Com emoção! Bolsa vira para alta após novo parecer da PEC Emergencial, mas dólar segue pressionado
As bolsas pelo mundo operam em movimento de realização de ganhos, o que é uma péssima notícia para o Brasil, que também tem que lidar com os próprios demônios

O exterior está colhendo os frutos do pregão de altas da segunda-feira (1º), optando por um movimento de realização de lucros, enquanto por aqui os investidores repercutem mais um capítulo da novela de Bolsonaro e os combustíveis.
Longe da euforia que tomou conta dos mercados ontem, mas também afastado das mínimas do dia, o Ibovespa virou para alta há pouco, e operava com um avanço de 0,51%, aos 110.896 pontos, puxado principalmente por uma melhora nos papéis do setor financeiro e a apresentação de um novo parecer da PEC Emergencial. No pior momento do dia, a bolsa chegou a recuar mais de 2,7%.
Há pouco, o senador Marcio Bittar, relator da PEC Emergencial, apresentou um novo texto que deve ser discutido amanhã. Foram retirados do texto a desvinculação dos gastos com saúde e educação, que causaram polêmica na semana passada, e foram mantidos os gatilhos para contenção de gastos no futuro.
Mas isso não significa que o cenário tenha mudado significativamente. Para o economista-chefe da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo, os ruídos que preenchem o dia de negócios não ajudam em nada e essa melhora pontual se trata mais de uma correção do que uma mudança de cenário. "A gente ainda não tem nem orçamento aprovado e já estamos em março. Então, enquanto a gente não caminha, o mercado vai embutir um prêmio de risco por qualquer ruído", completa.
A cautela que pesou nos mercados hoje tem um reflexo ainda mais forte no dólar à vista, que operava com uma valorização de 1,46%, aos R$ 5,6813 no mesmo horário, mesmo após duas intervenções do Banco Central no câmbio. Ao todo, o BC vendeu mais de US$ 2 bilhões.
A saga dos combustíveis
O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que editará um decreto para isenção de impostos do diesel por dois meses e do gás de cozinha indefinidamente. A notícia, a princípio, parece positiva.
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Mas o presidente apresentou como fará a compensação para retirar esses tributos: aumentar os impostos sobre carros para pessoas com deficiência (PCD), indústria química e instituições financeiras. E isso não é tão positivo.
O CSLL passará de 20% para 25% até 31 de dezembro de 2021, como mostra a edição extra do Diário Oficial da União (DOU), publicada na noite de ontem. Também haverá um aumento de 15% para 20% para distribuidoras de valores mobiliários, corretoras de câmbio, sociedades de crédito, financiamento e investimentos, administradoras de cartões de crédito, sociedades de arrendamento mercantil e associações de poupança e empréstimo.
Existe também um descontentamento cada vez maior com a PEC Emergencial, que não deve trazer um alívio ao cenário fiscal para financiar uma nova rodada do auxílio emergencial, pressionando ainda mais a situação em Brasília, e pode até mesmo ser deixada para a semana que vem (mais uma vez).
Tempestade perfeita
Jefferson Rugik, diretor superintendente de câmbio da Correparti, explica que o ambiente que observamos hoje no mercado de câmbio pode ser traduzido como uma tempestade perfeita, com o cenário interno falando muito mais alto do que o externo.
Ainda que os bancos e instituições financeiras tenham reduzido a queda e puxam uma recuperação do Ibovespa, cabe ao dólar refletir essa desconfiança do mercado. Com a intervenção estatal, a insegurança volta a rondar os investidores, já que o governo havia prometido não mexer com impostos durante a pandemia. "Isso traz a preocupação de que ele pode aumentar outro tipo de imposto toda vez que sentir um aperto nas contas públicas", explica Rugik.
Segundo o diretor da Correparti, o aumento do número de casos da covid-19 e a adoção de lockdowns em diversos estados também preocupam. "O investidor olha da seguinte forma: o Brasil vai demorar para crescer, porque devo continuar por aqui? Isso levou a uma saída intensa dos investidores estrangeiros, que nem o Banco Central conseguiu segurar".
Para Espírito Santo, da Órama Investimentos, nessa hora de um cenário altamente especulativo, é preciso ter prudência. Para o economista, o patamar de R$ 5,70 para o dólar já precifica um cenário com todas as incertezas que rondam o mercado. "Para mim, a faixa dos R$ 5,40 a R$ 5,60 seria algo muito melhor precificado".
Confira também o comportamento do mercado de juros futuros, que tem mais um dia de alta expressiva:
- Janeiro/2022: de 3,88% para 3,94%
- Janeiro/2023: de 5,80% para 5,90%
- Janeiro/2025: de 7,47% para 7,59%
- Janeiro/2027: de 7,07% para 8,24%
Cobertor curto
A informação do aumento de impostos para as instituições financeiras já havia desacelerado os ganhos da bolsa ontem e, sem o exterior positivo, será difícil manter o índice no azul no pregão de hoje. Em relatório, a XP Investimentos afirma que a reação dos bancos foi exagerada, e mantém suas recomendações de investimento em bancos, tendo em vista que a medida é temporária e ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.
Para Márcio Lórga, analista da Ativa investimentos, o não faz sentido transferir a conta para outro setor. "Ainda mais em um momento que o governo precisa de arrecadação, essa exoneração não faz sentido", afirma. Ele lembra que a pressão fiscal pode ser ainda maior por causa do auxílio emergencial, mesmo com a PEC emergencial. "O cobertor é curto", lembra ele.
Guedescast
Em entrevista ao podcast Primocast, o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que “é demissível em 30 segundos”, mas que tem a confiança do presidente Jair Bolsonaro. “Se ele confia no meu trabalho, eu consigo executar meu trabalho, está bem”, afirmou. “Se ele não confiar, eu sou demissível em 30 segundos”.
Entre outros pontos, Guedes citou dois motivos que fariam com ele abandonasse o cargo: a "perda da confiança" de Bolsonaro e "ir para o caminho errado". No mesmo programa, o ministro falou em “enjaular a besta” dos gastos com a PEC Emergencial, em referência ao auxílio emergencial.
Lá fora
Enquanto isso, as bolsas americanas aumentaram o movimento de realização de lucros nas últimas horas. Por volta das 15h20, os principais índices operavam em queda de cerca de 1%, com exceção do S&P 500, que recua apenas 0,1%.
Destaques da bolsa
Maiores altas
Depois do susto inicial, os bancos se recuperam das perdas registradas na tarde de ontem, após a decisão de Bolsonaro de aumentar a carga tributária para o setor, o que alivia todo o índice em um efeito dominó. As commodities seguem brilhando, principalmente aquelas com exposição ao minério de ferro. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
ITUB4 | Itaú Unibanco PN | R$ 25,56 | 3,19% |
BRAP4 | Bradespar PN | R$ 66,17 | 2,46% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 17,24 | 2,31% |
VALE3 | Vale ON | R$ 100,84 | 2,30% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 14,63 | 2,24% |
Maiores baixas
A Braskem recua de forma acentuada nesta tarde, após o governo anunciar a retirada dos estímulos tributários para o setor petroquímico. Na sequência, temos também a Via Varejo, refletindo uma piora na situação da pandemia. Confira as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 30,27 | -4,75% |
VVAR3 | Via Varejo ON | R$ 11,62 | -4,05% |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 27,71 | -3,55% |
GNDI3 | Intermédica ON | R$ 86,52 | -3,52% |
UGPA3 | Ultrapar ON | R$ 18,09 | -3,52% |
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