Em setembro árido para os negócios, Ibovespa encerra o mês com queda de mais de 6%; dólar vai a R$ 5,44
O risco político-fiscal não deu trégua, e o Ibovespa fechou o dia em nova queda, acumulando um recuo de mais de 6% em setembro

Setembro pode até marcar o início da primavera e a temporada das flores, mas para o Ibovespa, só restaram os espinhos e os pedregulhos.
Foi um mês que os investidores pisaram em ovos, tendo poucas oportunidades para se recuperar das cicatrizes deixadas por dias de intensa tensão política, fiscal e novas ameaças de uma crise global que pode afetar a demanda, quando mal superamos o coronavírus.
No período, o Ibovespa recuou 6,57%, o dólar subiu 5,30% e, no pior momento da tensão, o mercado de juros passou a precificar uma Selic de 10% já no próximo ano.
Com o principal índice da bolsa chegando a avançar mais de 1% no início desta quinta-feira, até parecia que o saldo do mês poderia ser menos negativo, mas o clima mudou no decorrer do dia.
Em Nova York, os olhos se voltaram para o teto de endividamento do governo americano, que precisa ser ampliado para inibir as chances de uma paralisação dos serviços federais.
No Brasil, os investidores não gostaram de ver um problema fiscal que se arrasta há meses com chance de ficar ainda pior — com a possibilidade de que a PEC dos precatórios, que tenta encontrar uma saída para a preservação do teto de gastos, também financie uma nova extensão do auxílio emergencial.
Leia Também
Nem mesmo os bons números da economia brasileira e uma recuperação de 4% no preço do minério de ferro detiveram a aversão ao risco. Em Nova York, o Dow Jones teve queda de 1,59%, o S&P 500 caiu 1,19%, e o Nasdaq recuou 0,44%. Por aqui, o Ibovespa fechou o dia em queda de 0,11%, aos 110.979 pontos.
O dólar à vista teve a pressão extra da disputa pela última PTAX do mês, e o Banco Central, ainda demonstrando o mesmo desconforto dos últimos dias com o câmbio, voltou a intervir no mercado com um leilão de swap cambial. Ainda assim, a moeda americana avançou 0,29%, a R$ 5,4462.
- Janeiro de 2022: de 7,18% para 7,20%
- Janeiro de 2023: de 9,12% para 9,16%
- Janeiro de 2025: de 10,19% para 10,25%
- Janeiro de 2027: de 10,57% para 10,63%
Confira alguns dos destaques do noticiário corporativo:
- A Sabesp fechou o dia no vermelho, mas chegou a subir quase 6% com nova sinalização do governo de São Paulo em direção a uma possível privatização;
- Em recuperação judicial, Latam garantiu financiamento de US$ 750 milhões, mas ainda não convenceu credores;
- Para o Credit Suisse, não é hora de comprar ações do IRB
Dor de cabeça
Dando sequência ao intensivão de aparições públicas, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, e Janet Yellen, secretária do Tesouro americano, voltaram a falar com parlamentares e, mais uma vez, repetiram o mesmo discurso feito na terça-feira, tocando nos dois pontos mais sensíveis para o mercado - o aumento de teto da dívida e o início da retirada dos estímulos monetários, que agora já tem uma possível data para começar.
Powell reafirmou que a inflação está acima da meta, mas que o Fed acredita no caráter transitório da elevação dos preços, o que deve levar a uma desaceleração.
Problemas com os gastos públicos não são exclusividade brasileira. Hoje, ao longo de todo o dia, a preocupação do mercado americano com a possibilidade de uma eventual paralisação dos serviços federais falou mais alto.
Nas últimas semanas, o Congresso americano tem discutido a ampliação do teto de endividamento, um tema que tem gerado conflito entre os dois partidos que formam o parlamento. Para evitar a paralisação, o Senado aprovou uma solução provisória, que ainda deve passar pela Câmara dos Representantes.
Pacote completo
As celebrações do 7 de Setembro duraram muito mais do que apenas um dia de feriado. Com o poder Executivo em pé de guerra com os demais Poderes, e prometendo uma demonstração de força nas ruas, os dias que antecederam o feriado foram de tensão.
O presidente Jair Bolsonaro aproveitou a oportunidade para inflar a sua base de apoiadores e renovar as ameaças contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) - em especial Alexandre de Moraes -, chegando a afirmar que não cumpriria ordens vindas da Justiça.
O mal-estar gerado pelas falas de Bolsonaro resultaram em pronunciamentos dos demais Poderes. Em especial a fala de Luiz Fux, presidente do STF, foi considerada dura. Com apoio de Michel Temer, Bolsonaro acabou recuando das ameaças, mas as feridas deixadas ainda geram desconforto.
Fantasma de outro tempo
No início de setembro, o nome Lehman Brothers voltou ao vocabulário do mercado financeiro, 13 anos após o banco de investimentos ir à falência e dar o pontapé inicial na crise de 2008 ao provocar uma reação em cadeia.
Dessa vez, os olhos do mercado financeiro não estavam voltados para Wall Street e sim para a China, onde a incorporadora Evergrande ameaça dar um calote de bilhões de dólares.
O pânico do mercado ao descobrir os problemas de insolvência da companhia foi uma reação de quem ainda lembra do impacto que a quebra do Lehman Brothers trouxe para o mercado financeiro. Nos últimos dias, no entanto, a comparação começou a ser vista como um certo exagero e, embora o risco ainda seja grande, os impactos podem ser menores do que o inicialmente imaginado.
Para os países emergentes exportadores de commodities, como o Brasil, a situação segue complicada. A economia chinesa deve ser a principal impactada, com a maior parte dos efeitos sendo sentidos no setor de construção, um dos principais focos do governo local.
Uma economia desaquecida e menos obras resultam em menos demanda por minério de ferro e aço, o que impacta diretamente a Vale, siderúrgicas e outras mineradoras da bolsa.
O Banco Central chinês tem recomendado que os governos locais colaborem para manter o setor de construção residencial em funcionamento, na tentativa de evitar uma forte contração do crédito imobiliário.
Para a equipe de análise da Ajax Capital, os riscos de contágio em um eventual calote da Evergrande ficam limitados, por ora. O chefe do Fed também voltou a mencionar os problemas com a incorporadora, dizendo que nenhum Banco Central conseguiria proteger totalmente o país dos efeitos de um calote.
Sobe e desce do Ibovespa
Enquanto a Petrobras se vê cercada por uma nova rodada de dúvidas, com o mercado pesando o medo de ingerência na estatal após novo pacote de subsídio ao gás de cozinha, a PetroRio liderou as altas do dia, repercutindo rumores sobre o possível arremate de um campo de petróleo leiloado pela Petrobras por parte do consórcio PetroRio/Cobra.
Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 25,10 | 9,85% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 22,78 | 4,40% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 27,16 | 4,18% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | R$ 12,45 | 3,49% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 28,72 | 3,01% |
O Banco Inter acompanhou o Ibovespa e também teve um mês difícil, recuando mais de 30% no período. Com a elevação das taxas de juros prejudicando o caixa das empresas em crescimento, a companhia tem sofrido um bocado e fechou o mês com mais uma queda firme. Confira também os piores desempenhos do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 46,71 | -7,14% |
BIDI4 | Banco Inter PN | R$ 15,65 | -6,01% |
CIEL3 | Cielo ON | R$ 2,29 | -4,58% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 21,41 | -4,42% |
BEEF3 | Minerva ON | R$ 10,40 | -3,97% |
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?
Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros
CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos
Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
JBS (JBSS3) aprova assembleia para votar dupla listagem na bolsa de Nova York e prevê negociações em junho; confira os próximos passos
A listagem na bolsa de valores de Nova York daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores. O processo ocorre há alguns anos, mas ainda restam algumas etapas pela frente
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Como declarar fiagros e fundos imobiliários (FIIs) no imposto de renda 2025
Fundos imobiliários e fiagros têm cotas negociadas em bolsa, sendo tributados e declarados de formas bem parecidas
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos