Empresas de alimentos concentram maior débito entre as mais endividadas
BRF, Marfrig e JBS tentam reduzir endividamento; siderúrgicas e outras empresas de infraestrutura também têm dificuldades
					A busca pela redução do endividamento continuará sendo tarefa prioritária de grandes empresas brasileiras em 2019. Além de pedir mais prazo para bancos e credores, corporações que antes focavam a expansão dos negócios - mesmo que à custa de mais endividamento - deram início a um plano agressivo de venda de ativos para melhorar a rentabilidade. A tendência deve ser notada na maioria das dez companhias mais endividadas do País, grupo que viu suas obrigações crescerem 8,1% entre setembro de 2015 e setembro de 2018, para R$ 219,8 bilhões, segundo a Economatica.
A retomada da economia no ano passado, apesar de lenta, já começou a se refletir no balanço das companhias, segundo Carlos Sequeira, analista do BTG Pactual. "À medida que a economia se recupera, essas empresas podem reduzir sua capacidade ociosa", afirma. Para o diretor da área de grandes empresas do Bradesco BBI, Carlos Pedras, a perspectiva de retomada do consumo pode reforçar o caixa das empresas em 2019. "Os investimentos poderão ser retomados aos poucos."
Alimentos
Das dez maiores empresas endividadas, excluindo Petrobras e Vale, as companhias de alimentos concentram o maior débito. A gigante dos alimentos BRF, dona de Sadia e Perdigão, viu sua dívida quase triplicar em três anos. O resultado é reflexo da crise de gestão que ficou transparente a partir de 2017, quando a empresa reportou o primeiro prejuízo de sua história. Para virar o jogo, a BRF anunciou um plano de desinvestimentos de R$ 5 bilhões.
Segundo Lorival Luz, chefe de operações globais da BRF, além de vender operações na Argentina, na Europa, na Tailândia e imóveis, a companhia estruturou captação de R$ 875 milhões no mercado financeiro.
A Marfrig foi pelo mesmo caminho. A companhia usou parte do dinheiro da venda da americana Keystone - US$ 2,4 bilhões - para reduzir sua alavancagem. A dívida líquida caiu para 2,5 vezes a geração de caixa (medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações - Ebitda).
Líder global em carne bovina, a JBS encerrou setembro com o maior endividamento do setor, de R$ 49,5 bilhões. Embora a dívida tenha crescido no período, a alavancagem caiu de 3,45 para 2,99 vezes no resultado em reais. Entre o segundo trimestre de 2017 e o terceiro trimestre de 2018, o grupo pagou US$ 4,3 bilhões em dívidas.
Leia Também
Afetadas pela crise global do aço, com excesso de produção, as siderúrgicas também foram atingidas em cheio pela recessão. A Gerdau saiu de negócios nos EUA e Índia, reduzindo seu endividamento em R$ 6,1 bilhões. Na CSN, a situação é mais delicada. Com dívidas de R$ 26,2 bilhões, a siderúrgica de Benjamin Steinbruch conseguiu vender uma operação pequena nos EUA e agora quer se desfazer de ativos na Europa.
Infraestrutura
Outro setor que ainda luta para se recuperar é o de energia elétrica. A Cemig diz ter enfrentado uma "tempestade perfeita": sofreu com investimentos malsucedidos, distribuição exagerada de dividendos e mudanças de regras no governo Dilma Rousseff, diz o diretor de finanças e relações com investidores da empresa, Maurício Fernandes.
Segundo o executivo, desde o fim de 2017 a empresa conseguiu alongar seu perfil de dívida, com captações de recursos no Brasil e no exterior. A Cemig agora tem três ativos na fila do desinvestimento: a Renova, a usina Santo Antônio e a Light, que chegou a ser negociada com a gestora GP.
A CPFL Energia destacou, em nota, a redução de seu endividamento - que, no terceiro trimestre de 2018, ficou em 2,92 vezes o Ebitda. No mesmo período de 2017, era 3,24 vezes. A estatal Eletrobrás diz perseguir a meta de 3 vezes a relação entre dívida e Ebitda. No terceiro trimestre, o índice chegou a 3,3 vezes, ante 8,8 vezes em junho de 2016.
A concessionária CCR afirma que o aumento de sua dívida está relacionado a investimentos feitos entre 2013 e 2018, que somaram R$ 17,5 bilhões. A Braskem diz, em nota, que a redução de seu endividamento de 2015 a 2018 decorre de sua forte geração de caixa, incluindo a entrada em operação do Complexo Petroquímico do México.
Vale e Petrobras
Os endividamentos da Vale e da Petrobras subiram por razões diferentes. A mineradora sofreu forte impacto dos baixos preços do minério em um momento em que ainda fazia pesados investimentos, sobretudo colocar em pé o bilionário projeto de Carajás, no Pará, enquanto a Petrobras teve seu nome envolvido nos escândalos de corrupção da Operação Lava Jato, que afetaram sua reputação tanto no Brasil quanto no exterior.
A rentabilidade da estatal também foi dragada pela política de controle de preços dos combustíveis, adotada pela gestão do PT.
As gigantes, no entanto, convergiram ao adotar a estratégia de redução do endividamento por meio de cortes de custos, mudanças de estratégias de negócios e da venda de ativos não estratégicos. Desta forma, reduziram seu endividamento combinado em 32,8% entre setembro de 2015 e setembro de 2018, para um total de R$ 334,7 bilhões, segundo dados da consultoria Economatica.
A Petrobras informou que, de setembro de 2016 a setembro de 2018 reduziu em um terço a relação entre a dívida líquida e a geração de caixa (medida pelo Ebitda - lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). O indicador está em 2,96 vezes, abaixo do índice de 3, considerado pela S&P Global o limite para um endividamento saudável. A empresa destacou a mudança da política de preços - alinhada a padrões internacionais - como outro fator positivo.
A mineradora Vale lembrou que, em um ano, conseguiu reduzir seu endividamento em US$ 10,3 bilhões em setembro. Com isso, a companhia afirma ter chegado ao menor endividamento líquido em uma década. A Vale afirmou que sua dívida é equivalente a 0,7 vez sua geração de caixa - trata-se, segundo a mineradora, do menor patamar desse indicador desde o primeiro trimestre de 2012, ou quase sete anos. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
*Com Estadão Conteúdo
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado