O reino rentista ressurge no horizonte: o que esperar da decisão de amanhã (e das próximas) do Copom sobre a Selic
Aperto monetário deve perdurar até o fim da primeira metade do ano que vem, quando voltaremos a ter dois dígitos de taxa básica de juro

Mais uma vez nos encontramos na véspera de um resultado do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa sua última reunião periódica de 2021 hoje (7) e a encerra amanhã (8), depois do fechamento do mercado.
O ambiente permanece difícil, com inflação de 10% em 2021 no Brasil e expectativa de estagflação para o ano que vem (inflação acima da meta de 5%) – alta dos preços sem crescimento econômico, o que potencializa a perda do poder de compra.
O processo de aperto monetário, por sua vez, em resposta aos preços mais elevados, deve perdurar até o fim da primeira metade do ano que vem, quando voltaremos a ter dois dígitos de taxa Selic.
Elevação da Selic a 9,25% ao ano está contratada
Diferentemente do último encontro, porém, quando havia uma indefinição sobre o grau da elevação a ser proposta pelo Banco Central, hoje temos contratados 150 pontos-base de alta, colocando a Selic em 9,25% ao fim do ano.
A diferença, portanto, residirá no tom do comunicado a ser utilizado pela autoridade monetária, que poderá ser mais ou menos agressivo, a depender da leitura dos membros do comitê.
Faca de dois gumes
Para estabilizar os preços é preciso que haja aperto monetário, mas estamos em um patamar em que o processo realizado até aqui já afetou os indicadores de crescimento.
Leia Também
Tanto é verdade que estamos entre os países com maior deterioração dos índices de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) – ou seja, já estamos sentindo a desaceleração na ponta da oferta (vide o PIB dos dois últimos trimestres).
Como podemos ver no gráfico a seguir, enquanto 85% dos países ainda estão em expansão, o Brasil se posiciona junto da Turquia, na categoria de deterioração.
Até onde vale a pena sacrificar atividade econômica, que já tem possibilidade de recessão no ano que vem em paralelo a dois dígitos de desemprego, para controlar as expectativas em relação aos preços?
Por isso o comunicado é tão importante
Um tom mais agressivo, em resposta à continuidade da alta da inflação, poderá proporcionar um PIB de 2022 já no campo negativo, ao mesmo tempo em que manter o tom pode ser lido como dovish (expansionista) e acarretar mais desancoragem das expectativas de inflação.
Neste sentido, podemos trabalhar com três cenários:
- Expansionista: o Copom eleva em 150 pontos base os juros, mas flexibiliza o tom para os próximos encontros, contratando elevação da Selic de magnitude menor;
- Neutro: o Copom eleva em 150 pontos base a Selic agora em dezembro, para 9,25% ao ano, e contrata mais uma elevação de 150 bps para a próxima reunião, chegando a 10,75% logo no início de 2022;
- Contracionista: o Copom eleva em 150 pontos base a Selic na reunião de dezembro, e indica preocupação com os patamares de inflação, abrindo espaço para apertos ainda mais severos em próximos encontros, caso seja necessário.
Como costumeiramente apontamos, entendemos que a maior possibilidade se concentra no tom neutro do BC, seguida pelo cenário expansionista.
Isso porque, não custa lembrar, a nossa autoridade monetária está trabalhando para ancorar as expectativas de inflação para os próximos anos, esperando convergir para a meta até o final de 2023, sendo que a partir de 2024 nossa meta de inflação é de 3%.
O ciclo de aperto deve continuar até que a Selic atinja o patamar entre 11,5% e 12,5% ao ano, já com chance de o Banco Central não ser bem-sucedido em fazer com que o IPCA vá para baixo do teto da meta já em 2022 (5%).
A situação não é fácil, principalmente diante de um contexto de PIB fraco, variante ômicron, aperto monetário nos EUA e continuidade do descasamento das cadeias produtivas globais.
Ao menos a problemática fiscal da PEC dos Precatórios e Auxílio Brasil, que atormentaram a percepção de risco doméstico desde o final de junho, quando foi apresentada a Reforma do Imposto de Renda.
Sem este bode na sala, ainda que possa fatiá-lo, os agentes têm mais liberdade para formar expectativas mais alinhadas.
Com isso, estamos confiantes no fato de que o primeiro Banco Central verdadeiramente independente do país consiga ancorar as expectativas para 2023 e 2024, mesmo que isso nos coloque em um cenário de estagflação em 2022.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
O preço de um crime: fraudes no Pix disparam e prejuízo ultrapassa R$ 4,9 bilhões em um ano
Segundo o Banco Central, dados referem-se a solicitações de devoluções feitas por usuários e instituições após fraudes confirmadas, mas que não foram concluídas
Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado
Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
JP Morgan reduz projeção para o PIB brasileiro e vê leve recessão no segundo semestre; cortes de juros devem começar no fim do ano
Diante dos riscos externos com a guerra tarifária de Trump, economia brasileira deve retrair na segunda metade do ano; JP agora vê Selic em 1 dígito no fim de 2026
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento
Guerra comercial abre oportunidade para o Brasil — mas há chance de transformar Trump em cabo eleitoral improvável de Lula?
Impacto da guerra comercial de Trump sobre a economia pode reduzir pressão inflacionária e acelerar uma eventual queda dos juros mais adiante no Brasil (se não acabar em recessão)
Banco Master: Reunião do Banco Central indica soluções para a compra pelo BRB — propostas envolvem o BTG
Apesar do Banco Central ter afirmado que a reunião tratou de “temas atuais”, fontes afirmam que o encontro foi realizado para discutir soluções para o Banco Master