A produção industrial subiu 0,3% em abril ante março, na série com ajuste sazonal, divulgou na manhã desta terça-feira, 4, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a abril de 2018, a produção caiu 3,9%.
Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de um recuo de 4,5% a avanço de 1,8%, com mediana negativa de 3,2%. No ano de 2019, a indústria teve queda de 2,7%.
No acumulado em 12 meses, a produção da indústria acumulou recuo de 1,1%, informou o IBGE.
Bens de capital tem alta
A produção da indústria de bens de capital teve alta de 2,9% em abril ante março. Na comparação com abril de 2018, o indicador mostrou recuo de 0,6%.
No ano, houve redução de 3,1% na produção de bens de capital. No acumulado em 12 meses, a taxa ficou positiva em 1,8%.
Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou alta de 3,1% na passagem de março para abril. Na comparação com abril de 2018, houve queda de 0,3%. No ano, a produção de bens de consumo caiu 1,5%. No acumulado em 12 meses, o recuo foi de 1,0%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de abril foi de avanço de 3,4% ante março. Em relação a abril de 2018, houve alta de 1,2%. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve elevação de 2,6% na produção em abril ante março. Na comparação com abril do ano passado, a produção encolheu 0,7%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção recuou 1,4% em abril ante março. Em relação a abril do ano passado, houve uma retração de 6,1%.
No ano, os bens intermediários tiveram redução de 3,1%. Em 12 meses, houve diminuição de 1,5% na produção.
Avanço em 30 de 26 ramos
A indústria registrou avanços na produção em 20 das 26 atividades pesquisadas na passagem de março para abril, ainda segundo o IBGE. Na média global a produção cresceu 0,3%.
As principais influências positivas foram de veículos automotores, reboques e carrocerias (7,1%), máquinas e equipamentos (8,3%), outros produtos químicos (5,2%) e produtos alimentícios (1,5%). Todos reverteram o comportamento negativo observado em março: -2,8%, -0,1%, -3,9% e -5,0%, respectivamente.
Por outro lado, as indústrias extrativas recuaram 9,7%, o quarto resultado negativo consecutivo, acumulando uma perda de 25,7% no período. Em abril, o setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis caiu 2,0%, a segunda queda seguida, com perda acumulada de 5,0% no período.
O efeitos de Brumadinho
O rompimento da barragem da mineradora Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais, no fim de janeiro, ainda prejudica o desempenho do setor industrial brasileiro, em especial da indústria extrativa.
"A produção industrial brasileira está 1% abaixo do patamar de dezembro, enquanto que a produção da indústria de transformação está 1,9% acima do patamar de dezembro. A indústria extrativa está impactando negativamente o resultado da indústria como um todo", ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. "Em abril o crescimento se espalhou dentro da indústria de transformação", completou.
As indústrias extrativas tiveram uma perda recorde de 24,0% na produção em abril ante abril de 2018, a mais acentuada da série histórica iniciada em 2002, ainda como reflexo da tragédia de Brumadinho, afirmou Macedo.
"Tem efeitos causados pelo acidente, tem unidades sem produção, seja por decisões judiciais ou da própria empresa por algum risco envolvido, o que tem afetado o desempenho. Somado a isso, tem as condições climáticas (desfavoráveis) no Norte do País afetando produção de minério de ferro no Pará", explicou o gerente da pesquisa.
Perfil de expansão "espalhado"
Os dados do IBGE também mostram que o perfil de crescimento da indústria brasileira na passagem de março para abril, com 20 das 26 atividades em expansão, foi o mais disseminado desde junho de 2018, mês posterior à greve de caminhoneiros.
No entanto, os quatro principais impactos positivos (veículos, máquinas e equipamentos, outros químicos e alimentos) vinham de perdas em março ante fevereiro, relativizou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto.
"A indústria vem mostrando maior volatilidade, ora cresce, ora recua, tentando adequar produção corrente à demanda que existe", justificou Macedo.
Entre os entraves à produção industrial no País estão os baixos níveis de confiança das famílias e do empresariado, que adiam decisões de consumo e investimentos; a crise na Argentina, que afeta as exportações; e o mercado de trabalho ainda com elevado patamar de desemprego e desalento, enumerou o pesquisador do IBGE.
*Com Estadão Conteúdo.