Inflação americana e minério de ferro vivem ‘dias de luta e dias de glória’, monopolizando a semana; dólar avança e bolsa recua no período
O minério de ferro puxou Vale e siderúrgicas para cima – mas depois derrubou. A inflação americana também assustou, mas conseguiu acalmar o ânimo dos investidores. Confira tudo o que movimentou a semana

O mercado foi movimentado, mas sem muitos temas para variar o noticiário: começamos a segunda-feira falando de minério de ferro e inflação e terminamos a sexta-feira da mesma forma. Até a bolsa ficou quase estável.
Se no começo da semana o bom desempenho do minério de ferro impediu a bolsa brasileira de acompanhar a queda em Nova York, hoje o tombo da commodity segurou um pouco o fôlego do Ibovespa e fez com que o índice brasileiro fechasse em uma alta um pouco mais moderada que os seus pares americanos nesta sexta-feira (14).
Em Wall Street, novos dados da economia americana voltaram a atenuar o perigo de um superaquecimento da atividade, ajudando os ativos na recuperação do baque da última quarta-feira (12), quando o temor de uma pressão inflacionária que obrigue o Federal Reserve a aumentar os juros apavorou os mercados após a divulgação dos números do CPI (índice de preços ao consumidor. Hoje o Dow Jones avançou 1,09%, o S&P 500 teve alta de 1,48% e o Nasdaq, índice que mais sofreu nos últimos dias, registrou um ganho de 2,32%.
O cenário doméstico deu uma folga nos últimos dias, com a CPI da Covid - que tanto causou cautela antes de sua instauração - sendo apenas pano de fundo, sem realmente movimentar o mercado. O que movimentou mesmo os negócios na B3 foi a temporada de balanços e a cotação do minério de ferro.
Revertendo a cotação recorde do início da semana - quando puxou para cima empresas como Vale e siderúrgicas -, o minério de ferro passou por um dia de ajuste, tombando mais de 12%. Por tabela, as companhias com exposição às commodities metálicas também recuaram.
Leia Também
Para compensar o movimento, a alta do petróleo e o bom desempenho da Petrobras pós-balanço equilibraram um pouco as coisas. O Ibovespa avançou 0,97%, aos 121.880 pontos, mas o saldo na semana foi negativo - um leve recuo de 0,13%.
Acompanhando o movimento de enfraquecimento visto no exterior, o dólar à vista fechou em queda de 0,80%, a R$ 5,2710. O movimento foi insuficiente para reverter o saldo da semana e a moeda avançou 0,81% no período.
Mesmo com uma tarde cheia de declarações dos diretores do Banco Central, o mercado de juros não pareceu reagir, ainda que tenha revertido o movimento que predominou na parte da manhã. Confira as taxas de fechamento:
- Janeiro/2022: de 4,88% para 4,95%
- Janeiro/2023: de 6,71% para 6,77%
- Janeiro/2025: de 8,24% para 8,27%
- Janeiro/2027: de 8,83% para 8,85%
O conto da águia e do dragão
Os últimos dias foram de realização de profecias. Digo isso porque nos últimos meses o retorno dos títulos do Tesouro americano indicavam uma leitura de que a inflação começaria a acelerar e, agora, os índices de preço do país começam a mostrar que a meta de 2% do Federal Reserve está ameaçada.
Mesmo que a disparada seja discreta para os padrões brasileiros, o Fed pode sentir a necessidade de aumentar os juros antes do tempo, o que não agrada. Na quarta-feira (12), a divulgação do CPI nos Estados Unidos deixou os ativos globais em alerta. Dólar e juros futuros dispararam enquanto as bolsas globais registraram perdas significativas.
Na ocasião, o índice teve um avanço de 0,8%, contra a estimativa de 0,2%. No dia seguinte, o PPI, índice de preços ao produtor, também acelerou - alta de 0,6% em abril ante março. Agora o mercado aguarda o PCE, que mede Despesas com Consumo Pessoal, e é o índice “favorito” do Federal Reserve para guiar suas decisões de política monetária.
Mais do que somente os trilhões em estímulos injetados na economia, os preços também disparam por conta de alterações e dificuldades trazidas pelo coronavírus ao processo produtivo e a falta de insumos. Aqui eu trago os principais pontos para você entender como funciona a inflação americana.
Hoje, o que movimentou a agenda de indicadores não foram os índices de preço, mas sim de vendas. De acordo com o departamento do comércio dos Estados Unidos, as vendas ficaram estagnadas em abril, um fato que surpreendeu os economistas, que esperavam alta de 1,0%. A produção industrial também decepcionou.
Se lembrarmos que na semana passada o payroll, com dados do mercado de trabalho, também decepcionou, é provável que se pense em uma reação negativa. Mas o que aconteceu foi justamente o contrário.
Esses dados “divergentes”, que ora mostram superaquecimento e ora mostram dificuldades de reação, são bem-vindos. Para os investidores, isso indica que a economia não corre perigo e o Fed não deve correr para apagar o fogo com um aumento de juros que faria o capital migrar da renda variável para ativos mais seguros e que retiraria recursos dos países emergentes, obrigando os BCs locais a também ajustarem suas posições.
Segundo Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, a disparidade dos indicadores ocorre porque estamos saindo de uma crise e a economia não costuma funcionar de forma “redondinha”. “As variáveis econômicas representam uma evolução errática. Algumas se recuperam antes, outras depois. Acaba sendo um processo natural”.
Estamos longe de ver um fim para a saga da Águia e do Dragão…
Morde e assopra
Ao longo de toda a semana - e nos últimos meses - as commodities, principalmente as metálicas, salvam o Ibovespa de um destino pior. É só lembrar que mesmo com o cenário político-fiscal ainda muito desgastado e a pandemia ainda fora do controle, o Ibovespa segue acima dos 120 mil pontos.
Um dos principais responsáveis por isso é o minério de ferro. Desde 2020 a commodity vem em um rali alucinante e que renovou níveis recordes nesta semana - no patamar dos US$ 230 por tonelada.
A Vale e as siderúrgicas, com grande exposição ao ativo e peso significativo na carteira teórica do Ibovespa agradecem. Muitos dias elas foram a salvação da bolsa brasileira.
Hoje, no entanto, o minério de ferro despencou mais de 12%. na China. O país estaria se esforçando para conter o avanço do preço e a commodity também passou por um ajuste após deixar de ser negociado um dia para um ajuste. O resultado disso é que Vale, Usiminas, Gerdau e Metalúrgica Gerdau tiveram alguns dos piores desempenhos do dia.
Ao longo da semana, o repórter Victor Aguiar acompanhou toda a movimentação do minério e te conta porque a commodity virou pedra preciosa e o que levou a essa forte correção hoje.
Sobe e desce
Com a temporada de balanços em ritmo alucinante, as maiores altas da semana ficaram com companhias que apresentaram resultados sólidos e que agradaram o mercado. Confira:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARSEMANA |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 31,73 | 10,91% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 26,16 | 7,30% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 25,55 | 6,77% |
ENEV3 | Eneva ON | R$ 16,41 | 6,49% |
ABEV3 | Ambev ON | R$ 17,23 | 6,29% |
Confira também as maiores quedas dos últimos dias:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 181,86 | -13,39% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 20,41 | -11,80% |
TOTS3 | Totvs ON | R$ 30,95 | -8,92% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 22,83 | -7,98% |
RENT3 | Localiza ON | R$ 58,60 | -7,29% |
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?
Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros
CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos
Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
JBS (JBSS3) aprova assembleia para votar dupla listagem na bolsa de Nova York e prevê negociações em junho; confira os próximos passos
A listagem na bolsa de valores de Nova York daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores. O processo ocorre há alguns anos, mas ainda restam algumas etapas pela frente
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Como declarar fiagros e fundos imobiliários (FIIs) no imposto de renda 2025
Fundos imobiliários e fiagros têm cotas negociadas em bolsa, sendo tributados e declarados de formas bem parecidas