O que você precisa saber sobre o IPO da XP na bolsa americana Nasdaq
Eu conto para você se vale a pena se tornar sócio da empresa responsável por inaugurar no Brasil o modelo de plataforma aberta de investimentos para o público de varejo

Se você se interessa por investimentos e acompanha o mercado financeiro, já deve saber que a XP Investimentos está neste momento no processo para realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A operação pode movimentar até US$ 2,1 bilhões (R$ 8,7 bilhões, ao câmbio de sexta-feira).
Mas será que vale a pena se tornar sócio da empresa responsável por inaugurar no Brasil o modelo de plataforma aberta de investimentos para o público de varejo? Todo investimento em ações tem riscos, ainda mais de empresas novatas no mercado. Mas no caso da XP a resposta é sim.
Conversei com gestores de fundos e analistas para ter uma visão sobre as perspectivas da empresa. Eles foram unânimes ao afirmar que as ações da XP representam uma grande oportunidade de ganhar dinheiro, provavelmente a última de 2019.
Mas tem um problema. A empresa acabou tomando a controversa decisão de não ter acionistas no Brasil e vai listar seus papéis na bolsa norte-americana Nasdaq. Isso representa uma burocracia adicional para quem deseja ganhar dinheiro com a XP. Nesta outra matéria eu conto para você três formas de investir na empresa.
Embora as ações da XP sejam uma boa oportunidade, é preciso dizer que as elas não são uma barganha. Pelo contrário. Pelos cálculos de um gestor de fundos, a empresa deve ser avaliada por um valor de pelo menos 30 vezes o lucro esperado para 2020.
Para efeito de comparação, as ações dos grandes bancos brasileiros hoje são negociadas na B3 por volta de 11 vezes o lucro projetado para o ano que vem. A diferença, é que, ao contrário dos bancões, a XP tem uma estrada praticamente livre para crescer para os próximos anos.
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Cresce e lucra
Aliás, a corretora reúne dois atributos que são raros de se encontrar hoje no mercado: crescimento e lucro. Enquanto a maior parte das empresas de tecnologia financeira (fintechs) roubam clientes das instituições tradicionais ao custo de sucessivos prejuízos, a XP é altamente lucrativa.
De janeiro a setembro deste ano, a empresa registrou lucro líquido de R$ 699 milhões, alta de 99% em relação ao mesmo período de 2018. O número de clientes ativos mais que dobrou em 12 meses e atingiu 1,5 milhão no fim do terceiro trimestre.
Nada indica que essa expansão vai diminuir no curto prazo. Pelo contrário, a velocidade de crescimento da XP disparou a partir de 2017, após a venda da participação de 49% para o Itaú Unibanco e tende a se beneficiar do cenário de juros baixos e retomada da economia.
Não bastasse crescer e lucrar, a XP ainda conta o benefício de ser a pioneira entre as plataformas de investimento e com uma ampla rede de distribuição, em um mercado que ainda é praticamente "virgem".
Do total de recursos de investidores brasileiros, 93% ainda se concentra nas mãos dos cinco grandes bancos, de acordo com um estudo da Oliver Wyman mencionado no prospecto da oferta. Estamos falando de R$ 8,6 trilhões (sim, trilhões) em ativos que podem ser "atacados" pela XP.
Ou seja, no fim do dia a corretora ainda pode parecer barata aos olhos dos típicos investidores estrangeiros do setor de tecnologia, público que a XP mira no IPO.
Por isso, a aposta de um gestor de fundos com quem eu conversei é que a procura pelas ações seja bem forte. O preço por cada papel tem chances inclusive de ficar acima da faixa estabelecida pelos bancos coordenadores – que varia de US$ 22 a US$ 25.
Fator Benchimol
Do total captado na oferta, US$ 1,063 bilhão (R$ 4,4 bilhões) vai para o caixa da XP. Com esse dinheiro, a corretora pretende acelerar ainda mais o ritmo de crescimento com investimentos em marketing. A empresa também pretende usar os recursos para desenvolver sua própria plataforma de serviços bancários e em potenciais aquisições.
A outra metade do dinheiro da oferta vai para o bolso dos acionistas que vão vender parte das suas ações. Entre eles estão as gestoras General Atlantic e Dynamo, além da XP Controle – a holding que concentra as participações dos executivos da companhia, incluindo Guilherme Benchimol.
O fundador da XP e seus sócios podem embolsar até US$ 642 milhões com a venda de parte de suas ações. Mesmo com a venda, a XP Controle continuará dando as cartas na empresa, com 54,79% do capital votante.
Assim como outras empresas brasileiras que abriram capital lá fora, a XP terá duas classes de ações. Os papéis classe A, que serão negociados na Nasdaq, darão direito a um voto cada, enquanto que os da classe B, que ficarão de posse dos atuais controladores, terão dez votos cada.
A possibilidade de vender mais ações e ainda assim manter o controle foi apontada como uma das razões para a empresa decidir fazer o IPO na Nasdaq e não na B3. Mas a governança em tese mais frágil não incomoda os gestores com quem eu conversei. Ao contrário, a liderança de Benchimol inclusive foi apontada por um gestor de fundos que pretende participar do IPO como o grande trunfo da empresa.
"Um bom negócio, composto por boas pessoas, bem remuneradas e alinhadas com a visão de longo prazo na companhia se encaixa perfeitamente com o que buscamos", disse.
E se a maré virar?
Como você sabe, investir em ações tem riscos, e com a XP não seria diferente. Ao questionar o que pode dar errado para a companhia, um outro gestor mencionou que boa parte das receitas da XP tem uma natureza cíclica.
O que ele quer dizer é que a empresa soube como surfar a onda do crescimento do mercado de capitais e da queda da taxa básica de juros (Selic). Uma parte não desprezível do crescimento recente da corretora vem daí. Se a maré virar e a economia brasileira piorar, é possível que a XP não consiga manter o atual ritmo.
Outra questão sempre ligada à corretora é a relação com sua rede de quase 6 mil agentes autônomos – responsáveis por apresentar as opções de investimento aos clientes.
Esse modelo permitiu à companhia crescer com uma estrutura leve – o agente autônomo não tem salário e só ganha uma comissão sobre os produtos vendidos. Mas também trouxe questionamentos sobre os incentivos que esses profissionais têm para oferecer os produtos com melhores comissões.
Por isso qualquer descuido da XP nessa relação com a rede de agentes autônomos, que certamente ainda vai crescer muito, pode prejudicar bastante o negócio.
A chance de um concorrente replicar o modelo – o BTG Pactual se lançou nessa empreitada – também é apontada como um potencial risco. A competição certamente vai aumentar com a expectativa de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acabe com a exclusividade dos profissionais a uma única corretora.
De todo modo, nenhum desses riscos deve afetar os resultados da XP nem no curto nem no médio prazo, segundo os analistas e gestores com quem eu conversei.
Se você ficou interessado em investir, leia também esta outra matéria que traz três formas de investir nas ações da XP.
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