Depois de mais de um ano de pandemia, tenho a certeza que todo mundo tem um vizinho que decidiu fazer uma reforma durante a quarentena. Nem mesmo os vizinhos do Planalto saíram imunes dessa.
Mas ao invés de quebradeira e furadeira nos momentos mais inoportunos, a capital federal passa por (mais) uma reforma ministerial. Aqui, a repaginada tem o objetivo claro de angariar mais apoio do Centrão para blindar o governo dos desgastes gerados pela CPI da covid e as mais recentes polêmicas envolvendo o Executivo.
Apenas três meses após trocar o comando dos ministérios de Relações Exteriores, Defesa, Justiça, Casa Civil, Secretaria de Governo e da Advocacia-Geral da União, o presidente Jair Bolsonaro promove mais uma dança das cadeiras.
O ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, deve ser substituído pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) nos próximos dias. Ramos, por sua vez, deve ser realocado na Secretaria-Geral da Presidência, atualmente ocupada por Onyx Lorenzoni. Este último herdará a recém recriada pasta do Trabalho, tirando-a da tutela do ministro Paulo Guedes.
O barulho da reforma ministerial não foi o único vindo de Brasília. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Defesa, Braga Netto, teria comunicado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que sem voto impresso não há eleições em 2022.
A movimentação na capital federal trouxe volatilidade ao mercado, que já não enfrentava ventos lá muito favoráveis do exterior. Nos Estados Unidos, os novos pedidos de seguro-desemprego subiram acima do esperado, minando parte do otimismo dos investidores com a boa safra de balanços corporativos.
Depois de flertarem com o campo negativo durante todo o dia, porém, os índices acionários americanos fecharam no positivo. O Nasdaq avançou 0,36%, o S&P 500 subiu 0,20% e o Dow Jones teve alta de 0,07%.
A recuperação em Wall Street e falas do ministro Paulo Guedes reforçando que as diretrizes econômicas devem permanecer as mesmas apesar da mudança na sua pasta ajudaram o Ibovespa a terminar o dia em leve alta de 0,17%, aos 126.146 pontos.
O dólar à vista acompanhou a amplitude de movimento vista no exterior e fechou o dia em alta de 0,41%, a R$ 5,2130.
No mercado de juros, o viés misto se manteve ao longo do dia, mas os principais vencimentos acabaram fechando o dia em alta. Confira:
- Janeiro/22: de 5,78% para 5,81%
- Janeiro/23: de 7,12% para 7,20%
- Janeiro/25: de 8,09% para 8,11%
- Janeiro/27: de 8,56% para 8,55%

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Superministro? Que superministro?
O desmembramento do "superministério" da Economia, minando ainda mais a influência de Paulo Guedes, pode ser vista como mais uma derrota para o ex-superministro, mas ela não chega a chocar o mercado ou abalar a imagem atual de Guedes junto à Faria Lima. O Ministério da Economia deve perder a secretaria especial de Previdência e Trabalho, que será transformada no Ministério do Emprego e Previdência Social.
Para Nicolas Borsoi, economista da Nova Futura Investimentos, com a reforma ministerial reduzindo a percepção de deterioração política do presidente e acomodando o Centrão para garantir uma tramitação mais suave para as reformas, o foco do mercado não deve ser Guedes.
“Há algum tempo a visão do superministro, criador das grandes reformas, está abalada. Ele prometeu muita coisa, mas de avanços concretos tivemos quase nada, dadas as expectativas no começo do governo”.
No Congresso, a reforma tributária, que deve ser a primeira pauta pós-recesso parlamentar, não deve ter vida fácil. Apesar de a equipe econômica de Paulo Guedes ceder em alguns pontos, grandes empresários apoiadores de Bolsonaro seguem desgostosos com as demais propostas.
Abafando os ruídos
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), comentou em sua conta no Twitter sobre as falas polêmicas do ministro da Defesa, o general Braga Netto, que ameaçou com a não realização de eleições.
Vai ou não vai?
O Banco Central Europeu manteve a taxa básica de juros e ajustou as perspectivas para a nova meta de inflação da Zona do Euro. A revisão estratégica da instituição financeira para se adequar ao novo momento pós-pandemia trouxe um enfraquecimento do euro na tarde de hoje.
Com a variante delta ameaçando o cenário e uma incerteza sobre o atual estado das economias globais, os investidores optaram por cautela. Apesar da temporada de balanços apontar para uma recuperação robusta, hoje o Departamento de Trabalho americano anunciou que foram registrados 419 mil pedidos de auxílio-desemprego na última semana, acima dos 350 mil projetados pelo mercado.
Sobe e desce
Confira as principais altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 27,84 | 5,45% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 20,11 | 3,23% |
CSAN3 | Cosan ON | R$ 27,19 | 3,15% |
EQTL3 | Equatorial ON | R$ 25,05 | 2,29% |
HYPE3 | Hypera ON | R$ 35,29 | 2,26% |
Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 82,79 | -2,49% |
PCAR3 | GPA ON | R$ 35,14 | -2,01% |
IRBR3 | IRB ON | R$ 5,91 | -1,50% |
BBAS3 | Banco do Brasil ON | R$ 31,98 | -1,39% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 40,19 | -1,35% |