Assim como ocorreu no terceiro trimestre, as ações do Banco BMG reagem em queda violenta à divulgação do balanço dos últimos três meses do ano e de 2019.
O banco registrou lucro líquido de R$ 344 milhões no ano passado pelo critério gerencial, alta de 33,4%. No quarto trimestre, o resultado foi 20% maior e somou R$ 74 milhões. Então, qual foi o problema?
Uma olhada mais atenta nos números mostra que o resultado do BMG foi pior do que parece. Pelo critério contábil, o banco registrou um prejuízo antes de impostos de R$ 210 milhões nos últimos três meses de 2019.
Parte da diferença para o resultado gerencial vem de um ajuste nas provisões no valor R$ 313 milhões, que o banco classificou como não-recorrente, ou seja, que não deve se repetir em resultados seguintes.
Entre os ajustes nas provisões estão as feitas para ações cíveis, justamente aquelas que provocaram desconforto nos investidores no balanço do terceiro trimestre de 2019, o primeiro do BMG após a abertura de capital na B3.
Por outro lado, o banco também descontou do resultado gerencial o ganho de R$ 276 milhões – também extraordinário – obtido com a correção de créditos tributários com o aumento da alíquota da CSLL.
Além das dúvidas sobre o resultado, o BMG divulgou projeções para o resultado de 2020 que apontam um crescimento menor do que o inicialmente esperado pelo mercado.
As ações do banco (BMGB4) fecharam o dia em baixa de 17,58%, cotadas a R$ 7,55. Desde a oferta pública inicial (IPO), há pouco mais de três meses, o banco já perdeu mais de 30% do valor na bolsa. Leia também a nossa cobertura de mercados.
De volta ao balanço gerencial, os resultados vieram abaixo do esperado, segundo o Credit Suisse. "A principal razão para a frustração das nossas estimativas foram as despesas operacionais acima do esperado", escreveram os analistas, em relatório a clientes.
O banco suíço, que foi um dos coordenadores do IPO do BMG, tem recomendação "outperform" (equivalente a compra) para as ações, com preço-alvo de R$ 12,50.