Esperar nunca foi o ponto forte dos investidores, mas nos últimos dias, é o que tem acontecido. Enquanto as preocupações envolvendo a inflação americana permanecerem no radar, as falas dos dirigentes do Federal Reserve e do Tesouro americano devem movimentar os negócios.
E o fuso horário não ajuda os brasileiros. O testemunho de Janet Yellen, Secretária do Tesouro americano, ao Senado deve acontecer por volta das 15h. Até lá, os índices internacionais devem operar em compasso de espera, sem maiores indicadores pela frente.
Apesar da última fala do presidente do Fed, Jerome Powell, ter acalmado os ânimos sobre o momento inflacionário que o país vive, qualquer sinal vindo do BC americano será analisado. Powell afirmou que a alta nos preços é temporária, o que deve acalmar os ânimos por mais algum tempo.
Enquanto isso, a bolsa brasileira deve ficar de olho em dois setores que pesam no índice brasileiro. As ações dos grandes bancos devem reagir ao aumento da CSLL e os papéis de empresas relacionadas à commodities, como Petrobras, Vale e outras, também devem sentir a alta nos preços.
No radar do investidor deve ficar a fala do ministro de Minas e Energias, Bento Albuquerque, sobre a crise hídrica a caminho. Tanto o setor de distribuição de água quanto o elétrico devem ser afetados pela seca nos reservatórios, o que pode acabar influenciando os papéis de empresas como a própria Eletrobras, que teve a MP que facilita sua privatização aprovada há pouco.
Por fim, com o dólar fechando abaixo dos R$ 5 pela primeira vez em um ano, os investidores devem calibrar suas expectativas, de olho nos Bancos Centrais.
Confira outros destaques para o pregão desta quarta-feira (23):
De olho nos bancos
O Senado Federal aprovou, na noite de ontem (22), uma medida provisória (MP) que aumenta a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) do setor financeiro. De acordo com o texto, a contribuição deverá passar de 20% para 25% entre 1º de julho até 31 de dezembro.
Esse aumento foi a contrapartida para bancar a decisão que zerou as alíquotas de PIS/Cofins sobre o diesel por dois meses e sobre o gás de cozinha de forma permanente. Isso abriu um rombo nas contas de cerca de R$ 3,7 bilhões em arrecadação.
Commodities
A manhã começa com uma forte valorização do petróleo, com perspectivas de retomada da economia pelo mundo e aumento da demanda. Depois de um pregão de queda, os futuros do Brent operam em alta de 0,76%, cotado a US$ 75,38.
Da mesma forma, os futuros do minério de ferro também estão em alta de 0,63%, aos US$ 214,30, por volta das 7h30, antes do encerramento do pregão na China.
Bolsas pelo mundo
Os principais índices asiáticos encerraram o pregão majoritariamente em alta na manhã desta quarta-feira (23). Os investidores tiveram seus ânimos acalmados depois que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a avaliar que o momento inflacionário é temporário, e que a retirada de estímulos antes do esperado ainda não é realidade.
Já as bolsas europeias operam em baixa, apesar de os dados da atividade econômica e a fala de Powell animarem os negócios em um primeiro momento. Durante o pregão, os investidores do Velho Continente devem ficar de olho no índice do gerente de compras (PMI, em inglês) dos EUA e do discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde.
Por fim, os futuros de Nova York se recuperam, motivados também pela fala de Powell e à espera do discurso da Secretária do Tesouro, Janet Yellen.
Agenda do dia
- Minas e Energia: O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, participa de audiência sobre a crise hídrica no país na Comissão de Minas e Energia da Câmara (10h)
- Estados Unidos: Dirigente do Fed, Michelle Bowman, participa de evento distrital do Fed (10h10)
- Estados Unidos: PMI industrial e de serviços (10h45)
- Estados Unidos: Presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, participa de webnar do Centro de Inovação Russell (12h)
- Estados Unidos: Secretária do Tesouro, Janett Yellen, testemunha em comitê de orçamento do Senado (15h)