A tentativa frustrada de combinação de negócios entre as empresas de geração de energia Eneva e a AES Tietê entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A xerife do mercado de capitais abriu um processo administrativo para investigar as “notícias, fatos relevantes e comunicados” da AES Tietê. Não há mais detalhes sobre o procedimento. Como de praxe, a CVM não comenta casos específicos.
Além do processo desta segunda-feira, existem outros dois procedimentos na autarquia, um deles aberto a pedido da gestora HIX Investimentos, acionista da Eneva.
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A Eneva decidiu retirar a proposta depois de a americana AES Corp anunciar que não reconheceria a operação caso fosse aprovada em uma assembleia de acionistas.
Em tese, nenhuma oferta pala Tietê iria adiante sem o aval dos americanos, que possuem 61% das ações com direito a voto. A grande questão é que o controlador possui apenas 24% do capital total da AES Tietê, composto também por ações preferenciais.
Como a companhia é listada no nível 2 de governança corporativa da B3, os titulares de ações preferenciais possuem direito a voto em determinadas circunstâncias. Uma delas seria justamente uma proposta de incorporação como a lançada pela Eneva.
A AES Corp, no entanto, entende que a transação não pode ir à frente sem o aval da maioria dos acionistas com ações ordinárias – no caso, ela própria.
No último domingo, o conselho de administração da empresa – controlado pelos americanos – se posicionou contra a proposta da Eneva. A operação foi tratada como uma oferta hostil (sem negociação prévia com a companhia).
A Eneva propôs a incorporação usando como moeda suas próprias ações mais R$ 2,7 bilhões em dinheiro. Na época do anúncio, o valor total representava um prêmio de 13,3% sobre as cotações das units da empresa (TIET11).
O conselho da AES Tietê deixou em aberto a possibilidade de negociar uma proposta alternativa, que permitisse aos acionistas receberem todo o valor em dinheiro. Mas depois da manifestação dos americanos, a Eneva optou por tirar o time de campo.