🔴 IMPOSTO DE RENDA 2025: BAIXE GUIA GRATUITO E DESCUBRA UMA FORMA PRÁTICA DE FAZER A DECLARAÇÃO – VEJA COMO

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

Quase tudo no vermelho

Não vai subir ninguém! (Quer dizer, só o dólar.) Veja o balanço dos investimentos no mês de março

Neste histórico mês de março, quase todos os ativos caíram. Só o dólar e a renda fixa mais conservadora se salvaram

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
31 de março de 2020
19:53 - atualizado às 19:55
Coronavírus derruba países
Imagem: Shutterstock

Se fevereiro já foi um mês difícil para os investimentos, março foi um verdadeiro banho de sangue, dada a quantidade de ativos que tiveram desempenho "no vermelho".

No mês em que a bolsa brasileira teve suas negociações paralisadas seis vezes por conta da forte volatilidade provocada pelo avanço rápido do coronavírus pelo mundo - acionando o mecanismo conhecido como circuit breaker -, a forte aversão a risco dos investidores de todo o planeta levou praticamente todos os ativos de risco a caírem em bloco.

O dólar, porto seguro nesses momentos de crise e grandes incertezas, foi o único ativo que realmente se valorizou - e que valorização! Foi uma alta de nada menos que 16,03% no mercado à vista e 15,58% se considerada a taxa PTAX do Banco Central, levando a divisa para perto dos R$ 5,20. No ano, a valorização da moeda americana já ronda os 30%.

Por outro lado, o Ibovespa apareceu em último lugar, com uma forte queda de 29,84% - pior desempenho mensal desde 1998. O índice perdeu a marca histórica dos 100 mil pontos, terminando o mês aos 73.076 pontos e acumulando uma perda de 36,81% no ano. Nenhuma ação do Ibovespa - eu disse NENHUMA ação do Ibovespa - teve alta neste mês.

Mesmo os ativos menos voláteis, mas que também têm um componente de risco, levaram tombos em março: fundos imobiliários, debêntures e títulos públicos prefixados ou atrelados à inflação. Até o ouro, outra proteção clássica, amargou uma pequena perda em dólar. Quem ainda conseguiu algum ganho foi a renda fixa conservadora (incluindo a poupança).

Os melhores e piores investimentos de março

Um mês histórico

Março de 2020 já entrou para a história do mercado financeiro brasileiro. Foi um mês repleto de grandes marcos, todos infelizmente negativos. Para começar, o Ibovespa viu tanta volatilidade, que acionou o circuit breaker - o botão de pânico da bolsa - seis vezes.

Leia Também

O mecanismo de paralisação das negociações é acionado toda vez que o índice cai demais - o primeiro acionamento em um pregão ocorre após uma queda de 10%, e o segundo, após uma queda de 15%.

Foi a primeira vez desde 2008 que o circuit breaker foi acionado tantas vezes num mesmo ano. Mas foi a primeira vez na história que todas as seis vezes ocorreram no mesmo mês.

Também foi em março que o dólar ultrapassou os R$ 5 pela primeira vez - e acima dessa marca se firmou. Ainda vimos um corte da taxa Selic pelo Banco Central para 3,75% ao ano, uma nova mínima histórica, e abaixo dos 4% pela primeira vez.

Finalmente, vimos o Ibovespa perder a marca dos 100 mil pontos arduamente conquistada um ano atrás. Em 23 de janeiro deste ano, o índice atingiu sua máxima nominal histórica de 119.527 pontos.

Desde então, já despencou quase 40%, entrando oficialmente num bear market (mercado de baixa) e pondo fim ao bull market (mercado de alta) que vivíamos desde 2016.

Em março, o Ibovespa também marcou a mínima do ano (até agora): 63.569 pontos, uma queda de quase 47% em relação à máxima histórica.

Volatilidade a mil

A principal característica do mês de março certamente foi sua ampla volatilidade em todos os mercados. Oscilações percentuais diárias de dois dígitos nos mercados de bolsa, juros e commodities foram comuns.

O índice de volatilidade VIX, conhecido como "índice do medo", que vinha oscilando entre 10 e 20 pontos nos primeiros meses do ano, saltou para 40, 50, 60, 70, 80 em março - patamares similares aos atingidos na crise de 2008.

Tudo isso reflete uma forte aversão a risco que se formou nos mercados ao longo do mês, e uma perda completa das referências de preço pelo mercado. O motivo é simples: o avanço mais forte do coronavírus pelo mundo, que começou na semana do Carnaval, levou boa parte do planeta a simplesmente "desligar as máquinas".

O vírus que deixou o mundo de joelhos

Em todo o mundo, e inclusive no Brasil, governos nacionais e regionais decretaram políticas de distanciamento social, com a suspensão obrigatória de atividades não essenciais, e fazendo campanha para que as pessoas fiquem em casa sempre que possível. Eventos foram cancelados, o comércio fechou as portas e as economias foram desacelerando até quase parar.

Tudo isso para que o coronavírus, que se espalha muito rapidamente por meio do contato humano, não levasse a uma onda tão grande de contaminados que os sistemas de saúde ficassem sobrecarregados. Afinal, as taxas de hospitalização e letalidade da Covid-19, a doença causada pelo vírus, são altas.

Recessão à vista

O problema é que não sabemos direito o que vai acontecer daqui para frente. Sabemos que o combate ao vírus vai inevitavelmente levar a uma desaceleração ou até muito provavelmente a uma recessão econômica. E, de fato, diversas instituições financeiras vêm revisando para baixo suas projeções. Mas ainda não sabemos, ao certo, o tamanho do tombo.

A incerteza quanto à evolução da doença em diferentes países é muito grande. Logo, não sabemos por quanto tempo as economias vão andar devagar quase parando, nem qual o impacto exato da pandemia nos resultados das empresas e no Produto Interno Bruto (PIB) de cada país.

Busca desenfreada por liquidez

Assim, na falta de dados e referências para fazer projeções mais concretas, os preços acabaram ficando malucos. Os investidores começaram a vender tudo a qualquer preço e correr para liquidez - seja por segurança, seja para honrar suas obrigações com perdas em outros mercados.

Dessa forma, vimos uma corrida para o dólar e uma venda massiva de ações, títulos públicos ou privados, fundos imobiliários e até mesmo bitcoins. Uma troca do duvidoso pelo certo - ou o que os investidores julgam como certo.

Aqui no Brasil, ainda vimos uma fuga massiva de recursos estrangeiros, pois aos olhos do mundo, os ativos de países emergentes são os mais arriscados dentre os ativos de risco.

Só pra contrariar

Só para complicar ainda mais um cenário já complicado, Arábia Saudita e Rússia resolveram começar uma guerra de preços em março, adicionando ainda mais risco ao cenário.

As duas potências na produção de petróleo não conseguiram chegar a um acordo sobre cortes na produção para adequá-la à menor demanda, agora que o mundo está mais parado por conta do coronavírus.

Assim, para "ensinar uma lição" à Rússia, os sauditas resolveram abrir a torneirinha e despejar petróleo no mercado mundial, o que derrubou o preço da commodity para o patamar dos US$ 25, US$ 30 o barril - lembrando que, no ano passado, o petróleo tinha chegado a bater US$ 70.

A ideia é que o preço baixo "desse um certo calor" à Rússia e a obrigasse a negociar um corte na produção, como era defendido pelos sauditas. Só que, até agora, o imbróglio não foi resolvido.

Juros na montanha-russa

Governos do mundo todo estão lançando mão de pacotes de estímulo para segurar a economia, que incluem a derrubada das taxas básicas de juros e a liberação de recursos para que empresas não demitam e não fiquem sem recursos para pagar salários, e para que trabalhadores autônomos e informais não fiquem totalmente sem renda.

O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, realizou dois cortes extraordinários de juros neste mês. No segundo, zerou a taxa. Diversos bancos centrais ao redor do mundo também cortaram seus juros, inclusive o brasileiro, que derrubou a Selic para 3,75% ao ano.

Com isso, os juros futuros de curto prazo fecharam o mês em queda, justamente precificando um período de afrouxamento monetário para lidarmos com a crise.

Isso fez com que títulos prefixados com vencimentos em 2021 e 2022 tivessem um pequeno ganho. Afinal, esses papéis se valorizam quando os juros futuros caem.

Porém, os juros com vencimentos em prazos médios ou longos viram uma disparada em março, fortemente alinhada com o movimento generalizado de aversão a risco.

Com isso, todos os títulos prefixados e atrelados à inflação de prazos um pouco mais longos viram quedas, já que esses títulos se desvalorizam quando os juros futuros sobem. E quanto mais longo o prazo, maior o tombo.

Futuro ainda mais incerto

Além de um forte movimento vendedor de títulos por parte de investidores em busca de liquidez, vimos também um aumento da incerteza em relação ao futuro, o que costuma fazer os juros de prazos mais longos subirem.

No caso específico do Brasil, nosso risco-país disparou em março, o que contribuiu para levar nossos juros mais longos lá para cima. Juros de longo prazo estão menos ligados à política monetária e mais ligados à percepção de risco que os investidores têm em relação àquela economia.

Porém, o sobe e desce dos títulos foi intenso ao longo do mês - até mesmo os juros curtos apontaram para cima em alguns momentos, o que não faz nenhum sentido em um ambiente de recessão.

Essa volatilidade levou o Tesouro Direto a ficar fora do ar diversas vezes ao longo do mês. A plataforma on-line de negociação de títulos públicos tem suas negociações paralisadas em momentos de forte oscilação dos juros, para que preços e taxas possam ser atualizados.

O desempenho das empresas e a ameaça da crise de crédito

As empresas que mais estão sofrendo com a paralisação das economias até agora são aquelas ligadas às viagens, uma vez que fronteiras foram fechadas e rotas aéreas, bloqueadas. Assim, fabricantes de aeronaves, companhias aéreas, agências de turismo e hotéis estão passando por momentos verdadeiramente terríveis.

Economicamente, o maior risco desta crise é justamente uma quebradeira em massa das empresas. As mais ameaçadas são, é claro, as pequenas e médias. Mas a quebra de empresas de menor porte pode levar a um efeito em cascata nas cadeias de produção, podendo machucar até mesmo as grandes.

Esse cenário nos coloca de frente para a possibilidade de uma crise de crédito que, mesmo que não leve a uma quebradeira de bancos - hoje muito melhor capitalizados do que, por exemplo, na crise de 2008 -, pode causar efeitos prolongados na economia.

A própria manutenção do petróleo em patamares tão baixos de preço pode contribuir para tal crise. Além de pesar para a nossa Petrobras - e consequentemente, para o Ibovespa - pode inviabilizar negócios da área de energia que haviam sido concebidos para cenários de preços mais altos, tornando-se inviáveis com o preço da commodity nos níveis atuais.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
PASSOU DO LIMITE

Ambipar (AMBP3): CVM manda gestora lançar oferta por ações após disparada sem precedentes na B3

21 de março de 2025 - 15:22

CVM entendeu que fundos que têm como cotista o empresário Nelson Tanure atuaram em conjunto com o controlador da Ambipar na compra em massa que resultou na disparada das ações na B3

PONTO DE VIRADA

Hora de comprar: o que faz a ação da Brava Energia (BRAV3) liderar os ganhos do Ibovespa mesmo após prejuízo no 4T24

21 de março de 2025 - 12:23

A empresa resultante da fusão entre a 3R Petroleum e a Enauta reverteu um lucro de R$ 498,3 milhões em perda de R$ 1,028 bilhão entre outubro e dezembro de 2024, mas bancos dizem que o melhor pode estar por vir este ano

VISÃO DO MERCADO

Agora vai, Natura (NTCO3)? Mercado não “compra” a nova reestruturação — mas ações tomam fôlego na B3

21 de março de 2025 - 12:01

O mercado avalia que a Natura vivencia uma verdadeira perda, dada a saída de um executivo visto como essencial para a resolução da Avon. O que fazer com as ações NTCO3 agora?

APÓS BALANÇO

Efeito Starbucks? Zamp (ZAMP3) tomba 11% na bolsa; entenda o que impactou as ações da dona do Burger King e do Subway

21 de março de 2025 - 12:00

Empresa concluiu aquisição de Starbucks e Subway no Brasil no quarto trimestre e trocou de CEO no mês passado

REPAGINADA

Vida nova: por que a CCR (CCRO3) quer mudar de nome e virar Motiva

21 de março de 2025 - 9:40

O ticker da empresa na bolsa também deve mudar, assim como a identidade visual da marca

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Não fique aí esperando: Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque do exterior e da temporada de balanços

21 de março de 2025 - 8:21

Ibovespa interrompeu na quinta-feira uma sequência de seis pregões em alta; movimento é visto como correção

SEXTOU COM O RUY

Deixou no chinelo: Selic está perto de 15%, mas essa carteira já rendeu mais em três meses

21 de março de 2025 - 5:42

Isso não quer dizer que você deveria vender todos os seus títulos de renda fixa para comprar bolsa neste momento, não se trata de tudo ou nada — é até saudável que você tenha as duas classes na carteira

AINDA PRECISA DE APROVAÇÃO

Natura (NTCO3): a proposta de incorporação que pode dar um pontapé para uma nova fase

20 de março de 2025 - 20:21

Operação ainda precisa ser aprovada em assembleia e passar pelo aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

REESTRUTURAÇÃO DE DÍVIDAS

Sequoia (SEQL3): Justiça aprova plano de recuperação extrajudicial — e acionistas agora deverão votar a emissão de novas ações 

20 de março de 2025 - 16:29

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo aprovou nesta quinta-feira (20) o processo de reestruturação com credores não financeiros do Grupo Move 3 Sequoia

FORTES EMOÇÕES

Hapvida (HAPV3) abre em forte queda, depois vira e opera em alta; entenda o que motivou esta montanha-russa

20 de março de 2025 - 15:08

Papéis caíram mais de 8% nos primeiros momentos do pregão, mas no começo da tarde subiam 3,5%

OLHO NO DETALHE

Ação da Minerva (BEEF3) dispara na bolsa mesmo após frigorífico sair de lucro para prejuízo; qual foi a boa notícia então?

20 de março de 2025 - 12:50

Balanço foi o primeiro após empresa concluir aquisição de ativos da Marfrig no Brasil, Argentina e Chile

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ainda sobe antes de cair: Ibovespa tenta emplacar mais uma alta após decisões do Fed e do Copom

20 de março de 2025 - 8:18

Copom elevou os juros por aqui e Fed manteve a taxa básica inalterada nos EUA durante a Super Quarta dos bancos centrais

ENTREVISTA EXCLUSIVA

CEO da Lojas Renner aposta em expansão mesmo com juro alto jogando contra — mas mercado hesita em colocar ações LREN3 no carrinho 

20 de março de 2025 - 5:53

Ao Seu Dinheiro, o presidente da varejista, Fabio Faccio, detalhou os planos para crescer este ano e diz que a concorrência que chega de fora não assusta

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas

19 de março de 2025 - 20:00

A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir

E DEVE CONTINUAR

Renda fixa mais rentável: com Selic a 14,25%, veja quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI

19 de março de 2025 - 19:51

Conforme já sinalizado, Copom aumentou a taxa básica em mais 1,00 ponto percentual nesta quarta (19), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas

CICLO CHEGANDO AO FIM?

Copom não surpreende, eleva a Selic para 14,25% e sinaliza mais um aumento em maio 

19 de março de 2025 - 19:35

Decisão foi unânime e elevou os juros para o maior patamar em nove anos. Em comunicado duro, o comitê não sinalizou a trajetória da taxa para os próximos meses

VAI OU NÃO CAI

A recessão nos EUA: Powell responde se mercado exagerou ou se a maior economia do mundo está em apuros

19 de março de 2025 - 19:32

Depois que grandes bancos previram mais chance de recessão nos EUA e os mercados encararam liquidações pesadas, o chefe do Fed fala sobre a situação real da economia norte-americana

RECUPERANDO A CONFIANÇA

Decisão do Federal Reserve traz dia de alívio para as criptomoedas e mercado respira após notícias positivas

19 de março de 2025 - 17:46

Expectativa de suporte do Fed ao mercado, ETF de Solana em Wall Street e recuo da SEC no processo contra Ripple impulsionam recuperação do mercado cripto após semanas de perdas

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Nova York vai às máximas, Ibovespa acompanha e dólar cai: previsão do Fed dá força para a bolsa lá fora e aqui

19 de março de 2025 - 17:18

O banco central norte-americano manteve os juros inalterados, como amplamente esperado, mas bancou a projeção para o ciclo de afrouxamento monetário mesmo com as tarifas de Trump à espreita

VAI ENCARAR?

Sem medo de Trump: BC dos EUA banca previsão de dois cortes de juros este ano e bolsas comemoram decisão

19 de março de 2025 - 15:31

O desfecho da reunião desta quarta-feira (19) veio como o esperado: os juros foram mantidos na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, mas Fed mexe no ritmo de compra de títulos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar