Exterior negativo finalmente alcança o Ibovespa e bolsa recua 1%; dólar vai a R$ 5,44
O clima de cautela do exterior finalmente alcançou o Ibovespa, que terminou o dia com uma queda em linha com o visto lá fora nos últimos dias, pesando também a preocupação com a questão fiscal

Não é nenhuma novidade que o mercado financeiro não gosta de trabalhar com incertezas. Na maior parte do tempo, elas sempre são precificadas com antecedência, pois é melhor uma correção para cima mais tarde do que não se precaver aos possíveis infortúnios.
Por isso é tão natural que antes de feriados e momentos de liquidez reduzida, como foi essa semana, a cautela prevaleça. Esse pós-carnaval é uma prova disso. Não foi só o Brasil que teve suas negociações paralisadas. Na Ásia, os principais mercados passaram uma semana fechados - retornando somente na última madrugada.
No radar: a pandemia do coronavírus e a situação do auxílio emergencial no país, já que o retorno do benefício deixou de ser descartado e resta saber “apenas” como a questão será financiada diante do conturbado cenário fiscal brasileiro.
Na semana passada, o ministro Paulo Guedes prometeu encaminhar a pauta durante o carnaval, para que uma solução fosse apresentada logo após o feriado, que paralisou a B3 durante duas sessões e meia.
Na Quarta-feira de Cinzas, no entanto, um fato inesperado. A prisão de um deputado federal, que agora precisa passar pelo crivo da Câmara para seguir com a imunidade parlamentar apareceu para movimentar a nada movimentada semana pós-carnaval. Com isso, o medo do mercado recaiu sobre a possibilidade de que as pautas prioritárias - como o auxílio emergencial, a votação do orçamento e as reformas - ficassem para depois.
Ainda assim, a bolsa brasileira começou a quinta-feira (18) exatamente do ponto em que terminou o dia anterior: ignorando o cenário negativo no exterior e as incertezas políticas que se acumulam em Brasília.
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Mas quando as incertezas surgem, o mercado costuma acompanhar. E é por essa razão que a participação do ministro da Economia no encontro com líderes do Legislativo - incluindo os presidentes Arthur Lira e Rodrigo Pacheco - para discutir o andamento das pautas econômicas pesou sobre o mercado no começo da tarde. Uma mudança brusca de roteiro.
A ideia era acalmar os investidores quanto à possibilidade de que o caso traga um atraso e um prejuízo na tramitação dos outros temas tão aguardados, mas, em um primeiro momento, o mercado aprofundou a queda.
Após o encontro, os três se pronunciaram. Pacheco garantiu que a PEC Emergencial, que deve permitir a retomada do auxílio emergencial dentro do teto de gasto com a inclusão de uma "cláusula de guerra", será pautada na semana que vem, com a votação esperada para ocorrer na próxima quinta-feira (25).
Já Lira afirmou que os trabalhos nas duas casas não serão paralisados com a prisão de Silveira, considerado sem relevância suficiente para mudar o cenário. Em resumo: a definição das pautas tão caras ao mercado foram empurradas mais uma vez para a semana que vem.
O momento coincidiu com a mínima do dia da bolsa brasileira, que voltou aos 118 mil pontos, mas para a economista da CM Capital, Ariane Benedito, toda essa pressão em torno da questão fiscal e do “arrastado” cronograma do Congresso já havia sido precificado com antecedência.
A piora nas bolsas americanas, que aconteceram no mesmo momento em que o ministro Guedes entrava na reunião, parece ter sido um fator muito mais relevante. Ainda mais porque ontem o mercado brasileiro se deslocou do comportamento internacional, o que parece ter atrasado para hoje aquele tradicional ajuste pós-feriado.
Se não fosse a confluência de incertezas locais com o cenário pessimista externo, poderíamos ter tido uma sessão diferente, puxada pelo brilho das commodities do setor metálico. O urso venceu.
Ao fim do dia, o Ibovespa marcava um recuo de 0,96%, aos 119.198 pontos, interrompendo uma sequência de três altas. No câmbio, o dólar à vista sofreu a influência da tensão em Brasília e da cautela externa para subir, ao mesmo tempo que dados mais fracos da economia americana aliviaram um pouco a situação, e a divisa encerrou em alta de 0,48%, a R$ 5,4410.
Confira também as taxas de fechamento do mercado de juros, que foi também pressionado pela perspectiva de impacto negativo da alta dos combustíveis no IGP-M.
- Janeiro/2022: de 3,38% para 3,41%
- Janeiro/2023: de 5,01% para 5,04%
- Janeiro/2025: de 6,58% para 6,58%
- Janeiro/2027: de 7,25% para 7,23%
Esfriando os ânimos
As bolsas europeias chegaram a abrir o dia no azul, mas fecharam em queda, após a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu, que mostrou preocupação com a trajetória da inflação no bloco.
Nos Estados Unidos, uma nevasca no Texas, a demora na definição da aprovação de novos estímulos fiscais e dados mais fracos da economia colaboraram para que as bolsas americanas fechassem em queda, ainda que longe das mínimas. O Nasdaq liderou o recuo, ao cair 0,72%. Já o S&P 500 e o Dow Jones recuaram 0,44% e 0,38%, respectivamente.
O número de pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos frustrou os investidores e pesou em Wall Street, trazendo grande instabilidade à B3, que apagou o desempenho positivo de empresas ligadas ao petróleo e ao minério de ferro e perdeu o patamar dos 119 mil pontos.
O petróleo, aliás, também passou por um revés e passou a cair, o que fez com que empresas de peso, como a Petrobras, que chegou a disparar 4% logo na abertura, passassem a recuar.
Nos primeiros minutos do pregão, a estatal somou os benefícios do crescimento de mais de 7% na sua produção em janeiro e a reação positiva dos agentes financeiros após a companhia informar um reajuste nos preços da gasolina e do óleo diesel. No fim do dia, no entanto, o saldo foi negativo. As ações ordinárias recuaram 0,84% e as preferenciais mais de 1%.
A razão para essa mudança é que depois de um otimismo apoiado na queda da produção - tanto com relação aos acordos da Opep+ quanto aos elementos climáticos que prejudicam a produção nos Estados Unidos -, os investidores passaram a pesar a dificuldade da recuperação da demanda, com as principais economias do mundo ainda patinando para retomar o nível de atividade.
Segurando o fluxo
A principal movimentação no cenário doméstico foi o desenrolar da prisão do deputado Daniel Silveira, do PSL, depois de ataques ao Supremo e apologia ao Ato Institucional 5, o AI-5.
Como Silveira possui imunidade parlamentar, o tema deve ser julgado pelo plenário da Câmara. A questão empaca as outras pautas prioritárias da casa, como o andamento das reformas e as questões mais práticas relacionadas ao auxílio emergencial, que segue indefinido e é fonte de desconfiança do mercado.
Com o foco do governo na crise política que pode virar uma bola de neve em Brasília, fica jogado para escanteio a questão da vacinação contra a covid-19 no país, o que é preocupante. Diversos estados e municípios já começam a interromper suas campanhas de vacinação por falta de doses e as promessas de novos imunizantes feitas pelo ministro da Saúde não trazem alívio ao cenário.
Por isso, o encontro do ministro da Economia Paulo Guedes e dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, que se reuniram para conversar sobre o andamento da pauta econômica, principalmente no que diz respeito ao andamento das reformas e medidas necessárias para assegurar a nova rodada do auxílio emergencial, mexeu com os mercados. Após a reunião, a expectativa passou a ser de que o relatório da PEC Emergencial será apresentado na segunda-feira (22), conforme prometido por Pacheco, e delimite de forma mais clara o impacto fiscal da retomada do auxílio emergencial para a economia brasileira.
Porém a dúvida segue sendo o teor do texto que será apresentado. Ariane Benedito, da CM Capital, diz que em conversas com o senador Alessandro Vieira, líder do Cidadania no Senado e presente na reunião de hoje, essa foi uma das dúvidas levantadas.
Segundo Vieira, nenhum texto foi apresentado hoje, embora Pacheco realmente esteja fazendo pressão para que a decisão saia na semana que vem. Na visão do parlamentar, não existe tempo suficiente para se elaborar um texto sadio que consiga aliar o amparo à população com uma solução para o teto de gastos.
O tema é um importante palanque, por isso, a demora também envolve questões políticas que travam as negociações.
Além da incerteza que envolve o empurra-empurra para a próxima semana, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, lembra que o orçamento de 2021 ainda não foi votado, o que pressiona o governo também para a preparação de um plano de contingenciamento.
Sobe e desce
As commodities começaram o dia brilhando, mas o desgaste no cenário local e a cautela lá fora minou o desempenho das empresas. Ainda assim, as companhias ligadas ao minério de ferro merecem destaque, já que figuraram entre as poucas altas do dia.
Durante a madrugada, as principais bolsas asiáticas retomaram as negociações, após uma semana de feriado. Ainda que o movimento visto por lá tenha sido de realização de lucros, o minério de ferro em Qingdao disparou quase 5%, cotado a US$ 175,05 a tonelada, o que deve mais uma vez mexer com as mineradoras e siderúrgicas desse lado do oceano.
Para Glauco Legat, analista-chefe da Necton Investimentos, o desempenho da Vale, uma das principais ações do índice, poderia ter sido ainda melhor se não fosse a aguardada estreia da CSN Mineração que, após anos de espera e antecipação do mercado, finalmente aconteceu, e o clima pesado lá fora. Enquanto a Vale subiu cerca de 1,10%, as ações da CSN Mineração, uma nova opção dos investidores que querem exposição ao minério de ferro, subiu quase 6%.
Entre as maiores altas do dia, destaque para a PetroRio, mesmo com a queda do petróleo e as ações das exportadoras Klabin e Suzano, que além de se beneficiarem de um dólar mais alto, também acompanham a expectativa de um aumento no valor da celulose no mercado internacional.
Segundo informações do Broadcast, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vendeu 25% de sua fatia na Klabin, movimentando cerca de R$ 600 milhões, o que também beneficia o desempenho positivo da companhia. Confira as maiores altas de hoje.
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
JHSF3 | JHSF ON | R$ 7,42 | 3,78% |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | R$ 20,60 | 2,33% |
SUZB3 | Suzano ON | R$ 74,04 | 2,28% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 88,41 | 1,49% |
KLBN11 | Klabin units | R$ 28,90 | 1,47% |
Confira também as maiores quedas do dia, que ficaram marcadas principalmente por uma realização e correção dos lucros recentes:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BEEF3 | Minerva ON | R$ 9,63 | -4,37% |
BTOW3 | B2W ON | R$ 83,00 | -3,91% |
TIMS3 | Tim ON | R$ 13,65 | -3,67% |
UGPA3 | Ultrapar ON | R$ 22,50 | -3,47% |
GNDI3 | Intermédica ON | R$ 92,31 | -3,34% |
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