🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Kaype Abreu

Kaype Abreu

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Colaborou com Estadão, Gazeta do Povo, entre outros.

entrevista

Crise tira medo de mais cortes na Selic, mas rombo fiscal impede taxa abaixo de 3%, diz ex-BC

Chefe do Centro de Estudos Monetários do FGV IBRE, José Júlio Senna levanta dúvidas a respeito do caráter temporário das despesas do governo, aprova parte do Orçamento de Guerra que diz respeito ao BC e vê investidor temeroso quanto à bolsa

Kaype Abreu
Kaype Abreu
20 de abril de 2020
5:45 - atualizado às 7:19
José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do FGV IBRE. - Imagem: Divulgação/FGV

A crise desencadeada pelo novo coronavírus pode ter tirado o receio do Banco Central de promover mais um corte na Selic, mas a deterioração das contas públicas impede uma taxa abaixo de 3%, segundo o ex-diretor da instituição e chefe do Centro de Estudos Monetários do FGV IBRE, José Júlio Senna.

O economista diz que, antes da pandemia, o BC sinalizava um receio de reduzir demais a Selic e criar condições para que a inflação subisse - consequentemente, fazendo com que os juros com prazos mais longos avançassem. Juros futuros em alta poderiam obrigar a instituição a elevar a Selic logo em seguida.

Juros baixos estimulam o crédito e o consumo, enquanto a demanda alta incentiva a elevação dos preços. "Mas a crise é de natureza deflacionária - vai tirar o medo de uma alta generalizada dos preços", diz o ex-diretor do BC.

Ao alterar a Selic o Banco Central busca alcançar a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), estipulada em 4% para 2020. Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 3,30%. A Selic está em 3,75%, uma mínima histórica. "Acredito que o BC deva reduzir em mais 0,50 p.p. na próxima reunião do Copom", diz o economista.

Para Senna, a dívida pública - que deve chegar a 98,2% do PIB neste ano, segundo o FMI -, é motivo para não reduzir a Selic para menos de 3%. Ele diz que um excesso de gastos pode alterar a expectativa para a inflação e hoje há um temor de que as despesas permitidas para enfrentar o coronavírus se tornem permanentes.

Gastos maiores exigiriam mais empréstimos - aumentando a dívida pública - ou demandariam a emissão de moeda, promovendo a inflação. Hoje, uma das principais discussões em Brasília é a ajuda a Estados e municípios. O governo federal defende um valor fixo, mas o Congresso alterou a proposta por outra que dá "carta branca" para os entes da federação compensarem as perdas com ICMS e ISS.

Leia Também

O ex-diretor do BC diz que tem dúvidas a respeito da força política do governo para "retirar estímulos" se houver uma recuperação lenta da atividade.

"Será que vamos conseguir voltar a todo o programa [de reformas] uma vez passado o estado de calamidade?"

Desde o início da crise, a tensão política cresce. O presidente Jair Bolsonaro tem criticado os governadores que decretaram isolamento social e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Orçamento de Guerra

No Senado, avançou na última sexta-feira (17) o Projeto de Emenda a Constituição (PEC) apelidado de "Orçamento de Guerra" - que, entre outras coisas, aumenta o poder de atuação do BC.

Para Senna, a instituição quer ficar mais parecida com o Federal Reserve, o banco central americano - o que é positivo, diz. Mas ele lembra que a medida vale apenas para o período de estado de calamidade - que termina em 31 de dezembro.

Pelo texto aprovado no Senado na última sexta-feira (17) - e que deve retornar à Câmara -, o BC poderá comprar e vender títulos do Tesouro Nacional e ativos privados nos mercados secundários. O projeto diz que a preferência é para a aquisição de títulos emitidos por micro, pequenas e médias empresas.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, clientes (entre eles pessoas físicas, micro e pequenas empresas) têm encontrado dificuldades em prorrogar o vencimento das dívidas junto aos maiores bancos do país, à despeito da liberação de compulsório (parte do dinheiro depositado nos bancos pelos correntistas e que fica retido pelo BC).

O ex-diretor do BC classifica a discussão de concessão de crédito como um "terreno nebuloso" porque há um risco - de as empresas não honrarem os compromissos - e, por mais que dê para incentivar as instituições a emprestar, não dá para obrigá-las a realizar a operação.

"Meu entendimento é que esse é um problema do Tesouro Nacional, do governo, e não do BC", diz Senna. "Mas é muito difícil montar um esquema em que todas as empresas estejam cobertas".

Segundo o economista, as empresas do setor de serviços estão entre as mais penalizadas nesta crise. "É uma área que não costuma se recuperar facilmente por conta da demanda reprimida. Se fico dois ou três meses sem consumir, não vou pagar o serviço acumulado que deixei de comprar".

O baque nos serviços vai contribuir fortemente para a economia retrair. A estimativa do FMI é de um tombo de 5,3% no PIB deste ano.

A pandemia também pesa no bolso do investidor. O Ibovespa, seguindo o tom dos principais índices de ações no mundo, perdeu 31% desde o início do ano.

"O tombo foi feio. Acho que as pessoas vão ficar longe dos ativos de risco por um bom tempo - talvez três ou cinco anos", diz Senna.

Principais medidas do BC para o sistema financeiro

  • Facilitação da renegociação de dívidas de bancos e crédito para pequenas e médias empresas;
  • Mudou a tributação de investimentos estrangeiros de bancos para evitar 'distorções';
  • Autorizou repasse de recursos do BNDES via empresas de tecnologia de serviço financeiro;
  • Liberou recursos para os bancos, com impacto de R$ 1,2 trilhão

Segundo o economista, o "espírito das medidas" foi deixar o sistema bancário mais líquido. "Em épocas de crise, os mercados de crédito ficam travados, as operações não fluem", afirma. "A atitude do BC é imperfeita, mas como é para todos os BCs".

Senna destaca ainda como ponto positivo a liberação do compulsório e a alteração nos índices de alavancagem - o que, na prática implica em ter mais capacidade de empréstimo tendo a mesma base de capital.

"Todas as vezes que o banco concede crédito para empresa e a companhia não consegue pagar, o banco renova o crédito - o que a gente chama de rolagem", explica. "Mas a medida exige uma provisão, que é uma despesa para o banco. O BC eximiu a instituição de provisionar".

Ao ainda comentar a atuação do Banco Central, Senna diz que o mais impressionante foi a rapidez com que a entidade agiu. "O mérito está mais no conjunto de medidas", diz.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

DIA 7 A SELIC SOBE

Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana

29 de abril de 2025 - 15:26

Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia

CAIXA BALANÇA

JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025

29 de abril de 2025 - 12:43

Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

FGC EM RISCO?

Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco

25 de abril de 2025 - 14:30

Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

PENDURADOS NO SAC

Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas

24 de abril de 2025 - 18:04

O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso

23 de abril de 2025 - 20:01

Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo

INSCRIÇÕES ABERTAS

Do pitch à contratação: evento gratuito do BTG conecta jovens talentos ao mercado financeiro

23 de abril de 2025 - 15:45

Inscrições estão abertas até 27 de abril; 1 a cada 5 participantes é contratado até três meses após o evento, diz estudo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

SELIC VS DÓLAR

Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global

22 de abril de 2025 - 15:50

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar