Após subir 170% na bolsa, Sinqia mira 12 novas aquisições com recursos de oferta de ações
Com os R$ 360 milhões captados de investidores, empresa de software para o setor financeiro atingiu R$ 1 bilhão em valor de mercado. Com plano de aquisições, o sonho é alcançar outro bilhão: o de faturamento, afirma Bernardo Gomes, presidente e fundador da Sinqia
Enquanto esperava por mais um voo no aeroporto, Bernardo Gomes foi abordado por um funcionário da companhia aérea. O diretor-presidente e fundador da Sinqia estava no meio da corrida fase de apresentações a investidores da oferta de ações de R$ 360 milhões da companhia, concluída no mês passado.
Mas não havia nada de errado com a viagem ou a passagem. Ao identificar o logotipo da Sinqia na camisa do executivo, o funcionário fez questão apenas de se apresentar e dizer que era acionista da companhia.
O presidente da Sinqia me contou a história durante a visita que fiz à sede da empresa que virou uma das queridinhas entre os investidores. Nos últimos 12 meses, os papéis (SQIA3) acumulam uma valorização de 170%, contra 23% do Ibovespa no período.
O empregado da companhia aérea é um entre os mais de 30 mil acionistas da Sinqia. Trata-se de um feito e tanto para uma empresa ainda pequena para os padrões da bolsa e que contava com apenas dois sócios quando foi criada em 1995: o próprio Gomes e Antonio Luciano de Camargo Filho.
Ambos seguem no comando da Sinqia, que até o ano passado se chamava Senior Solution. Mas a empresa que produz software para o setor financeiro se habituou desde cedo a ter outros sócios. Primeiro com o investimento do fundo Stratus, em 2005, e depois com o IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) no Bovespa Mais, o mercado de acesso da bolsa, em 2013.
Gomes decidiu que era hora de atrair capital de investidores quando percebeu que havia a oportunidade de acelerar o crescimento da companhia via aquisições. Entre o primeiro aporte do fundo e a abertura de capital foram cinco negócios. Nos últimos seis anos foram mais oito compras, que fizeram o tamanho da empresa se multiplicar por quatro no período.
Leia Também
Se você ficou impressionado com o retorno expressivo da empresa na bolsa em um ano, vale prestar atenção no que vem pela frente. Afinal, o bom desempenho do passado não garante ganhos futuros. Conversei longamente com o CEO da Sinquia para entender o futuro do negócio e conto o que descobri no texto que segue.
Longo caminho
Apesar do crescimento recente da companhia, Gomes disse que ainda há uma longa estrada em aquisições a percorrer. Embora seja líder no mercado em que atua, a participação da Sinqia não chega a 4%. Por isso a companhia voltou ao mercado para captar recursos com uma nova oferta de ações.
A empresa mapeou um total de 200 empresas que fornecem software para o mercado financeiro, das quais 80 já possuem um acordo de confidencialidade assinado.
“Temos hoje 30 processos ativos, com troca de informações, e 12 estão mais maduros porque aconteceram junto com aquisições que fechamos recentemente.”
Com os recursos obtidos com a nova oferta de ações, a Sinqia atingiu R$ 1 bilhão em valor de mercado. Se o plano de consolidação se concretizar, Gomes acredita que pode a Sinqia alcançar outro bilhão: o de faturamento.
Ele deixou claro que não se trata de uma projeção, mas de um "sonho". Juntas, as 12 empresas com as quais a Sinqia negocia possuem um faturamento de R$ 300 milhões. Nos últimos 12 meses encerrados em julho, a companhia registrou receita bruta de R$ 175 milhões.
Por ora, a estratégia de crescimento – que traz em um primeiro traz custos com a integração das empresas adquiridas – cobra um preço. A companhia teve prejuízo de R$ 3,6 milhões no segundo trimestre deste ano.
Gomes também atribui os resultados recentes a uma mudança no modelo comercial, no qual a Sinqia banca os custos para o desenvolvimento dos projetos nos clientes, mas em compensação cobra um valor maior pela assinatura do software.
"Eu gasto R$ 1 milhão por mês em projetos de implementação. Em troca disso, depois que todos esses projetos estiverem implantados, vou trazer R$ 18 milhões por ano de receita recorrente."

Leia a seguir alguns dos temas tratados na entrevista com Bernardo Gomes:
Nova oferta de ações
A gente percebeu que continuam existindo oportunidades depois das últimas aquisições. Das oito aquisições que fizemos desde 2013, quatro aconteceram de dezembro do ano passado a maio deste ano. Junto com essas últimas surgiram outras transações que acabaram amadurecendo e que, para isso, a gente precisava fazer uma nova captação. Então decidimos partir para a oferta, com o objetivo de iniciar um terceiro ciclo. A gente pode dizer que o nosso primeiro ciclo foi o do private equity [a entrada do fundo Stratus], de R$ 7 milhões, o segundo foi o do IPO, de R$ 40 milhões, e agora a gente começa um novo ciclo com a oferta.
Ciclo perpétuo de aquisições
Com os recursos da oferta, podemos iniciar um ciclo perpétuo de aquisições. Temos agora R$ 360 milhões para fazer aquisições. Com elas, eu trago um Ebitda (geração de caixa) adicional para a Sinqia. Isso vai permitir que, terminado esse ciclo dos recursos da oferta, outro ciclo aconteça com a alavancagem [endividamento] a partir do Ebitda gerado pela companhia e pelas próprias aquisições.
Mercado e concorrência
Existem umas 500 empresas que fornecem software para o mercado financeiro. Dessas, pouco mais de 200 a gente tem mapeadas, sabe quem é o empreendedor, qual a receita, o produto e os clientes. Temos hoje pouco mais de 80 NDAs (acordos de confidencialidade) assinados. Desses, 30 processos estão ativos, com troca de informações, e 12 em estágio mais maduro, porque aconteceram junto com aquisições que fechamos recentemente.
Concorrência e jabuticaba
Uma pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) aponta que, em 2017, o mercado financeiro consumiu R$ 4 bilhões em software de terceiros. A Sinqia é a maior empresa e só tem 3,8% de participação. As empresas internacionais têm presença no Brasil, mas estão entre essas centenas que atuam aqui. O custo de adaptação das soluções delas para as jabuticabas do mercado brasileiro faz com que a conta não feche. O cara não faz a adaptação do sistema enquanto não tiver cliente, e o cliente não compra enquanto não está adaptado.
Tempo para aquisições
Não posso dizer quando as transações vão ocorrer, até porque no processo de M&A [fusões e aquisições] sempre tem o outro lado. A motivação para a fazer a oferta foi porque a Sinqia tem transações maduras o suficiente para nos dar conforto de conduzir a estratégia. Algumas vão acontecer mais rápido, em alguns meses, e outras vão acontecer ao longo do tempo. O que a gente colocou para os investidores durante o processo de road show (apresentações) é que em até três anos a gente gasta todos os recursos da oferta.
Oportunidade com fintechs
O mercado financeiro durante muitos anos passou por um processo de consolidação. Com o surgimento das fintechs, temos três movimentos acontecendo: bancos pequenos e de nicho passam pela tal transformação digital e um espaço maior do que tinham anteriormente. Empresas do segmento não-financeiro começam a enxergar oportunidades de vender produtos e oportunidades para seus clientes. E temos ainda as fintechs puras, que querem promover a desintermediação financeira.
A gente tem hoje no Brasil 529 fintechs. As empresas que ganham tração e começam a ter volume vão precisar de sistemas para processar as operações. As fintechs tem questões que estão na "cozinha" do negócio que são iguais às dos bancos tradicionais. Então o surgimento de fintechs que tenham sucesso vai acelerar nosso processo de ter mais clientes consumindo nossos produtos.
Sinqia do futuro
Para não falar em guidance (projeção), nosso sonho é criar uma empresa que tenha de 25% a 30% de participação de mercado, em um período não muito longo. Em outros mercados, como nos EUA, Europa e Ásia, você vai encontrar empresas que tiveram a mesma história que a Sinqia, aceleraram o crescimento via aquisições, e hoje têm uma posição relevante. As 12 empresas que estão no nosso pipeline têm um faturamento somado de R$ 300 milhões. É claro que não vou conseguir fazer as 12 de uma vez.
Mas, quando eu falo de ter uma participação de 25% de um mercado de R$ 4 bilhões, estou falando em fazer uma empresa de R$ 1 bilhão de faturamento daqui a algum tempo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A gente hoje já é 40 vezes maior do que era em 2005. Estamos em um mercado que cresce naturalmente e ainda com uma oportunidade de consolidação enorme. Que outro mercado existe com centenas de empresas que podem ser consolidadas? Não estou dizendo que estou captando R$ 360 milhões para fazer algo que nunca fiz. Há 14 anos eu faço isso e vou continuar fazendo de forma mais rápida e mais intensiva.
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões
BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)
O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic
Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem
Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros
JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje
Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
