Dólar sobe pelo quinto dia, cruza pela primeira vez os R$ 4,40 e avança mais de 2% na semana
Pressionado pela aversão ao risco no exterior e pela cautela com o cenário político doméstico, o dólar à vista atingiu novas máximas na semana e rompeu a barreira dos R$ 4,40 no momento de maior tensão. O Ibovespa também teve uma semana de maior estresse, recuando 0,61% desde segunda-feira

Nesta semana, o dólar à vista subiu, subiu, subiu e subiu. E, quando já estava lá no alto, o que ele fez? Bem, ele... subiu um pouco mais.
Não é força de expressão: a moeda americana fechou em alta em todos os dias desta semana. Os ganhos desta sexta-feira (21) foram tímidos, é verdade: apenas 0,03%, terminando a sessão a R$ 4,3927 — o quarto recorde nominal consecutivo de encerramento.
Mas, apesar da quase estabilidade ao fim do dia, uma marca importante foi rompida hoje pelo mercado de câmbio. Ainda durante a manhã, a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 4,4066 (+0,35%), marcando a primeira vez que a divisa rompe o nível de R$ 4,40.
Qual o saldo de todo esse movimento? Apenas nessa semana, o dólar à vista acumulou ganhos de 2,15% — em fevereiro, a alta é de 2,51%. Desde o início do ano, a valorização da moeda americana ante o real já chega a 9,49%.
Há diversas razões para explicar essa forte onda de aversão ao risco no mercado de câmbio. Como pano de fundo, aparece o clima de maior apreensão no exterior, em meio à percepção de que o surto de coronavírus começa a afetar a economia global.
Mas, por aqui, também tivemos fatores de estresse. O noticiário político, com ruídos envolvendo o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu uma pitada extra de prudência às negociações e fez o dólar testar novas máximas, dia após dia.
Leia Também
Até onde vai o fundo do poço da Braskem (BRKM5), e o que esperar dos mercados nesta semana
Rio Bravo: “Momento é de entrada em fundos imobiliários de tijolo, não de saída”
Esse panorama também contaminou as negociações nas bolsas. O Ibovespa fechou a sessão de hoje em baixa de 0,79%, aos 113.681,42 pontos, terminando a semana com uma perda acumulada de 0,61%.
Incerteza no horizonte
O coronavírus continua pautando as negociações no exterior — e, nesta semana, a percepção dos investidores foi mais pessimista em relação ao surto da doença.
Esse viés mais negativo se deve, em primeiro lugar, ao próprio ritmo de disseminação: já são mais de 2,2 mil mortos e 76 mil infectados, sem qualquer indício de que o vírus estaria se alastrando com menor velocidade.
Pelo contrário: começam a aumentar os casos fora da China, acendendo um sinal amarelo quanto à possibilidade de crise de saúde global.
Além disso, também começam a surgir as primeiras evidências concretas de que o coronavírus já está impactando a economia mundial. O dado mais grave foi divulgado hoje, nos EUA: o PMI, indicador que mede o nível de atividade do país, caiu a 49,6 na preliminar de fevereiro — um patamar que indica contração.
Com esse número em mente, as bolsas americanas tiveram um dia bastante negativo hoje: o Dow Jones fechou em queda de 0,78%, o S&P 500 recuou 1,05% e o Nasdaq caiu 1,79% — os três acumularam perdas na semana. O clima foi igualmente ruim nos demais mercados acionários do mundo, com as bolsas da Europa e da Ásia também fechando em queda.
No mercado de câmbio, essa cautela fez os investidores optarem pela segurança do dólar em detrimento dos riscos das moedas emergentes ao longo da semana. Divisas como o peso mexicano, o rublo russo e o peso chileno, entre outras, se juntaram ao real e perderam terreno nos últimos dias, dado o viés defensivo dos investidores.
E o BC?
O Banco Central (BC) continuou apenas observando a valorização do dólar ante o real, sem sinalizar qualquer tipo de atuação no câmbio — postura que, de certa maneira, contribuiu para trazer mais ansiedade aos investidores.
Vale lembrar que, na semana passada, o BC promoveu dois leilões extraordinários de swap cambial quado o dólar bateu R$ 4,38, injetando US$ 2 bilhões em recursos novos no sistema. As operações trouxeram alívio ao mercado e passaram a mensagem de que a autoridade monetária não deixaria a moeda subir descontroladamente.
Só que, ao ver o dólar chegar a R$ 4,40 e sem constatar qualquer atuação por parte do Banco Central, os investidores ficam "à deriva", sem saber qual "cotação limite" suportada pelo BC.
Cautela doméstica
Por aqui, o cenário doméstico continuou trazendo desconforto aos investidores: rumores quanto à insatisfação do ministro da Economia, Paulo Guedes, rondam as mesas de operação desde o meio da semana — há quem diga que ele estaria cogitando deixar o governo.
Por mais que o presidente Jair Bolsonaro tenha manifestado apoio público ao ministro, fato é que o clima não é dos mais amenos em Brasília. Declarações do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, reacenderam atritos entre o governo e o Congresso.
Nesse contexto de incertezas, grande parte dos investidores preferiu assumir uma postura mais defensiva, especialmente por causa do Carnaval. Afinal, os mercados domésticos estarão fechados na segunda (24) e terça (25), e passar esse tempo todo comprado e exposto a riscos não é uma opção muito convidativa.
Juros estáveis
As curvas de juros mostraram uma certa divisão no mercado. Por um lado, há a leitura de que a economia segue fraca, o que abre espaço para novos cortes na Selic; por outro, o dólar nas máximas tende a gerar pressões inflacionárias, o que enfraquece o argumento de novas baixas nas taxas.
Assim, o viés foi de relativa estabilidade nos DIs nesta sexta-feira. Veja abaixo como ficaram as principais curvas:
- Janeiro/2021: de 4,19% para 4,18%;
- Janeiro/2022: de 4,67% para 4,68%;
- Janeiro/2023: de 5,22% para 5,26%;
- Janeiro/2025: de 6,00% para 6,06%.
Agitação nos balanços
No front corporativo, importantes membros do Ibovespa reportaram seus números trimestrais desde a noite passada, com destaque para a Vale. A mineradora fechou 2019 com um prejuízo de US$ 1,7 bilhão, fortemente impactada pelas provisões e despesas com Brumadinho — como resultado, os papéis ON (VALE3) caíram 3,97% hoje.
Na ponta oposta do índice, apareceram os papéis PN da Lojas Americanas (LAME4), que fecharam em forte alta de 7,68%. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 704,1 milhões no ano de 2019, um crescimento de 130,4% ante 2018 — desempenho que agradou os analistas.
Carrefour Brasil ON (CRFB3), com alta de 0,14%; SulAmérica units (SULA11), estáveis; B2W ON (BTOW3), avançando 2,49%; e NotreDame Intermédica ON (GNDI3), desvalorizando 2,81%, também reagiram aos balanços trimestrais — veja aqui um resumo dos números das empresas.
Top 5 na semana
Veja abaixo as cinco ações do Ibovespa que mais se valorizaram nesta semana:
- Marfrig ON (MRFG3): +20,09%
- Via Varejo ON (VVAR3): +12,97%
- Weg ON (WEGE3): +9,28%
- Totvs ON (TOTS3): +6,86%
- Lojas Americanas PN (LAME4): +6,56%
Confira também as maiores baixas do índice desde segunda-feira:
- Ultrapar ON (UGPA3): -10,77%
- Usiminas PNA (USIM5): -7,37%
- BTG Pactual units (BPAC11): -7,06%
- Gerdau PN (GGBR4): -6,83%
- CVC ON (CVCB3): -6,71%
Ibovespa para uns, Tesouro IPCA+ para outros: por que a Previ vendeu R$ 7 bilhões em ações em ano de rali na bolsa
Fundo de pensão do BB trocou ações de empresas por títulos públicos em nova estratégia para reforço de caixa
TRBL11 recebe R$ 6 milhões em acordo por imóvel que é alvo de impasse com os Correios — agora o FII está de olho na disputa judicial contra a estatal
Segundo o gestor da Rio Bravo, o acordo “é apenas o começo” e, agora, o fundo imobiliário busca cobrar os Correios e voltar a ocupar o galpão com um novo inquilino
Banco do Brasil (BBAS3) supera a Vale (VALE3) em um quesito na bolsa; saiba qual
Os dados são de um levantamento mensal do DataWise+, parceria entre a B3 e a Neoway
Fundo imobiliário MFII11 mira novo projeto residencial na zona leste de São Paulo; veja os detalhes
O FII vem chamando atenção por sua estratégia focada em empreendimentos residenciais ligados ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV)
Ibovespa renova máxima histórica e dólar vai ao menor nível desde julho de 2024 após dados de inflação nos EUA; Wall Street também festeja
Números de inflação e de emprego divulgados nesta quinta-feira (11) nos EUA consolidam a visão do mercado de que o Fed iniciará o ciclo de afrouxamento monetário na reunião da próxima semana; por aqui, há chances de queda da Selic
Fundo imobiliário do BTG quer vender cinco imóveis por mais de R$ 830 milhões — e já tem destino certo para o dinheiro
Criado especialmente para adquirir galpões da Log Commercial Properties (LOGG3), o BTLC11 comprou os ativos em 2023, e agora deseja gerar valor aos cotistas
GGRC11 ou Tellus: quem levou a melhor na disputa pelo galpão da Renault do FII VTLT11, que agora se despede da bolsa
Com a venda do único imóvel do portfólio, o fundo imobiliário será liquidado, mas cotistas vão manter a exposição ao mercado imobiliário
Fundo imobiliário (FII) aposta em projetos residenciais de alto padrão em São Paulo; veja os detalhes
Com as transações, o fundo imobiliário passa a ter, aproximadamente, 63% do capital comprometido em cinco empreendimentos na capital paulista
Fundo imobiliário Iridium Recebíveis (IRIM11) reduz dividendo ao menor nível em um ano; cotas caem
A queda no pagamento de proventos vem em meio a negociações para a fusão do FII ao Iridium Fundo de Investimento Imobiliário (IRIM11)
Ibovespa sobe 0,52% após renovar máxima intradia com IPCA e PPI no radar; dólar cai a R$ 5,4069
Deflação aqui e lá fora em agosto alimentaram a expectativa de juros menores ainda neste ano; confira os dados e o que mais mexeu com a bolsa e o câmbio nesta quarta-feira (10)
Ouro supera US$ 3.700 pela primeira vez e segue como o refúgio preferido em 2025
Ataque de Israel ao Catar e revisão dos dados de emprego nos EUA aumentaram a busca por proteção e levaram o metal precioso a renovar recorde histórico
Disputa judicial entre Rede D’Or e FIIs do BTG Pactual caminha para desfecho após mais de uma década
Além da renegociação das dívidas da empresa do setor de saúde, os acordos ainda propõem renovações de contratos — mas há algumas condições
Comprado em bolsa brasileira e vendido em dólar: a estratégia do fundo Verde também tem criptomoedas e ouro
Na carta de agosto, o fundo criado por Luis Stuhlberger chama atenção para o ciclo eleitoral no Brasil e para o corte de juros nos EUA — e conta como se posicionou diante desse cenário
Commodities e chance de juro menor dão suporte, mas julgamento de Bolsonaro limita ganhos e Ibovespa cai
O principal índice da bolsa brasileira chegou a renovar máximas intradia, mas perdeu força no início da tarde; dólar à vista subiu e ouro renovou recorde na esteira do ataque de Israel ao Catar
Fundo imobiliário GARE11 anuncia compra de dois imóveis por R$ 32,3 milhões; confira os detalhes da operação
O anúncio da compra dos imóveis vem na esteira da venda de outros dez ativos, reforçando a estratégia do fundo imobiliário
FII vs. FI-Infra: qual o melhor fundo para uma estratégia de renda com dividendos e isenção de imposto?
Apesar da popularidade dos FIIs, os fundos de infraestrutura oferecem incentivos fiscais extras e prometem disputar espaço nas carteiras de quem busca renda mensal isenta de IR
Rubens Ometto e Luiza Trajano bem na fita: Ações da Cosan (CSAN3), do Magalu (MGLU3) e da Raízen (RAIZ4) lideram altas da semana no Ibovespa
Se as ações da Cosan, do Magazine Luiz e da Raizen brilharam no Ibovespa, o mesmo não se pode dizer dos papéis da Brava, da Marfrig e da Azzas 2154
É recorde atrás de recorde: ouro sobe a US$ 3.653,30, renova máxima histórica e acumula ganho de 4% na semana e de 30% em 2025
O gatilho dos ganhos de hoje foi o dado mais fraco de emprego dos EUA, que impulsionou expectativas por cortes de juros pelo banco central norte-americano
Ibovespa renova máximas e dólar cai a R$ 5,4139 com perspectiva de juro menor nos EUA abrindo as portas para corte na Selic
O Departamento do Trabalho dos EUA divulgou, nesta sexta-feira (5), o principal relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, que veio bem abaixo do esperado pelo mercado e dá a base que o Fed precisava para cortar a taxa, segundo analistas
Ibovespa volta a renovar máxima na esteira de Nova York e dólar acompanha; saiba o que mexe com os mercados
Por aqui, os investidores seguem de olho nas articulações do Congresso pela anistia, enquanto lá fora a chance de corte de juros pelo Fed é cada vez maior