Os gestores de fundos multimercados reduziram as posições mais otimistas das carteiras ou aumentaram as proteções diante do agravamento do surto do coronavírus, de acordo com um levantamento realizado pela XP Investimentos.
Dos gestores consultados pela corretora, 71% tomaram alguma medida de redução de exposição ou aumento de hedge (proteção) até que o cenário fique mais claro. Outros 7% fizeram as duas coisas, ou seja, diminuíram as posições mais otimistas da carteira e ainda adicionaram proteções.
O grupo dos mais otimistas responde por apenas 22% do levantamento, dos quais 15% decidiram manter as posições mais otimistas e 7% aproveitaram o princípio de pânico que se instalou ontem nos mercados para aumentar a exposição.
Como diz o nome, os fundos multimercados podem adotar posições compradas ou vendidas em diferentes ativos, o que permite, em tese, lucrar em qualquer cenário.
Mas boa parte deles vinha aumentando as posições em bolsa diante da redução dos ganhos com a renda fixa. Algumas gestoras de peso, como a SPX Capital, carregam posição comprada em dólar desde antes da epidemia.
A compra da moeda norte-americana, aliás, está entre as principais proteções adotada pelos gestores de fundos multimercados, de acordo com o levantamento da XP. Mas a principal opção de hedge dos fundos é a posição vendida em índices internacionais de ações como o S&P 500, da bolsa de Nova York.
Embora estejam mais cautelosos, 59% dos gestores de fundos multimercados consultados esperam que a epidemia do coronavírus tenha um impacto levemente negativo para a economia.
Outros 30% consideram que o fenômeno ainda é imprevisível e estão preocupados. Um grupo menor, de 7%, espera um impacto bastante negativo do coronavírus na economia e os demais 4% também consideram os efeitos imprevisíveis, embora não se revelem preocupados com esse fato isoladamente.
Bolsa ainda atrativa
A redução nas posições mais otimistas e a busca por proteção nos fundos não significa que a visão positiva dos gestores para a bolsa tenha mudado.
Para 78% dos entrevistados pela XP, o coronavírus deve terá impacto levemente negativo para o mercado de ações, mas a bolsa segue atrativa.
Outros 18% avaliam que ainda não é possível prever os efeitos e apenas 4% revelaram que a posição em renda variável deixou de valer a pena em consequência dos impactos potenciais da epidemia.