Ibovespa respira e fecha em alta de mais de 2%, apesar do coronavírus; dólar sobe a R$ 4,48
O Ibovespa pegou carona na recuperação dos mercados americanos e retomou o nível dos 106 mil pontos, em meio às apostas quanto a uma ação dos principais bancos centrais do mundo para conter os impactos econômicos do coronavírus
Depois de o surto de coronavírus desencadear uma forte onda de pressão sobre o Ibovespa e as bolsas globais na semana passada, o tom foi de calmaria nesta segunda-feira (2). Claro, a recuperação vista hoje nem de longe compensa as fortes perdas dos últimos dias. Mas os ganhos representam, ao menos, um respiro em meio à tensão.
O Ibovespa fechou o pregão em forte alta de 2,36%, aos 106.625,41 pontos, dando continuidade ao movimento da última sexta-feira (28), quando subiu 1,15%. Apesar dessa sequência positiva, o índice brasileiro ainda acumula perdas de 7,80% desde o início do ano.
O bom desempenho visto no mercado acionário brasileiro ocorreu em linha com o movimento visto lá fora: as bolsas da Ásia fecharam em alta, os índices da Europa subiram e as commodities ganharam terreno. Mas o maior termômetro da melhora no humor dos investidores vem dos Estados Unidos.
Por lá, o dia foi de forte recuperação em Wall Street: o Dow Jones fechou em alta de 5,09%, o S&P 500 avançou 4,60% e o Nasdaq teve ganhos de 4,49% — uma reação importante após os três índices amargarem baixas de mais de 10% apenas em fevereiro.
Toda essa calmaria não significa que os mercados já tenham virado a página do coronavírus. Pelo contrário: a doença continua inspirando cautela, já que o ritmo de disseminação segue elevado, especialmente na Europa.
Mas, em meio ao surto, começam a surgir os primeiros sinais de que os grandes bancos centrais do mundo não ficarão de braços cruzados. Desde o fim de semana, o Federal Reserve (Fed, o BC americano), o Bank of Japan e algumas autoridades monetárias da Europa sinalizaram com medidas para estimular as economias locais.
Leia Também
E, como uma coisa puxa a outra, as expectativas quanto a um possível novo corte de juros pelo Fed já começam a aumentar — a ideia é impedir um impacto mais forte do coronavírus ao ritmo de atividade do país.
Nesse cenário, as bolsas americanas dispararam e acabaram puxando todos os principais mercados acionários do Ocidente, incluindo o Ibovespa. No câmbio, contudo, a situação foi diferente.
O dólar à vista teve uma sessão mais instável, oscilando entre os R$ 4,4717 (-0,15%) e os R$ 4,5066 (+0,63%). Ao fim do dia, a divisa americana estava cotada a R$ 4,4870, em leve alta de 0,19% — trata-se de um novo recorde nominal de encerramento e o nono avanço consecutivo da moeda.
Apostas e pressões
Essa percepção de que os principais bancos centrais poderão promover uma nova rodada de corte nos juros também mexeu com as expectativas por aqui, aumentando as apostas quanto a mais uma redução na Selic já na próxima reunião do Copom.
E, num cenário de juros mais baixos, o dólar acabou sendo mais pressionado — o mercado doméstico de câmbio foi na contramão do exterior, já que, nesta segunda-feira, a moeda americana perdeu força em relação às divisas de países emergentes.
Essas apostas em novos cortes na Selic foram refletidas no comportamento das curvas de juros, que tiveram quedas fortes hoje — os DIs para janeiro de 2021 ficaram abaixo de 4% pela primeira vez na história. Mesmo os vencimentos mais longos tiveram ajustes relevantes, mostrando que o mercado vê um ambiente de juros baixos por um longo período.
Veja abaixo como ficaram os principais DIs nesta segunda-feira:
- Janeiro/2021: de 4,09% para 3,96%;
- Janeiro/2022: de 4,59% para 4,36%;
- Janeiro/2023: de 5,24% para 4,98%;
- Janeiro/2025: de 6,14% para 5,90%;
- Janeiro/2027: de 6,63% para 6,41%.
Além disso, há um natural fator estratégico: por mais que as bolsas tenham se recuperado, os investidores seguem com uma postura cautelosa em relação ao coronavírus. Assim, ao mesmo tempo em que aumentam a exposição ao mercado de ações, também correm para a segurança do dólar, protegendo-se contra as incertezas no horizonte.
Contrastes
A sessão desta segunda-feira foi marcada por desempenhos contrastantes no Ibovespa. Algumas ações subiram forte e recuperaram-se das perdas da semana passada; outras caíram com intensidade, dando continuidade ao movimento recente de correção.
No lado positivo, destaque para Hypera ON (HYPE3), em forte alta de 16,62% após anunciar a compra de um portfólio de medicamentos que inclui marcas como Dramin e Neosaldina, por US$ 825 milhões.
Papéis ligados ao setor de mineração e siderurgia também apareceram entre as maiores altas do dia, em meio à valorização de 5,92% no minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao — cotação que serve como referência para o mercado.
É o caso de CSN ON (CSNA3), em alta de 10,47%; de Usiminas PNA (USIM5), com ganho de 3,67%; de Vale ON (VALE3), com valorização de 4,63%; e de Gerdau PN (GGBR4), com avanço de 2,43%.
Na ponta negativa, CVC ON (CVCB3) despencou 10,61% — a empresa de turismo disse ter encontrado "erros contábeis" nos balanços de 2015 a 2019. Os impactos estimados podem chegar a R$ 250 milhões na receita líquida no período.
GPA ON (PCAR3), em baixa de 10,09%, foi outra que apareceu entre as maiores perdas — foi o primeiro dia de negociação dos papéis ordinários da empresa, que concluiu recentemente a migração para o Novo Mercado da B3.
Top 5
Veja abaixo as cinco maiores altas do índice nesta segunda-feira:
- Hypera ON (HYPE3): +16,62%
- CSN ON (CSNA3): +10,47%
- Weg ON (WEGE3): +8,90%
- Marfrig ON (MRFG3): +6,88%
- Klabin units (KLBN11): +5,61%
Confira também as maiores baixas do Ibovespa hoje:
- CVC ON (CVCB3): -10,61%
- GPA ON (PCAR3): -10,09%
- IRB ON (IRBR3): -8,72%
- Yduqs ON (YDUQ3): -3,41%
- SulAmérica units (SULA11): -1,79%
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro
Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação
Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
