A primeira grande mudança na legislação que altera o nível estrutural de gastos do governo brasileiro, desde que o país começou a registrar déficits fiscais primários em 2014, está prestes a ser finalmente aprovada pelo Congresso: a substancial reforma previdenciária economizará algo em torno de R$ 900 bilhões em 10 anos.
O alerta foi disparado nesta manhã pelos economistas Tony Volpon e Fabio Ramos, do UBS, que reconhecem “a forte liderança demonstrada pelo Congresso na formulação e aprovação da reforma como algo novo e positivo na política brasileira”.
Em relatório distribuído a investidores nesta manhã, Volpon e Ramos explicam que embora a experiência passada mostre que "a fadiga da reforma" geralmente se instala após a aprovação de reformas importantes e controversas, o que pode ser agravado por eleições municipais, há sinais de que a aprovação da reforma da Previdência impulsionará a reforma tributária.
Na avaliação dos economistas do UBS, a reforma previdenciária, as perspectivas com outras reformas e a política monetária podem levar a uma trajetória de crescimento mais expressiva.
“Desde o final da grande recessão, o Brasil teve um crescimento decepcionante. Em duas ocasiões diferentes, o otimismo e as condições financeiras mais fáceis não se traduziram em maior expansão da atividade. Em retrospecto, as restrições estruturais, do lado da oferta e a falta de investimentos privados explicam a falta de reação da economia”, afimam Volpon e Ramos.
Eles lembram a queda dos juros nominais e reais a recordes históricos e a melhora dos mercados de ações e câmbio, mas ponderam que esses mercados ainda estão distantes de suas melhores marcas.
Os economistas do UBS entendem, porém, que o baixo desempenho relativo das ações e do câmbio não está dissociado da perspectiva de crescimento. Leitura semelhantes se aplica ao mercado de juros de longo prazo. “Pelo menos do ponto de vista fiscal, o nível das taxas longas seria justificado pela perspectiva de crescimento mais forte e aumento na receita tributária para que se fechasse a (ainda grande) lacuna fiscal.”