Esquenta dos mercados: Cenário doméstico foca nos desdobramentos da PEC dos precatórios, enquanto inflação global e petróleo pressionam bolsas
O panorama local não é dos melhores, com a piora das projeções para a economia nacional e exterior sem tração por mais um dia

A bolsa brasileira registrou mais um dia de perdas e acumula três pregões seguidos de queda. Ontem (17), o Ibovespa recuou 1,39%, aos 102.948 pontos, o menor nível desde 12 de novembro de 2020. O dólar à vista, usado como proteção em momentos de crise, avançou 0,45%, a R$ 5,5242. O mercado de juros futuros também foi pressionado.
O cenário doméstico conturbado é um velho conhecido dos brasileiros. A PEC dos precatórios foi aprovada na Câmara, com uma margem pequena de votos, e as perspectivas não são das melhores para um aval do Senado, que encaminha uma alternativa à proposta de emenda.
O uso político desse espaço de cerca de R$ 91 bilhões no Orçamento para 2022 também é mal visto pelos investidores, que esperavam uma maior responsabilidade fiscal do ministério da Economia, encabeçado por Paulo Guedes.
Saindo do Brasil e partindo diretamente para os Estados Unidos, voltam os temores envolvendo um shutdown do governo americano, momento em que a máquina pública é paralisada por falta de recursos. Os democratas precisam costurar um acordo com a oposição nas Casas Legislativas em pouco menos de um mês, o que não deve ser uma tarefa fácil depois da aprovação de um pacote de estímulos de US$ 1 trilhão.
Confira o que deve ser destaque no pregão desta quinta-feira (18):
PEC dos precatórios
Senadores do PSDB, Podemos e Cidadania apresentaram para o governo na última quarta-feira (17) uma alternativa à PEC dos Precatórios. O texto mantém a correção do teto de gastos com o modelo atual, mas retira os R$ 89 bilhões em dívidas judiciais de seu alcance no ano de 2022.
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Entretanto, do total, cerca de R$ 64 bilhões seriam “carimbados” para turbinar o Auxílio Brasil até o final de 2022.
Hoje, a PEC dos precatórios abre cerca de R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022, dos quais R$ 83,6 bilhões são efetivamente livres para o Executivo destinar a suas ações. Desse valor, cerca de R$ 24 bilhões irão para a correção de benefícios atrelados ao salário mínimo, devido à inflação maior, e R$ 51 bilhões para o Auxílio Brasil.
O ponto mais importante da proposta se refere às emendas de relator, que seriam extintas e benefícios como reajuste de servidores, aumento do fundo eleitoral e desoneração da folha teriam de ser financiadas por meio de cortes de despesas, o que deve desagradar a ala política do governo e reduzir o apoio de parlamentares.
A nova proposta será enviada à equipe econômica e precisa ser aprovada em dois turnos no Senado Federal ainda este ano para poder valer em 2022.
Doméstico
A FGV deve divulgar a segunda leitura do IGP-M de novembro agora pela manhã, enquanto as falas de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, em eventos separados, movimentam o dia.
De olho nos Estados Unidos
A temporada de balanços acabou por lá há quase um mês, mas os resultados acima do esperado pelo mercado surpreenderam os analistas e impulsionaram os índices para as máximas históricas. Entretanto, os investidores permanecem de olho na inflação crescente do país, ainda mais após a aprovação do pacote de US$ 1 trilhão para infraestrutura do presidente americano Joe Biden.
O plano BBB (Build Back Better, “construir de novo e melhor”, em tradução livre), inclui recursos para assistência da covid-19, serviços sociais, assistência social e infraestrutura. Os analistas afirmam que o montante destinado para essas áreas não deve afetar a inflação, que já ronda as máximas em 30 anos, mas a cautela prevalece.
E o possível shutdown do governo dos EUA continua no radar. A nova data limite para que os Estados Unidos não consigam manter o funcionamento da máquina pública ficou para 15 de dezembro, pouco menos de um mês, e deve pressionar os índices pelo mundo.
Exterior
O investidor internacional deve permanecer de olho nas falas de dirigentes do Federal Reserve hoje, que podem dar maiores detalhes sobre a retirada dos estímulos da economia americana, o chamado tapering. Além disso, os números de novos pedidos de auxílio desemprego devem movimentar os negócios hoje.
E uma medida do governo americano deve pressionar as empresas ligadas à commodities hoje. Um pedido de uso dos estoques de petróleo para baixar o preço internacional da mais utilizada matéria-prima energética do mundo pressiona as ações do setor na Europa, Estados Unidos e pode refletir no pregão brasileiro.
Bolsas pelo mundo
O mercado de ações da Ásia encerrou a sessão desta quinta-feira no campo negativo, com as ações de incorporadoras chinesas no radar. Os dados do setor em outubro vieram abaixo do esperado pelos analistas.
Já os índices da Europa amanheceram sem sinal único, com o setor de commodities sendo pressionado pela notícia de que os Estados Unidos articulam o uso dos estoques de petróleo para conter a alta nos preços da commodity.
Por fim, os futuros de Nova York buscam uma recuperação hoje, após as quedas recentes. Vale lembrar que as bolsas europeias e americanas rondam as máximas históricas e movimentos de ajustes são comuns nesse período.
Agenda do dia
- FGV: Segunda prévia do IGP-M de novembro (8h)
- França: PIB da OCDE no terceiro trimestre (8h)
- Caixa: Entrevista do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, sobre dados do 3º trimestre (10h)
- Estados Unidos: Pedidos de auxílio-desemprego (10h30)
- Ministério da Economia: Ministro da Economia, Paulo Guedes, participa da comemoração dos 29 anos da Secretaria de Política Econômica (SPE) (17h30)
- Banco Central: Presidente do BC, Roberto Campos Neto, e diretores participam da reunião do Comitê de Estabilidade Financeira, o Comef (sem horário)
- Estados Unidos: Presidente dos EUA, Joe Biden, se encontra com presidente do México, Andrés Obrador, primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau (sem horário)
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