O melhor fundo do mundo?
Não acho que os heróis da Faria Lima, do Leblon e de Wall Street sejam tão heróis assim. A aleatoriedade cumpre papel importante para selecionar os deuses da hora, iludindo-nos numa narrativa crível e coerente sobre pseudo-habilidades individuais específicas

Se me perguntassem qual o melhor fundo de investimento do mundo, certamente teria dificuldades em responder. Listas e rankings são sempre complicados. Para falar a verdade, nem acredito que haja mesmo um melhor. Fundos, pessoas e ativos são uma reunião de qualidade e defeitos, uma ambivalência difícil de lidar diante de nossa ânsia por histórias maniqueístas muito bem demarcadas sobre heróis e vilões.
“Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? Este mundo é muito misturado.” Sábio Riobaldo.
Há uma obsessão em se definir o pódio, como se aquilo servisse de receita prática para o futuro, ignorando uma noção básica de que o topo do ranking é necessariamente ocupado por um sortudo competente — não necessariamente nessa ordem, mas obrigatoriamente presentes: sorte e competência.
Existe outro problema também: não acho que os heróis da Faria Lima, do Leblon e de Wall Street sejam tão heróis assim. A aleatoriedade cumpre papel importante para selecionar os deuses da hora, iludindo-nos numa narrativa crível e coerente sobre pseudo-habilidades individuais específicas.
Ressalvas feitas, se insistissem na pergunta com uma arma na minha cabeça, sem deixar alternativa à resposta objetiva, teria um escolhido: o All Weather Portfolio, do Ray Dalio. Pronto, está aí! Se precisamos de um nome, esse é o meu favorito.
É por isso que hoje venho trazer uma novidade com grande entusiasmo e, arrisco dizer, uma dose de orgulho também: o All Weather Portfolio está chegando ao Brasil. E eu gostaria de prepará-lo para essa bela notícia.
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Fico feliz porque é uma oportunidade única para os investidores brasileiros, com bastante facilidade, jogar a Champions League global desse ambiente de fundos e também por se alinhar àquilo que me coloquei como meta e desafio pessoal para 2020: dar uma pequena contribuição para o investidor brasileiro internacionalizar suas aplicações e alcançar o devido (e requerido) grau de diversificação de seu patrimônio. E quando me digo orgulhoso, é por ter dado uma ligeira (ligeira mesmo) ajuda para colocar isso de pé, ao lado da Vitreo, nossa gestora parceira, e dos brilhantes amigos da Itajubá — sem eles, isso não seria sequer cogitado. Fica aqui registrado o agradecimento público e sincero. Damos mais um passo na direção da democratização dos bons investimentos às pessoas físicas brasileiras, obedecendo à nossa vocação.
Há algo particularmente especial sobre o All Weather Portfolio. Ele se alinha com precisão à nossa filosofia de investimentos e ao nosso ceticismo. Você pode perceber isso inclusive pelo nome do fundo. Enquanto boa parte dos gestores tenta adivinhar o futuro e antever qual cenário à frente vai se materializar, este aqui quer ser um portfólio para qualquer cenário. Faça chuva ou faça sol, o portfólio vai estar preparado — e, claro, somente os heróis videntes da Faria Lima podem antecipar se fará chuva ou sol amanhã.
Assim como em qualquer outra situação cotidiana, precisamos aceitar o destino tal como ele vier a se apresentar, em vez de tentar distorcer a realidade em nosso favor, por mais dura que ela possa parecer. Amor fati, como prescreviam os romanos e, posteriormente, viria a resgatar Nietzsche, em sua defesa para amarmos o fado e o destino, independentemente do que ele viesse a oferecer.
Ao propor uma carteira para qualquer clima (All Weather Portfolio), Ray Dalio tacitamente reconhece a impossibilidade de saber qual clima vai se concretizar entre todos os possíveis. Assim, monta uma carteira capaz de atravessar qualquer dos cenários.
A ideia essencial do fundo poderia ser resumida como uma diversificação entre ativos de baixa correlação, com retorno esperado alto. Você se expõe a vários ativos e mercados onde há prêmio de risco e vai se apropriando dos prêmios de risco ao longo do tempo. E como estamos diversificados em ativos sem correlação, a volatilidade do fundo vai sendo suavizada mesmo diante de choques no meio do caminho.
O uso da diversificação como ferramenta para combater nosso pouco saber sobre o mundo. Isso é, para mim, o que torna o fundo tão especial, algo que se comprova na excepcional combinação de risco-retorno do All Weather Portfolio. Ou seja, filosofia de investimentos adequada se traduzindo em proposta pragmática.
Como o fundo chega ao Brasil nas próximas semanas e fica aberto para captação por poucos dias, escrevo hoje como uma espécie de alerta, uma recomendação para que você já deixe um dinheiro separado para essa oportunidade.
Infelizmente, ainda não é o “Kill Bill” da democratização, pois, neste primeiro momento, o fundo chega somente para investidores profissionais, ou seja, para aqueles com patrimônio superior a R$ 10 milhões ou com cadastro na CVM de administrador de carteira, agente autônomo ou consultor. Sim, sei que não é o ideal, mas, pelas especificidades do fundo e das regras da CVM, é o que se consegue fazer neste momento. É melhor ajudar um grupo de pessoas do que não ajudar ninguém, uma situação pareto-ótima. Tenho esperança de que, num segundo momento, com algumas flexibilizações regulatórias e um melhor entendimento entre as partes, poderemos ter o fundo também disponível para investidores qualificados.
Em termos práticos, vai funcionar assim: o fundo Vitreo AWP FIC FIM IE investirá num fundo da Gama Investimentos, parceira da Itajubá com acordo com a Bridgewater, que, por sua vez, aplica no All Weather Portfolio. O investimento mínimo será de R$ 50 mil e o fundo ficará aberto para captação somente durante uma semana — neste primeiro mês, do dia 17 até o dia 20; por isso, escrevo esta coluna sobre o tema para alertá-lo sobre a necessidade de se preparar para essa curta janela de oportunidade. Voltarei a lembrar na semana que vem, claro, mas já fica o aviso. A taxa de administração será de 1,07% e é literalmente o custo do fundo para a Vitreo. Ou seja, nossa gestora parceira está ganhando zero neste caso. O objetivo é realmente levar ao investidor o maior benefício possível, dando acesso a um poderoso instrumento de diversificação, em um fundo de classe mundial. Estamos diante de uma daquelas raras oportunidades que precisam necessariamente ser aproveitadas.
Talvez os três leitores possam me perguntar se o fundo só estará disponível na Vitreo. Aqueles mais assíduos inclusive podem eventualmente citar o fundo Bradesco Lyxor Bridgewater Core Global Macro Feeder FIM IE, distribuído pelo banco.
Tentando aqui me antecipar aos possíveis questionamentos: outros fundos com acesso ao All Weather Portfolio devem, sim, estar disponíveis também em outras plataformas. Fica também a indicação para eles, caso o investidor prefira esse caminho. Contudo, as taxas de administração cobradas tendem a ser maiores, posto que a Vitreo topou lançar o fundo sem ganhar nada. Ou seja, o retorno final líquido para o investidor será maior. Por isso, a recomendação para esse fundo especificamente. Mais uma vez, esclareço: caso o investidor, por praticidade ou por qualquer outro motivo de sua conveniência, opte pelo fundo de maior taxa, tudo bem também. As escolhas são livres. Apenas indico aqui aquele que vai resultar no melhor retorno final.
A respeito do fundo do Bradesco, cumpre esclarecer que não temos ali o All Weather em sua totalidade. O fundo investe 50% no All Weather e 50% no Pure Alpha, com taxa total estimada em 2,10% mais 15% de performance.
Em outras palavras, o que está chegando no dia 17 é realmente uma novidade muito positiva para o investidor brasileiro. Portanto, se você é investidor profissional, já se prepare. Dia 17 reserva uma grande oportunidade de investimento.
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