🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Felipe Saturnino

Felipe Saturnino

Graduado em Jornalismo pela USP, passou pelas redações de Bloomberg e Estadão.

sessão instável

Bolsonaro pesa e faz Ibovespa pausar rali após seis altas seguidas; dólar sobe

Fala do presidente da República traz dúvidas aos investidores e aumenta percepção de risco de descontrole das públicas. Juros sobem forte

Felipe Saturnino
Felipe Saturnino
11 de novembro de 2020
18:55 - atualizado às 10:38
(Brasília - DF, 22/10/2020) Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Imagem: Foto: Alan Santos/PR

Jair Bolsonaro pesou.

O presidente da República azedou — ao menos levemente — o bom humor dos investidores nesta quarta-feira (11) após sugerir, ontem à noite, uma possível extensão do auxílio emergencial, elevando o sentimento de preocupação com relação à trajetória o endividamento público do Brasil.

O benefício é pago a trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados como forma de suavizar os impactos do coronavírus na renda dos brasileiros.

"Se acaba o auxílio, como ficam quase 40 milhões de invisíveis, que perderam tudo?", disse o presidente, em discurso ontem à noite.

A declaração, dando a entender a necessidade de um novo tipo de ajuda financeira a essas populações, trouxe para o mercado a percepção de um maior risco fiscal com a possibilidade da expansão de gastos públicos.

Refletindo a incerteza à frente com as contas do governo, o dia do principal índice da B3 foi instável.

Leia Também

O Ibovespa abriu em queda e alcançou o vale ainda nos primeiros 45 minutos de sessão. Depois virou para alta, mas se firmou no campo negativo à tarde para não mais sair dali.

No fim do dia, o índice caiu 0,25%, cotado aos 104.810 pontos — descolando-se do vigor das bolsas em Nova York, em um dia de forte recuperação das ações do setor de tecnologia. Na mínima, o Ibovespa chegou a cair 0,9%, para 104.140 pontos.

"Sinalizações que possam ser entendidas como um aprofundamento do problema fiscal serão vistas de forma muito negativa pelo mercado", diz Igor Cavaca, analista da gestora Warren. "Se não tivermos expectativas melhores até meados do próximo mês, 2021 pode ser complicado."

O resultado final é a pausa em um rali que durava já seis sessões seguidas. No período, o Ibovespa acumulou ganhos de 12%. Por conseguinte, também foi a primeira sessão de novembro em que o índice caiu.

Bolsonaro fez preço, mas não foi o único do mundo político a trazer receios.

A postura do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também contribuiu para o desconforto político no cenário doméstico.

Em rede social, o deputado reagiu a outras falas do presidente, segundo as quais o Brasil tem que "deixar de ser um país de maricas", em relação ao coronavírus, e outra em que disse "quando acaba a saliva, tem que ter pólvora" ao se referir a possíveis sanções relacionadas à Amazônia, mas sem citar o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.

Maia também fez menção crítica a uma fala do ministro Paulo Guedes de ontem sobre o risco de hiperinflação, levantando o receio dos investidores com vistas para a relação do governo com ele.

"Em nome da Câmara dos Deputados, reafirmo o nosso compromisso com a vacina, a independência dos órgãos reguladores e com a responsabilidade fiscal", afirmou.

Em meio a um estado de paralisia na apreciação de reformas econômicas, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros, afirmou que, após o primeiro turno das eleições, haverá votações na casa, uma vez que há acordo com a base do governo. Barros teve hoje reunião com Bolsonaro e acordou pautas com o presidente.

"Maia receberá a pauta e espero que possamos superar obstrução", disse Barros. "A base do governo, o líder Arthur Lira, disse que topa votar de segunda a sexta, todo dia, até o recesso parlamentar."

Entre as pautas previstas para irem a voto, estão o projeto de cabotagem, renegociação de dívidas de Estados e a regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

Destaques da bolsa

Papéis de empresas que foram bem ontem, com a migração de recursos de setores de tecnologia para companhias da "economia tradicional", voltaram a apresentar perdas hoje.

Os desempenhos negativos de ações de peso, como Petrobras e bancos, fizeram pressão baixista sobre o Ibovespa.

Na ponta ganhadora, as ações de e-commerce foram bem e lideraram as altas percentuais do índice.

Entre os destaques positivos da sessão de hoje, as ações penalizadas recentemente do setor de e-commerce tiveram alta — Via Varejo ON (VVAR3) e B2W ON (BTOW3) entre os principais ganhos —, acompanhando o desempenho positivo de hoje do índice Nasdaq, que reúne ações de tecnologia.

Os papéis do Magazine Luiza ON (MGLU3) também subiram forte, avançando 1,4%, acompanhando a recuperação de preços do setor.

Veja as principais altas percentuais do índice:

CÓDIGOEMPRESAPREÇO (R$)VARIAÇÃO
VVAR3Via Varejo ON18,84 5,61%
BPAC11BTG Pactual units79,99 5,32%
MRFG3Marfrig ON14,96 3,03%
B3SA3B3 ON55,40 2,40%
BTOW3B2W ON74,73 2,27%

Papel que esteve entre as maiores altas ontem, Ultrapar ON (UGPA3) devolveu alguns desses ganhos, com os investidores optando pela realização de lucros, e teve a segunda maior perda do índice.

A petroquímica Braskem também foi um dos destaques de queda, depois da divulgação dos balanços trimestrais.

"A empresa mostrou um balanço neutro, apresentando bastante impacto do episódio de Alagoas", diz Cavaca, da Warren, mencionando as provisões para o evento geológico ocorrido no Estado. "Isso pode fazer com que a empresa demore mais do que o esperado a reportar resultados melhores."

Confira também as principais quedas do índice:

CÓDIGOEMPRESAPREÇOS (R$)VARIAÇÃO
UGPA3Ultrapar ON20,22 -6,82%
BRKM5Braskem PNA23,75 -6,57%
HGTX3Cia Hering ON18,17 -4,32%
COGN3Cogna ON 4,71 -3,88%
HYPE3Hypera ON29,90 -3,77%

Lá fora, recuperação de preços dá o tom

Dois dos principais índices acionários americanos terminaram a quarta no azul, em um dia de retomada para as "big techs".

O Dow Jones, índice que reúne ações do setor industrial e de serviços, foi o que teve comportamento mais volátil e finalizou a sessão apontando para baixo, em queda de 0,1%.

Em meio a uma recuperação de preços das ações de tecnologia, o índice Nasdaq marcou uma forte alta, avançando 2% — a primeira alta em três sessões do índice.

Recentemente, papéis das empresas do setor caíram forte com a perspectiva de uma vacina contra o coronavírus. Essas ações — sempre bom lembrar — saíram como as grandes vencedores da pandemia no mundo corporativo.

O S&P 500, índice que reúne as 500 maiores empresas do mundo, foi outro que subiu na sessão de hoje, após findar a terça em queda — avançou 0,77%.

Os principais índices acionários da Europa, em Londres, Paris e Frankfurt, fecharam em alta de no mínimo 0,4%.

No âmbito político, os olhos ainda estão voltados aos Estados Unidos, com os resultados da eleição presidencial.

A equipe do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declinou de realizar um apontamento técnico e rotineiro que permitiria ao presidente eleito Joe Biden o acesso a informações secretas.

Sem o aval, não é possível que Biden ordene o envio de seus representantes para se incorporar às agências governamentais nem ter acesso ao Departamento de Estado para que facilite ligações com líderes estrangeiros.

O democrata, no entanto, não está parado: Biden deverá escolher ao menos dois nomes para a composição de seu gabinete até o feriado de Ação de Graças.

Dólar avança e juros sobem forte

No mercado de câmbio, o dia também foi volátil, como tem sido usual nas últimas sessões.

O dólar terminou avançando 0,4%, cotado a R$ 5,4164. Na máxima, a moeda subiu forte, em alta de 1,2%, para R$ 5,4560 — na mínima, caiu 0,21%, para R$ 5,3817.

A performance da divisa incorporou tanto a piora do cenário político doméstico como a força do dólar no exterior.

O Dollar Index (DXY), índice que compara o dólar a uma cesta de moedas como euro, libra e iene, aponta valorização. O dólar também se apreciou frente a moedas emergentes, pares do real — como peso mexicano e rublo russo.

"Foi um dia de sobe e desce do dólar, quase que não saiu do lugar, mas o risco fiscal ainda pesa, e nos juros isso ficou mais claro", diz André Machado, sócio-fundador do Projeto Os 10%, escola de trades.

"Por aqui, acho que o fluxo estrangeiro ainda segurou um pouco o dólar, o impediu de subir muito", afirmou Machado, citando o recorde R$ 4,5 bilhões de entrada de recursos estrangeiros no mercado secundário (ações já listadas) da B3 na segunda (9).

Os juros futuros, por sua vez, prosseguiram em um movimento de alta durante toda a sessão, em meio ao pior cenário interno, e fecharam para cima.

A percepção dos investidores a respeito do risco fiscal e a deterioração das condições políticas se agravou, elevando as taxas futuras uma vez mais.

"Sem reformas e privatizações, a gente vai entrar em uma situação complicada; a rolagem de dívida fica prejudicada e as taxas de juros sobem", diz Álvaro Bandeira, economista-chefe e sócio do banco digital modalmais.

"A indefinição sobre a situação fiscal é a pior das situações que a gente pode ter, pois os investidores não sabem onde se alocar", disse Bandeira, mencionando a fala de Bolsonaro sobre o auxílio emergencial e as dúvidas sobre o futuro da trajetória fiscal.

Veja as taxas de juros dos principais vencimentos de contratos de depósitos interbancários:

  • Janeiro/2021: de 1,926% para 1,932%
  • Janeiro/2022: de 3,32% para 3,41%
  • Janeiro/2023: de 4,87% para 4,95%
  • Janeiro/2025: de 6,58% para 6,68%

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

AÇÕES EM PETRÓLEO

Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI

26 de abril de 2025 - 16:47

Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.

CONCESSIONÁRIAS

Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1

26 de abril de 2025 - 12:40

Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira

BOLSA BRASILEIRA

Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano

26 de abril de 2025 - 11:12

Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.

3 REPETIÇÕES DE SMFT3

Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP

25 de abril de 2025 - 19:15

Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre

QUEDA LIVRE

Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea

25 de abril de 2025 - 18:03

No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

FUTURO NEBULOSO

Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?

24 de abril de 2025 - 13:57

Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros

RENOVADA

CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos 

24 de abril de 2025 - 11:44

Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

IR 2025

É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025

24 de abril de 2025 - 7:07

A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos

DE MALAS PRONTAS

JBS (JBSS3) aprova assembleia para votar dupla listagem na bolsa de Nova York e prevê negociações em junho; confira os próximos passos

23 de abril de 2025 - 9:45

A listagem na bolsa de valores de Nova York daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores. O processo ocorre há alguns anos, mas ainda restam algumas etapas pela frente

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell

22 de abril de 2025 - 8:11

Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano

IR 2025

Como declarar fiagros e fundos imobiliários (FIIs) no imposto de renda 2025

21 de abril de 2025 - 9:20

Fundos imobiliários e fiagros têm cotas negociadas em bolsa, sendo tributados e declarados de formas bem parecidas

RESUMO DA SEMANA

Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana 

18 de abril de 2025 - 11:34

Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou

IR 2025

Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025

18 de abril de 2025 - 7:03

O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar