🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Felipe Saturnino

Felipe Saturnino

Graduado em Jornalismo pela USP, passou pelas redações de Bloomberg e Estadão.

ex-secretário do tesouro

BC poderia cortar mais a Selic, mas acertou ao dar pausa, diz Kawall

BC colocou barra alta para novo corte da taxa básica de juros, diz o ex-secretário do Tesouro e atual diretor do Asa Investments. Segundo ele, uma duas condições para uma nova flexibilização é que a inflação seja mais baixa do que o esperado

Felipe Saturnino
Felipe Saturnino
16 de setembro de 2020
20:24 - atualizado às 18:11
Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro, é atualmente diretor do Asa Bank
Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro, é atualmente diretor do Asa Bank - Imagem: Asa Bank

O diretor do Asa Investments e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall, disse que o Banco Central teve uma postura acertada no corte de juros, embora tivesse espaço para um corte adicional da taxa básica.

Segundo o ex-secretário do Tesouro, a barra é alta para uma nova queda por parte do BC daqui para frente, tendo em vista o comunicado da decisão de hoje sobre a taxa Selic.

Mais cedo, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa estável a 2,00% ao ano.

Ainda assim, há mais de queda de juros ao longo dos próximos meses do que de uma alta, diz o economista. Mas tudo depende da manutenção do teto de gastos e do populismo que o governo "está tentado" a fazer, afirma ele.

Segundo Kawall, o Copom reconheceu que a inflação de alimentos não afeta a política monetária no chamado horizonte relevante — ou seja, para 2021 e o início de 2022.

Além disso, o comitê também apontou, por meio do "forward guidance", que o grau de estímulos não deve ser retirado, apesar de riscos gerados pela política fiscal e programas de estímulo.

Leia Também

No documento, o BC avaliou que o risco de uma inflação acima do esperado, gerado pela situação política fiscal e os programas de estímulos, é maior do que o risco de inflação abaixo do esperado, produzido pela ociosidade da economia.

O Asa Bank projeta uma Selic a 1,5% no fim de 2020 — e, agora, vai avaliar se a projeção se mantém. Mas o economista afirma que a decisão do comitê foi prudente.

"BC quer corretamente avaliar melhor os impactos dessa taxa excepcionalmente baixa", diz ele. Confira trechos da entrevista concedida ao Seu Dinheiro.

Foi uma decisão acertada a manutenção dos juros ou cabia um corte agora?

Está claro que o BC até poderia cortar mais. Mas aí tem que ver o custo-benefício de cortar mais. E o BC substituiu o corte por uma mensagem, o forward guidance, de que vai ser difícil ele elevar os juros. A não ser que alguém quebre a regra do jogo: o ajuste fiscal. Aí é diferente, é um outro cenário.

O BC tem conduzido a política monetária muito bem. Mas dentro do contexto de alguém que até acabou ousando mais do que o consenso do mercado indicava, indo a 2%, numa trajetória bastante cautelosa, conseguimos ter juro inacreditavelmente baixo numa situação complicada do ponto de vista fiscal.

Agora, o BC quer corretamente avaliar melhor os impactos dessa taxa excepcionalmente baixa sobre a estabilidade financeira e o sistema financeiro. Ele quer ter tempo para avaliar isso, porque há uma migração de recursos no sistema financeiro, nos fundos de renda fixa, na poupança.

Quais são os riscos a esse guidance? O que faria o BC mudar de ideia e cortar os juros na próxima reunião?

Para isso, o BC teria de estar convencido de que o corte adicional não geraria problema na estabilidade financeira. Não sei se até lá ele vai estar convencido disso.

Também precisaria que a gente assistisse uma nova surpresa inflacionária para baixo. Se a gente visse essa inflação mais baixa com a atividade mais fraca na margem, isso levaria o BC a tomar o caminho de mais um corte. Nos termos que o BC mesmo colocou, a barra para cair os juros é alta. Depende de uma nova realidade de inflação e juros.

Por outro lado, nos próximos meses e ao longo do ano que vem é mais fácil uma redução dos juros, não necessariamente na próxima reunião, do que uma alta dos juros. Mas isso depende da manutenção do teto: se entrar no populismo fiscal que aparentemente o governo está tentado a fazer e tiver mudança de equipe econômica cresce a probabilidade de alta de juros.

Como o BC avaliou a questão da recuperação econômica no comunicado?

Ele reiterou a ideia de que a retomada é parcial, como já tinha dito antes. Hoje o Jerome Powell [presidente do Federal Reserve] disse que os setores que dependem da interação presencial, como o de serviços, estão entre os mais prejudicados. E no Brasil temos o auxílio emergencial, que exacerbou a demanda por bens: então vemos demanda explosiva por alguns bens, não só alimentos, mas também móveis e materiais de construção, que nem é sustentável, porque os níveis estão muito acima do recorde histórico.

Isso agrava a inflação no curto prazo, mas deixa para trás o setor de serviços, que é o maior empregador da economia, o mais importante da economia. E daí a nossa cautela sobre a volta da economia muito forte no ano que vem, e acho que o BC reconhece essa assimetria na economia.

Você repara alguma consequência já sendo vista da Selic no sistema financeiro?

Não vemos nada de muito anormal. Existe, sim, a dificuldade da rolagem da dívida, que já estamos vendo, em função de prêmios de risco que estão subindo. Por outro lado, estamos vendo o dólar bem tranquilo, um dos períodos mais tranquilos desde o início da pandemia.

Quais foram as maiores novidades do comunicado, em comparação à reunião anterior?

BC reconhece agora um ambiente internacional um pouco benigno para economias emergentes. Isso mudou. Antes, ele usava a palavra desafiador. Agora, diz que é relativamente mais favorável, embora haja incerteza frente à redução de estímulos e à evolução de pandemia. Isso está ligado ao CDS [indicador do risco-país] e do câmbio.

A visão do BC sobre o estado da inflação também entra nesse escôpo de novidades?

É, o BC também pontuou a alta da inflação do curto prazo, reconhecendo que isso tem a ver em parte com commodities, preços de alimentos e normalização de alguns serviços.

Ainda assim, o BC manteve a frase em que diz que os núcleos da inflação subjacente estão em níveis compatíveis com os da meta de inflação [que é de 4% neste ano, com intervalos de 1,5 ponto para cima ou para baixo].

Isso está expresso nas projeções condicionais da inflação do BC para 2020, 2021 e 2022, que ficaram mais baixas que as nossas no cenário híbrido e cenário de juros e taxa de câmbio constantes. As projeções ficaram um pouquinho abaixo da meta para esses anos e mostra que BC não considera que esse choque no preço de alimentos seja algo permanente, que afete o horizonte relevante, que é 2021 e início de 2022.

Qual é a avaliação que você faz sobre o balanço de riscos do BC?

Ficou praticamente inalterado. Com uma pequena adição no nível de ociosidade, dizendo que ela pode produzir inflação mais baixa notadamente se estiver concentrada no setor de serviços.

E quanto ao forward guidance?

Ele quis reiterar o forward guidance, que foi a grande novidade da última reunião. Além disso, ele diz que apesar do balanço de riscos assimétrico para a inflação, ele não pretende reduzir o grau de estímulo monetário, a não ser que as expectativas de inflação estejam suficientemente próximas das metas.

Mas ele reiterou esse guidance contando com a manutenção do teto de gastos e do regime fiscal.

O BC deu uma explicação adicional sobre o que se trata, que acho que é muito mais no sentido de clarificar. De qualquer forma, muito provavelmente BC vai falar mais disso, sobre a questão do ritmo da atividade, sobre a inflação maior no curto prazo, tudo isso deve vir na ata.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
JUNTANDO OS TIJOLINHOS

Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa

30 de abril de 2025 - 13:57

Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3

ABRINDO A TEMPORADA

Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?

30 de abril de 2025 - 11:58

Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram

Mundo FIIs

Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento

30 de abril de 2025 - 11:06

Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

DIA 7 A SELIC SOBE

Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana

29 de abril de 2025 - 15:26

Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia

CAIXA BALANÇA

JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025

29 de abril de 2025 - 12:43

Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor

MERCADO DE METAIS ESSENCIAIS

Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis

29 de abril de 2025 - 9:15

Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente

28 de abril de 2025 - 20:00

Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

AÇÕES EM PETRÓLEO

Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI

26 de abril de 2025 - 16:47

Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.

CONCESSIONÁRIAS

Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1

26 de abril de 2025 - 12:40

Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

BOLSA BRASILEIRA

Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano

26 de abril de 2025 - 11:12

Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.

3 REPETIÇÕES DE SMFT3

Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP

25 de abril de 2025 - 19:15

Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre

QUEDA LIVRE

Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea

25 de abril de 2025 - 18:03

No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira

FGC EM RISCO?

Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco

25 de abril de 2025 - 14:30

Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar