Lembre-se que você será stopado
Qualquer que seja a sua decisão, ande rápido. Porque a única coisa certa em sua vida é que ela será “stopada”. Seja um stop fulminante, no meio da noite, ou na hora do gol do seu time, no último minuto da prorrogação, seja um stop longo e sofrido no CTI de um hospital.
Num domingo no final do ano de 1992, eu me sentei à mesa da varanda de meu apartamento e comecei a escrever num caderno espiral escolar de minha filha:
“Clarence apertou o botão do subsolo e seu elevador privativo começou a descer, na velocidade vertiginosa de sempre, os 240 metros que o separavam da garagem, 80 andares abaixo. Em algumas horas, o mercado financeiro, as bolsas de valores, os mercados futuros e toda a comunidade de negócios começariam a implodir…”
Desde então, se passaram quase três décadas. O texto acima, do qual não suprimi uma vírgula sequer, se tornou o primeiro parágrafo do primeiro capítulo de meu primeiro livro, Os Mercadores da Noite.
De lá para cá, foram mais 17 trabalhos de ficção e de não-ficção – o último deles lançado recentemente pela Inversa, e que pode ser reservado por aqui –, além de dezenas de roteiros para as séries Carga Pesada e Linha Direta, ambas da TV Globo.
Quando comecei a escrever Os Mercadores, o dia a dia do mercado financeiro tinha perdido o encanto para mim. Pois, havia anos, eu só conseguia me desligar na cama sob efeito de potentes soníferos, engolidos com um shot de vodca ou um Jack Daniel’s cowboy.
Acordava cinco ou seis horas mais tarde pensando no mesmo assunto (geralmente alguma aposta arriscada no mercado futuro), interrompido pela ação da bebida e do coquetel químico.
Leia Também
Ganhei muito dinheiro em diversas ocasiões. Em contrapartida, não foram poucas as vezes em que fui dormir devendo mais do que possuía, ocasiões essas em que minha sobrevida financeira dependia única e exclusivamente do comportamento do mercado no dia seguinte.
Só, então, eu ficava sabendo se permanecia no jogo ou se seria excluído, como excluídos foram vários colegas e amigos meus ao longo dos anos.
Especuladores com o meu perfil daquela época são como jogadores compulsivos de cassinos. Nunca sabem a hora de parar. Se estão ganhando, desejam ganhar mais. Se perdem, querem recuperar. Sonham durante o dia e têm pesadelos à noite.
Quando comecei no mercado, em 1958, e nas duas décadas que se seguiram, quem era bom ficava rico em pouco tempo. Os medíocres ganhavam bastante dinheiro. Os ruins, e até os péssimos, conseguiam o suficiente para viver bem.
Aos poucos, os profissionais foram mudando. Passaram a ter formação matemática e a analisar o comportamento do mercado através de métodos sofisticados como médias móveis, suportes, resistências, topos, fundos, indicadores estocásticos, paradas e reversões parabólicas, candlesticks, ondas de Elliot, representações gráficas de fractais e fórmulas complicadas como 0D = ∑3 (Fechamento Hoje - Mínima) ÷ ∑3 (Máxima – Mínima), além de dezenas de outras ferramentas de análise. O feeling e o palpitômetro já eram.
Confesso que tive certa dificuldade em acompanhar essa evolução. Eu me sentia como o clínico geral que ainda gostava de apalpar o fígado e auscultar o pulmão do paciente em vez de diagnosticar após ver exames de imagem. Ou como um piloto comercial que começara em DC-3s e agora precisava utilizar instrumentos de última geração como o dispositivo anticolisão TCAS.
Chegara a minha vez de sair por iniciativa própria, antes que “me saíssem”. Alguns antigos parceiros (a maioria deles) haviam perdido tudo. Outros, se tornado milionários, donos de bancos e corretoras. Mas eu prosseguia ali na mesa de operações, comprando, vendendo.
“Como é que abriu a soja Novembro?”, perguntava para meu corretor em Chicago.
“A cinco e meio”, respondia ele.
“Compra… compra 10. Não, compra 20.”
“Agora só tem vendedor a cinco e três quartos.”
“Ok, compra, compra os 20. Compra a mercado.”
“Comprei. Agora o preço está caindo. Virou de repente.”
“Merda, zera tudo. Faz um stop.”
Havia tantos anos que eu estava naquele chove não molha que até as emoções começavam a desaparecer. Entrava e saía dos futuros maquinalmente. Como um garçom se comunicando com o cozinheiro:
“Sai um filé a Osvaldo Aranha. Ao ponto.”
“Osvaldo Aranha ao ponto. É pra já.”
Se você é jovem, e está lendo este artigo pensando em fazer carreira no mercado financeiro, estude, estude matemática, estude economia, faça um MBA. Fale e escreva em inglês como se tivesse nascido nos Estados Unidos ou na Grã-Bretanha. O mercado é cada vez mais exigente na seleção do pessoal das mesas de operação.
Os bônus de fim de ano dos grandes traders, mestres da alavancagem, são agora contados em milhões de dólares. E o melhor, para eles, ganham dinheiro arriscando o capital dos outros, não o próprio. São sócios no lucro, quase nunca no prejuízo.
Detalhe importante: para entrar nesse clube fechado, é preciso ter uma moral, digamos, elástica. Jogar a ética para escanteio. Há que aprender a lidar com os clientes, mostrando sempre os resultados positivos e omitindo as perdas passadas.
Existe, porém, um investimento especial, cujo retorno não pode ser medido em dinheiro. Aplicar em você mesmo, naquilo que você gosta, naquilo que você, mesmo que tarde, descobriu que nasceu para fazer.
Tal como chutar o balde e se tornar escritor aos 52 anos, como foi o meu caso. Ou pintar, ou integrar uma equipe dos “Médicos sem Fronteira” na África, ou se dedicar em tempo integral a observar pássaros no Pantanal Mato-grossense.
Qualquer que seja a sua decisão, ande rápido. Porque a única coisa certa em sua vida é que ela será “stopada”. Seja um stop fulminante, no meio da noite, ou na hora do gol do seu time, no último minuto da prorrogação, seja um stop longo e sofrido no CTI de um hospital.
Quando isso acontecer, vai sobrar apenas o que deixou para seus filhos e netos. E não estou me referindo a dinheiro, imóveis, ou ações. E, sim, ao que lhes ensinou. Seja baseado no que você fez de certo, seja no que fez de errado.
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência
Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro
A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026
Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
Por que o BTG acha que RD Saúde (RADL3) é uma das maiores histórias de sucesso do varejo brasileiro em 20 anos — e o que esperar para 2026
Para os analistas, a RADL3 é o “compounder perfeito”; entenda como expansão, tecnologia e medicamentos GLP-1 devem fortalecer a empresa nos próximos anos
A virada dos fundos de ações e multimercados vem aí: Fitch projeta retomada do apetite por renda variável no próximo ano
Após anos de volatilidade e resgates, a agência de risco projeta retomada gradual, impulsionada por juros mais favorável e ajustes regulatórios
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período
XP vê bolsa ir mais longe em 2026 e projeta Ibovespa aos 185 mil pontos — e cinco ações são escolhidas para navegar essa onda
Em meio à expectativa de queda da Selic e revisão de múltiplos das empresas, a corretora espera aumento do fluxo de investidores estrangeiros e locais
A fome do TRXF11 ataca novamente: FII abocanha dois shoppings em BH por mais de R$ 257 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo a gestora TRX, os imóveis estão localizados em polos consolidados da capital mineira, além de reunirem características fundamentais para o portfólio do FII
Veja para onde vai a mordida do Leão, qual a perspectiva da Kinea para 2026 e o que mais move o mercado hoje
Profissionais liberais e empresários de pequenas e médias empresas que ganham dividendos podem pagar mais IR a partir do ano que vem; confira análise completa do mercado hoje
O “ano de Troia” dos mercados: por que 2026 pode redefinir investimentos no Brasil e nos EUA
De cortes de juros a risco fiscal, passando pela eleição brasileira: Kinea Investimentos revela os fatores que podem transformar o mercado no ano que vem
Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa
Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros
Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348
Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA
Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis
Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor