Reforma tributária segue indigesta, mas Ibovespa acompanha Wall Street e apaga as perdas da semana; dólar sobe mais de 2%
O payroll divulgado hoje puxou as bolsas americanas e abriu caminho para que o Ibovespa também se recuperasse com uma alta de 1,56%, aos 127.621 pontos; O dolar operou instávekl durante a maior parte do dia
Poucas sensações são tão irritantes e desconcertantes quanto aquele fiapinho preso na garganta que não desaparece de jeito nenhum. Não tem pigarro, água ou simpatia que alivie o desconforto e para prevenir danos maiores, é sempre bom agir com cautela.
Se você sabe do que estou falando, vai entender com facilidade a postura adotada pelo mercado financeiro nos últimos dias. A reforma tributária simplesmente não desceu como deveria.
Na sexta-feira (25) passada, a equipe econômica entregou a segunda parte da reforma que conta com alterações na tabela de imposto de renda para pessoas físicas e mudanças significativas na forma de tributação das companhias e dos investimentos. O mercado reagiu mal no dia do anúncio e seguiu desconfortável com o texto ao longo da semana - é que os cálculos apontam para um possível aumento da tributação.
Arthur Lira e Paulo Guedes bem que tentaram desfazer algumas confusões e vieram a público afirmar que ainda tem muito chão até o texto final e que existe “gordura para queimar” na proposta apresentada. Ou seja, os números apresentados ainda podem mudar.
Os analistas estão cientes de que esse é um tema que deve se arrastar por todo o segundo semestre, mas isso não impede que a volatilidade da bolsa acompanhe as tratativas no Congresso. E aqui encontramos o segundo ponto de desconforto: os desdobramentos da CPI da covid-19, que implica o presidente Jair Bolsonaro e membros importantes do seu governo em um esquema de superfaturamento de vacinas durante a pandemia. Uma desestabilização da base governista pode interromper a agenda de reformas.
Os dois temas preocupam e não saíram da cabeça do mercado. Para Iago Souza, analista de investimentos da Warren, a reforma tributária pesa muito mais já que, na visão do analista, existe “disse me disse” que acaba atrapalhando a digestão dos fatos. Se a bolsa fosse somente um reflexo de Brasília, o resultado da semana teria sido diferente. Mas hoje tivemos Wall Street para ajudar.
Leia Também
A última dança de Warren Buffett: 'Oráculo de Omaha' vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Com o mercado de trabalho americano mostrando uma recuperação acima da esperada e o Federal Reserve reafirmando o seu compromisso de manter sua política econômica inalterada, Nova York celebrou novos recordes e o Ibovespa conseguiu reverter os excessos dos últimos dias. O principal índice da bolsa brasileira apagou as perdas dos dias anteriores e finalizou a semana quase no zero a zero, com uma leve alta de 0,29%. Hoje, o avanço foi de 1,56%, aos 127.621 pontos.
O dólar à vista, no entanto, não teve o mesmo comportamento. Pela manhã, a divisa até tentou seguir o movimento do exterior e chegou a recuar mais de 1%, mas o agravamento da crise política falou mais forte. A Procuradoria-Geral da União sinalizou que pretende ouvir os envolvidos nos possíveis crimes de prevaricação, trazendo instabilidade ao câmbio.
No fim, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,16%, a R$ 5,0533, em uma semana que foi marcada pela retomada do patamar dos R$ 5 e um avanço de 2,34%.
Ao longo da semana, os atritos políticos e a preocupação com os efeitos da crise hídrica na inflação pressionaram o mercado de juros, mas hoje o dia foi de alívio. Confira as taxas do dia:
- Janeiro/22: de 5,71% para 5,68%
- Janeiro/23: de 7,12% para 7,07%
- Janeiro/25: de 8,17% para 8,15%
- Janeiro/27: de 8,62% para 8,60%
O evento da semana
Depois de uma semana com o pé no freio, o mercado finalmente chegou ao dia da divulgação do payroll, relatório de emprego norte-americano que é um dos mais importantes termômetros da atividade.
A expectativa era de que fossem criados 800 mil novos postos de trabalho, mas esse teto foi superado. Segundo o Departamento de Trabalho americano, foram criadas 850 mil novas vagas, marcando o menor nível desde o início da pandemia.
O número até poderia ter sido visto como um sinal de que o aquecimento da economia pode levar a uma mudança na política de estímulos do Fed, mas o número de novas vagas veio acompanhado de dados que permitiram aos investidores ficarem com o pé no chão. A taxa de desemprego subiu e não houve uma melhora no valor da hora média trabalhada pelos investidores, o que limita a leitura de uma inflação que não seja transitória.
O analista da Warren ressalta que além desses fatores, uma recuperação robusta nos Estados Unidos também leva a um progressivo aumento de expectativas ao redor do mundo e que o discurso de juros estáveis até pelo menos 2022 já está incorporado - pelo menos por agora.
E foi nesse cenário que o S&P 500 e o Nasdaq renovaram os seus topos históricos mais uma vez ao subirem 0,75% e 0,81%, respectivamente. O Dow Jones também fechou o dia em alta, com um avanço de 0,44%.
Apague a luz
Não é só o texto indigesto da reforma tributária, crimes de corrupção e crises políticas que seguram o Ibovespa. O futuro da conta de energia também tem reflexo na bolsa (e no seu bolso).
A crise hídrica deve obrigar a compra de energia de termelétricas e usinas eólicas, com um custo mais elevado. É por isso que a Aneel divulgou um reajuste na tarifa de energia da bandeira vermelha 2 em cerca de 52%. E pode vir mais por aí.
Embora esse ajuste salgue a conta de luz e pressione o índice oficial de inflação ainda mais, essa não é a única consequência do problema.
Souza explica que embora não acredite em um racionamento nos moldes dos ocorridos em 2001, o receio de um racionamento pode acabar freando o crescimento da economia. Vale lembrar que, no momento, o mercado está otimista e segue revisando para cima semanalmente as projeções no boletim Focus.
Sobe e desce
Com as malas quase prontas para o Nasdaq, as ações do Banco Inter lideraram as altas da semana após a companhia realizar uma bem sucedida oferta de ações que não só levantou mais de R$ 5 bilhões, mas também marcou a entrada da empresa de maquininhas e pagamentos digitais Stone no corpo de acionistas.
A PetroRio aproveitou a alta do petróleo. A commodity sobe na expectativa pela decisão da Opep+ sobre o futuro da produção. A Braskem também foi um dos destaques, repercutindo o otimismo do mercado com a possível venda da fatia pertencente a Novonor (ex-Odebrecht) na petroquímica. Confira:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARSEM |
| BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 78,89 | 12,70% |
| PRIO3 | PetroRio ON | R$ 21,30 | 11,64% |
| BRKM5 | Braskem PNA | R$ 59,82 | 7,94% |
| BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 31,54 | 6,66% |
| BRDT3 | BR Distribuidora ON | R$ 29,39 | 6,56% |
Confira também as maiores quedas:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARSEM |
| BRFS3 | BRF ON | R$ 26,86 | -5,69% |
| JHSF3 | JHSF ON | R$ 7,17 | -5,53% |
| COGN3 | Cogna ON | R$ 4,34 | -5,45% |
| BRML3 | BR Malls ON | R$ 10,04 | -5,28% |
| IGTA3 | Iguatemi ON | R$ 40,00 | -4,83% |
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
