a eleição de Fernando Collor para presidente em dezembro de 1989.
É verdade que cinco anos antes Tancredo Neves (que virou José Sarney) fora eleito indiretamente pelo Congresso Nacional, não sem antes combinar com os russos (o Exército verde-oliva e não o Vermelho soviético, bem entendido).
Só que é cedo para se afirmar categoricamente que vivemos em um irreversível estado democrático de direito.
Se até os Estados Unidos da América, com seus quase dois séculos e meio de democracia (a maior parte do tempo só valendo para os descendentes de europeus, bem entendido), testemunharam uma invasão ao Capitólio em 6 de janeiro deste ano, ataque esse que deixou cinco mortos e aproximadamente 150 feridos, o que podemos garantir para o Brasil?
Desculpem-me, mas me deixei levar para uma bifurcação da narrativa e esqueci que o assunto aqui é o dólar.
Antes de mais nada, se algum de vocês pensa em comprar dólar físico como investimento, deve primeiro refletir sobre alguns aspectos da operação:
- - Vai ter de guardar as notas em casa ou em um cofre bancário. Na primeira hipótese, corre o risco de ser roubado. Na segunda, pagará uma taxa à instituição custodiante.
- - Terá de ser dólar turismo. Na véspera do feriado de 9 de julho em São Paulo, ele foi cotado a R$ 5,11 para compra e R$ 5,40 para venda.
Ou seja, mesmo que o mercado fique estável durante seis meses, se você quiser vender na ocasião perderá 29 centavos de reais em cada dólar.
Isso apenas por causa do spread.
Dólar turismo só vale a pena para quem vai viajar. Ou então dar uma ajuda de custo a uma filha ou filho, neta ou neto, que estude no exterior. E pronto.
Nesse caso, a remessa terá de ser feita através de um banco ou casa de câmbio, nela incluindo IOF e uma taxa da instituição.
Certa vez, quando precisava pagar a matrícula da faculdade de minha filha, em Londres, o antigo Unibanco me cobrou uma taxa de conversão real/libra esterlina tão alta que exigi, e consegui, do compliance do banco, devolução de parte do, digamos, excesso.
Restam outros caminhos para se investir em dólares.
O mais simples é comprar cotas de um fundo cambial. Nesse caso, você estará tendo duas perdas:
- − taxa de administração cobrada pelo fundo.
- − inflação americana, estimada para 2,4% ao ano em 2021.
Vamos adiante. Procuremos outros caminhos:
Na B3, existe o mercado de dólar futuro, com um valor mínimo, em reais, equivalente a US$ 50.000,00.
Já para aqueles investidores interessados em valores menores, existe o minicontrato, ou mini-dólar. Nesse caso, o lote é de US$ 10.000,00.
Nas duas hipóteses, é possível alavancar e fazer day trades, a coqueluche de quem gosta de perder dinheiro.
Só que, nesse caso (dólar futuro, seja mini ou cheio), estamos falando em especulação. Pura especulação. Pode-se ganhar uma fortuna ou perder as cuecas (ou panties, no caso das senhoritas e madames).
Mas não desanime, caro leitor, com os obstáculos que listei acima.
Se você acha que o dólar norte-americano realmente é uma boa proteção e tem conta no exterior, pode comprar obrigações de empresas brasileiras, com valores em dólares e pagando remuneração (também em dólar, é claro).
Há poucos dias, a Petrobras Global Finance B. V. ofereceu no mercado internacional de capitais US$ 1,5 bilhão em títulos de 30 anos, com taxas de juros de 5,5% a.a., pagos semestralmente.
Não é só a Petrobras. O Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e outras grandes empresas sólidas brasileiras fazem esse tipo de underwriting em Wall Street, geralmente com grande aceitação dos rentistas que procuram alternativas para o grande e melancólico inverno de taxas de juros reais negativas que os vem afligindo nos últimos tempos.
Quando a Petrobras entrou em forte crise, durante a administração de Graça Foster (governo Dilma Rousseff), a ponto de não poder publicar o balanço, em função do rombo em seus cofres, dei uma das maiores tacadas de minha vida.
Como sabia que a empresa não iria quebrar (na pior das hipóteses, receberia do governo um aporte de capital) comprei títulos de 10 anos com cupom de 5% a.a. e deságio de mais de 20%.
Já no governo Michel Temer, Pedro Parente assumiu a presidência da Petrobras. A contabilidade se regularizou, vendi os títulos com ágio, ganhando uns 30% na parada, graças a elevação do PU (preço unitário).
Portanto uma coisa é comprar dólares e guardar na gaveta do armário, outra é encontrar boas oportunidades em papéis emitidos na moeda americana.
Outra alternativa são as bolsas de valores americana, NYSE e NASDAQ, que vêm batendo sucessivos recordes históricos, proporcionando grandes lucros aos acionistas das boas empresas.
Nos últimos meses, o dólar, contra o real, vem trabalhando num padrão de trading range.
Quando o céu político está de brigadeiro (vá lá, de major-aviador), a cotação cai para R$ 5,00, ou até mesmo um pouco abaixo disso. Essa é hora de comprar ou então de liquidar posições vendidas a descoberto.
Por outro lado, nas ocasiões, por exemplo, em que o presidente da República give a shit para a CPI do Senado Federal, e o dólar chega próximo dos R$ 5,60, R$ 5,70, é para se vender sem dó.
Com stop defensivo, é claro. Pois ninguém é dono da verdade absoluta.
Nessas oportunidades, os exportadores liquidam o câmbio e as ações na B3 tornam-se baratas em dólar, o que atrai o dinheiro dos gringos.
O importante, caro amigo leitor, é nunca se esquecer que dólar não é investimento. Trata-se de moeda, combalida por sinal, em função de uma política extremamente dovish praticada Federal Reserve desde a chegada da Covid-19, ou seja, mantendo os juros em patamares baixos.
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