O Brasil definitivamente não é para principiantes. Seis anos depois de pagar quase R$ 700 milhões pela rede de drogarias Onofre, a gigante americana CVS Health deixa o país pela porta dos fundos ao entregar de graça a rede de 50 lojas para a Raia Drogasil (RD).
Com a saída do concorrente e um balanço melhor que o esperado, as ações da empresa (RADL3) são o grande destaque do dia na bolsa. Por volta das 15h30, os papéis disparavam quase 10%, enquanto o Ibovespa operava próximo à estabilidade no mesmo horário.
Quando adquiriu a Onofre, a expectativa de parte do mercado era que a CVS liderasse o processo de consolidação do segmento de drogarias no país. Mas os americanos não contavam com as dificuldades de operar no mercado brasileiro.
Nos anos seguintes, a rede não só não cresceu como ainda perdeu espaço no mercado. E ainda se envolveu em uma disputa com os fundadores da Onofre, que ainda será decidida em um processo de arbitragem.
A CVS engrossa a fila dos gringos que deram com os burros n'água no Brasil. Nos últimos anos, grandes bancos internacionais como o Citi e HSBC deixaram de atuar no varejo no país, além da rede francesa de lojas Fnac e a marca britânica de cosméticos Lush. Na semana passada, a Ford anunciou o fechamento da fábrica em São Bernardo do Campo (SP), onde produz caminhões e o Ford Fiesta.
Enquanto isso, na Raia Drogasil...
Nesse meio tempo, a Raia Drogasil se manteve como líder desse mercado, ainda que 2018 não tenha sido um ano dos mais fáceis.
Tanto que a aquisição da Onofre e os bons números da companhia do quarto trimestre pegaram muitos investidores de surpresa. Eles tiveram hoje que reverter as posições vendidas nos papéis da Raia, o que explica parte da valorização de hoje, segundo me disse um gestor de fundos.
O lucro ajustado da rede de drogarias aumentou 16% em relação aos últimos três meses de 2017, para R$ 154,4 milhões. Em 2018, o resultado aumentou 7%, para R$ 548,6 milhões.