Brasil não depende de aval da Argentina para acordo com UE
Negociação mudou as regras que antes exigiam que um acordo comercial negociado pelo Mercosul só poderia vigorar depois de o texto ter passado pelas casas legislativas de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai
Um acordo firmado em julho pelos membros do Mercosul permite que o Brasil não dependa da Argentina para colocar em vigor o tratado de livre-comércio negociado com a União Europeia. O acerto, feito na última reunião de chefes de Estado do bloco, realizada na Argentina, foi proposto pelo governo de Mauricio Macri e permite que, após a assinatura formal do acordo e o aval do Parlamento Europeu, as novas regras tarifárias passem a valer para o país que obtiver aprovação do texto pelo seu Congresso.
Até então, um acordo comercial negociado pelo Mercosul só poderia vigorar depois de o texto ter passado pelas casas legislativas de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A medida vale somente para os temas econômicos e comerciais, que estabelecem, por exemplo, a eliminação das tarifas de importação. Os capítulos com acertos políticos e de cooperação, que envolvem compromissos na área ambiental, estão fora. Esses só passam a valer após aprovação pelos parlamentos de todos os membros da União Europeia e do Mercosul.
A medida tornou-se um “seguro” para o Brasil diante das chances cada vez maiores de vitória da chapa da oposição, formada por Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner.
Durante a campanha, Fernández afirmou que o tratado fechado com a União Europeia, que prevê o fim de tarifas de importação para boa parte dos produtos em até 15 anos, precisaria ser revisto. Segundo o candidato, que é alinhado à esquerda e chegou a visitar o ex-presidente Lula na carceragem da Polícia Federal, o acordo condenará a Argentina à “desindustrialização” e só foi fechado porque Macri tinha motivações eleitorais.
Um economista do mercado financeiro argentino, no entanto, vê essa posição de Fernández mais como um discurso de campanha. “É algo muito grande para se jogar para trás. Durante o kirchnerismo, Fernández não se opôs ao acordo. É normal que o tom de sua campanha seja contrário as ações de Macri”, afirmou.
Brasil. O governo Jair Bolsonaro vê em Macri um aliado e festejava o “alinhamento ideológico” entre as duas administrações. Contava, inclusive, com o atual presidente argentino para avançar em outras negociações comerciais e implementar uma reforma dentro do próprio Mercosul - para a equipe econômica, o bloco deveria se tornar uma zona de livre-comércio.
Havia torcida aberta no governo brasileiro para mais quatro anos de Macri. A vitória de Fernández ameaça, na visão do governo, a agenda de reformas.
“É previsível que um governo peronista seja menos amigável ao Mercosul e ao Brasil, sobretudo com as pretensões do governo Bolsonaro de reduzir tarifas unilateralmente e promover novos acordos de livre-comércio”, disse Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior.
A medida aprovada em julho, que cria a possibilidade de uma espécie de “fast track” na implementação do acordo com os europeus, era vista pela diplomacia brasileira justamente como uma forma de blindar o tratado com os europeus dos humores políticos da região.
O novo governo argentino assumirá o país em dezembro e, até lá, o Brasil dificilmente terá terminado a tramitação interna do tratado. O processo de aprovação de acordos internacionais são tradicionalmente morosos no Brasil. Eles precisam passar pela Câmara e pelo Senado e cumprir um longo percurso dentro do Executivo até ser “internalizado”, no jargão técnico.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A gasolina baixou — mas, para os brasileiros, ainda vale a pena cruzar a fronteira e encher o tanque na Argentina
A desvalorização cambial na Argentina, somada ao preço ainda alto da gasolina no Brasil, eleva o fluxo de motoristas na fronteira dos países
Lula, Ciro e Simone usam redes sociais para repudiar atentado a Cristina Kirchner; Bolsonaro ainda não se manifestou
A tentativa de ataque a Cristina Kirchner ocorreu no fim da noite de ontem, quando a vice-presidente chegava a sua casa em Buenos Aires
Sempre teremos Buenos Aires – ou Istambul: enquanto Argentina promove troca ministerial, inflação na Turquia dispara; entenda a situação
‘Fritura’ política é apontada como motivo para troca de ministro na Argentina; na Turquia, inflação atinge o maior nível de 1998
‘Fritado’ por Cristina Kirchner, ministro da Economia da Argentina renuncia; país toma medidas para conter a saída de dólares
Martín Guzmán pediu demissão em meio à crise política que contrapôs o presidente Alberto Fernández e o grupo liderado pela vice-presidente Cristina Kirchner
A Argentina ataca novamente: conheça o imposto inventado pelos hermanos para compensar o aumento dos auxílios
Imposto sobre ‘ganhos inesperados’ será cobrado de empresas com sede na Argentina com lucro líquido superior a 1 bilhão de pesos
Mirando além das fronteiras, Espaçolaser abre duas lojas próprias na Colômbia
Investimento feito foi de US$ 150 mil por unidade, e amplia estratégia de internacionalização voltada para a América Latina, de olho também em Argentina e Chile
PIB da Argentina sobe 2,6% no 1º trimestre
Na comparação com igual período do ano passado, o avanço foi de 2,5%
Ford prevê recuperação gradual da Argentina e anuncia investimento de US$ 580 milhões
Durante encontro virtual com jornalistas, presidente da montadora na América do Sul afirmou que a estabilização da inflação será chave na saída do país vizinho da crise
Marfrig compra produtora de hambúrgueres na Argentina por US$ 4,6 milhões
Compra visa fortalecer portfólio de produtos de maior valor agregado e expandir operações no país vizinho
FMI confirma contato do governo da Argentina com pedido de novo pacote de ajuda
Segundo a entidade, ambos discutiram os desafios da Argentina, inclusive no contexto da pandemia
Leia Também
-
Milei tem vitória no “STF” da Argentina e mantém decreto em vigor, mas batalha ainda não terminou
-
Segura, Javier Milei: Argentina terá inflação de “apenas” 150% em 2024, mas contração econômica será maior, diz FMI
-
Haddad nos Estados Unidos: ministro da Fazenda tem agenda com FMI e instituição chefiada por brasileiro Ilan Goldfajn; veja
Mais lidas
-
1
Tchau, Vale (VALE3)? Por que a Cosan (CSAN3) vendeu 33,5 milhões de ações da mineradora
-
2
Sabesp (SBSP3): governo Tarcísio define modelo de privatização e autoriza aumento de capital de até R$ 22 bilhões; saiba como vai funcionar
-
3
Dividendos da Petrobras (PETR4): governo pode surpreender e levar proposta de pagamento direto à assembleia, admite presidente da estatal